Belamar Complexo

O complexo multisserviço BELAMAR vem revitalizar o quarteirão que outrora albergava a antiga fábrica de conservas com o mesmo nome, com vista a melhorar e dinamizar uma das principais zonas de entradas de Vila do Conde, uma cidade costeira situada a apenas 30 minutos da cidade do Porto. A modularidade num edifício de gesto único e a fluidez de acessos e percursos – que aproveitam e valorizam o declive do terreno –, são algumas das características deste novo quarteirão.

Face ao contexto urbano procurou-se estruturar uma solução capaz de articular respostas a diversas condicionantes e simultaneamente que assumisse um caráter identitário, qualificando o ambiente urbano em que se insere. Foram abordadas as tensões urbanas a sul e a nascente, tanto na área da rotunda, quanto na diferença de cotas visível entre os lados nascente e poente. Para além disso o simbolismo da entrada no tecido urbano consolidado – o aqueduto do Séc. XVIII constitui o elemento arquitetónico mais marcante na paisagem. Optou-se por desenhar um edifício de habitação e hotel de um modo global, como se de um edifício único se tratasse. Procurou-se enfatizar o dimensionamento longitudinal do mesmo, de forma a adequar a volumetria às características do local, com uma expressão que permitisse o diálogo com o aqueduto vizinho. O conjunto é dividido em várias parcelas funcionais: uma área comercial com um supermercado e lojas de rua; uma zona de serviços para onde se prevê uma gasolineira; um edifício comercial com um hotel a sul, perto da rotunda; e, por fim, uma parcela habitacional partilhada com o mesmo edifício do hotel, unindo assim a duas funções num único volume em harmonia formal e material, que reforça a presença do volume multifuncional que se evidencia na composição.

Procurou-se garantir uma acessibilidade eficiente através de um acesso principal e entradas adicionais, combinados com áreas de estacionamento designadas para os diferentes usos. Foram previstas várias áreas verdes entre as quais se destaca uma zona mais extensa na frente sul, integrando-se com o espaço verde a norte e a linha do metro, e a um “boulevard” na continuidade da avenida já arborizada. No conjunto destaca-se um volume alongado, identitário, de planta quebrada que se apresenta como que elevado no piso de acesso ao hotel e às habitações, transmitindo leveza. O revestimento deste edifício apresenta tridimensionalidade, proporcionando jogos de luz que realçam as torções na sua expressão longitudinal. Apesar da linguagem contínua, reforçada pelo uso da repetição modular da sua “pele” exterior, o edifício acomoda programas distintos — hotel e habitação — com acessos independentes. Os elementos pré-fabricados que compõem as fachadas, oferecem vantagens sustentáveis, reforçando o compromisso com a eficiência energética e a redução do impacto ambiental. O projeto, atento às necessidades e ao bem-estar dos seus utilizadores, tece um ambiente que se pretende funcional e acolhedor, numa abordagem holística.