Início em 28/03/2019 até 24/04/2019
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«O desenho, no entanto, raramente atrai pontos de vista consensuais. Em vez disso, convida à frustração ou à obsessão ao tentar esclarecer aquilo que é escorregadio e irresoluto no seu estatuto fluido enquanto acto performativo e ideia; enquanto signo, símbolo e significante; como diagrama conceptual assim como medium, processo e técnica. Com muitos muitos usos, manifestações e aplicações.»Deanna Petherbridge
Entre o mistério da concepção e a arquitectura de papel, exploram-se os impulsos que se alimentam do inesperado, do inusitado, do estado líquido e do lugar sublimado do imaginar. Esgrimem-se ideias entre o desespero e a conveniência onde tudo é possível equilibrar, descobrir ou simplesmente abandonar. É desenhar para nada.
[Un]fold Landscapes acontecem em torno dessas dialécticas como um desenho performativo, de oscilação do olhar, onde a reversabilidade não seria então perfeita entre dois pólos simétricos — o visível e o invisível — mas penderia para o lado do último, enquanto invisível inteligível.
Não é senão o jogo imagético e múltiplo da sintaxe arquitectónica, aquele que constrói entre signos fragmentados de uma narrativa edificante e não consciente um pensamento arquitectónico não-construído. É o contexto observável e de revelação, manifesto e marginal.
O capricho — enquanto desenho feito à margem de uma utilidade — é o desígnio pelo qual se revela o reflexo intencional destes desenhos, o desafio de representações e disposições do pensamento arquitectónico: há a representação que o arquitecto faz de si próprio nas relações que estabelece entre invenção e intervenção; há a representação que culturalmente atribuímos ao desenho como uma forma de uso e pensamento; mas há também a representação dos modelos de resistência, o desenho marginal. Pensar esse desenho nas margens do desenho operativo é repensar de que forma esse lugar é capaz de articular o pensamento do arquitecto, do lugar de resistência à acção comum, da barricada necessária, as provocações que alimentam o pensamento criativo, na utilidade do gesto inútil. Desenhar, é assim, participar num inconsciente que se apropria da ordem para continuamente reivindicar a forma singular de ver e pensar, assumidas como um contínuo: entre dúvida e a certeza, entre a procura e a descoberta, o olhar e o gesto, como refere Walt Whitman:
«Estes são na verdade os pensamentos de todos os
Homens em todos os lugares e épocas; não são originais meus.
Se forem menos teus que meus, serão nada ou quase nada.
Se não forem o enigma e a solução do enigma, nada serão.
Se não estiverem perto e longe, nada serão.
Este é o pasto que cresce onde há terra e há água,
Este é o ar comum que banha o planeta.»
Song of Myself (1892)
EXPOSIÇÃO [un]fold Landscapes de TELMO CASTRO
28 MARÇO – 24 ABRIL
INAUGURAÇÃO 28 MARÇO | 18h00
Comissariado: Paulo Luís Almeida
- Paulo Luís Almeida
- Exposição: [un]fold landscapes - Telmo Castro