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Do Pó, Ao Pó. Crematório da Cidade da Beira – Duarte Miguel Domingos Franco da Rosa
Esta nossa chamada vida não é mais que um círculo que fazemos de pó a pó: do pó que fomos ao pó que havemos de ser. Uns fazem o círculo maior, outros menor, outros mais pequeno, outros, mínimo (…) (Vieira, 1672)
A Cidade da Beira constitui um território fragilizado. Não só resulta de um processo de crescimento rápido como é constantemente ameaçado por desastres naturais, como o Ciclone Idai (2019), cuja ocorrência nivelou a urgência de responder à necessidade de habitação dos vivos com o tratamento dos mortos.
O facto de a mortalidade decorrente desta calamidade ter sido acentuada por lacunas do plano original, de José́ Porto, principia um desafio. Embora haja uma paisagem distinta que se consolidou, com um património arquitetónico notável no âmbito da Arquitetura Moderna Tropical, é também clara a deficiência de estratégias que minimizem o impacto deste tipo de catástrofes.
Há, então, a tarefa de conciliar a imagem da cidade existente com uma proposta de desenho urbano que completasse um plano inacabado e defeituoso. Isto é feito não só inaugurando um novo Pólo urbano (sugerido pelo próprio traçado da cidade existente, pelo cruzamento de eixos estruturantes) mas também reabilitando uma grande superfície verde com um programa adequado e uma operação de rearborização das margens do rio Pungué. Este permanece como uma ferida aberta particularmente infectada nas épocas de maior chuva, assinalando a zona mais afetada pelos desastres de que este território é vítima.
Ainda a propósito da mesma problemática, propõe-se uma tipologia que suscita uma reflexão complementar e que implica uma compreensão e desconstrução da cultura moçambicana e respetiva visão perante o tema da Morte. A partir desta é possível estruturar um ritual, sob a forma de uma solução arquitetónica, em que se compatibiliza a cremação com uma visão assente em crenças e práticas específicas.
Ao mesmo tempo, é feita uma análise profunda da evolução da Arquitetura Fúnebre, que estabelece uma correspondência entre a habitação e os artefactos da morte. Assim, também é realizado um estudo sobre a evolução do modelo de habitação tradicional moçambicano de modo a recolher os aspetos perenes ao longo da mesma e que se deveriam manifestar no equipamento desenvolvido. Sendo imperativa a proposição uma solução para o problema dos “vivos”, esta investigação serviu igualmente de base para o desenho de novos modelos de habitação.
É tanto a propósito da Vida, como a propósito da Morte, que este trabalho reúne uma investigação que põe em evidência várias dimensões deste território, no âmbito da Arquitetura.
Palavras chave: Arquitetura Fúnebre | Arquitetura Tropical | Beira, Moçambique | Morte | Regeneração Urbana
Projeto Final de Mestrado para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura de Duarte Miguel Domingos Franco da Rosa (Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa) Lisboa, Setembro/2021
TÍTULO:
Do Pó, Ao Pó. Crematório da Cidade da Beira
NOME:
Duarte Miguel Domingos Franco da Rosa
ORIENTADORES CIENTÍFICOS:
Prof. Doutor Miguel Baptista-Bastos Prof. Doutor: Jorge Firmino Nunes
Mestrado Integrado em Arquitetura Lisboa, 2021
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