Desafios da economia circular: Aumentar a resiliência climática

Categorias: Sustentabilidade

 Desafios da economia circular: Aumentar a resiliência climática | Carlos Borrego (*) Ex-Ministro do Ambiente

A Economia Circular é a resposta à existência do modelo predominante de crescimento económico, suportado por cada vez maior consumo de recursos naturais e emissão de poluentes, modelo que não se pode apoiar neste mundo de recursos finitos e na capacidade limitada do ecossistema.

Acresce ainda, que a eficiência no uso dos recursos, por si só, não garante a utilização decrescente de recursos, porque o uso pode ser eficiente, mas as quantidades utilizadas de recursos serem excessivas.
Por consequência, para alcançar o desenvolvimento sustentável tem também que se integrar a resiliência do ecossistema.

A emissão de gases com efeito estufa (GEE) que causam as alterações climáticas são produto da nossa economia extractivista baseada em extrair-produzir-consumir-eliminar, dependente de combustíveis fósseis e que não gere os recursos a longo prazo.

A mudança drástica exige emissão zero até 2050 a fim de cumprir a meta de 1,5°C definida no Acordo de Paris.
Mesmo que essa meta seja alcançada, os custos para a economia global relacionados com as alterações climáticas aumentarão significativamente a cada décimo de elevação da temperatura.

A resposta à crise climática passa, portanto, pela redução de emissões e aumento da resiliência em relação aos efeitos.
Os esforços atuais estão centrados na transição para a economia de CarbonoZero (energias renováveis e eficiência energética) o que representa 55% das emissões totais. Mas o cumprimento das metas climáticas também exige combater os restantes 45% das emissões globais mais difíceis de reduzir, associadas à produção de bens e aos materiais.

A economia circular oferece a abordagem sistémica e económica para enfrentar esse desafio.

Esta é a razão para a economia circular não ser apenas reciclagem, eficiência energética ou biodiversidade.

Trabalhar a transição para a economia circular vai mais além: implica uma transformação profunda dos mecanismos que regem, hoje, a engenharia e a economia, isto é, a produção e o consumo, para preservar o valor e utilidade dos materiais e energia utilizados e melhorar a sua produtividade.

Portanto, a transição para a economia circular assenta no incentivo e desenvolvimento de modelos de negócio, estratégias colaborativas, produtos e serviços centrados no uso eficiente de recursos e novas dinâmicas de inovação.

O cidadão, sendo o principal motor da renovação, deve sentir que pode beneficiar de produtos mais duráveis e passíveis de reparação, reutilização e remanufatura, e que pode usufruir dos serviços baseados na sua função em vez de posse dos produtos, orientados para uma economia de partilha e de desempenho (aumento da durabilidade e intensidade do uso dos produtos).

Um dos aspetos mais relevantes prende-se com a governação e o território, em especial as comunidades urbanas onde viverá mais de 80 por cento da população em 2050.

Promover cidades circulares, portanto mais resilientes, passa por novas fontes de energia, por tecnologias mais limpas e por aumentar a resiliência urbana através das funções e serviços dos ecossistemas (soluções baseadas na natureza).
Estes são também exemplos de como melhorar o ambiente, combater as alterações climáticas, aumentar a circularidade da economia e promover a saúde humana.

 

Texto da responsabilidade de (*) Carlos Borrego da PLATAFORMAcidades; grupo de reflexão cívica

NOTA: Veja outros textos desta série no Blogue Plataforma Cidades

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