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Casas pré-fabricadas voltam a ganhar terreno
Longe da imagem das casas pré-fabricadas nos anos 80, a construção modular que está hoje a ganhar terreno em Portugal garante maior controlo de custo, de tempo e de qualidade. A industrialização pode reduzir em 30% a 50% o prazo de execução de uma obra ao permitir realizar em simultâneo diferentes fases do projeto, e ambientalmente mais sustentável, diminui o risco de acidentes e a poluição sonora e será tendencialmente mais barata do que a construção tradicional. O investimento inicial necessário para equipamentos e tecnologia e alguma resistência de clientes são ainda algumas das desvantagens apontadas. Mas para três empresas portuguesas quejá estão a pôr em prática estas soluções, elas podem revolucionar o mercado.
dstgroup: “Estamos a preparar o carro elétrico da habitação”
Na Smart Studios, 221 casas de banho foram construídas em monoblocos.
“O projeto /que temos em curso é da ordem de grandeza da passagem do modo de construção de carros térmicos para carros elétricos. Hoje a construção é o carro térmico e o que estamos a preparar para ser comercializado é o carro elétrico da habitação — a construção será feita em ambiente fabril e montado e ‘assemblado’ na morada definitiva”. A metáfora e avançada ao Negócios por Leonor Afonso, Flávio Cardoso e André Pereira, diretores de unidades industriais do DST Group, que produz em ambiente industrial soluções como fachadas modulares 2D e “pods“ (casas de banho ou “kitchenettes” prontas). Por mês, o grupo tem capacidade de produção de 120 unidades “pods“ de diferentes tipologias e 200 módulos de fachadas 20.
A empresa tem ainda o projeto Living Lab, de criação de um laboratório de pesquisa a escala real, em colaboração com o arquiteto Norman Foster, que tem como objetivo construir cerca de 100 unidades modulares para habitação, alojamento estudantil, hotelaria, residências hospitalares e seniores. Tem também já em execução três novas unidades industriais, com tecnologia avançada e sistemas automatizados, numa área de 30 mil metros quadrados.
Os três diretores da DST asseguram que estes processos e sistemas inovadores “podem reduzir significativamente o tempo total de construção de um projeto habitacional”. Em seu entender, “enquanto os métodos convencionais de construção são tendencialmente mais morosos e com maior risco de desvios no planeamento, as novas soluções possibilitam a redução do prazo e do risco”. É que, dizem, “o fabrico “off-site’ permite que a produção dos módulos ocorra em paralelo aos trabalhos de fundação”. Ou seja, “a industrialização e a padronização inerente a construção modular destaca-se pela capacidade de realização, em simultâneo, de diferentes fases do projeto, reduzindo o tempo total de execução até 40%“. Por outro lado, explicam, o fabrico de módulos em ambiente controlado reduz a suscetibilidade face às condições climáticas, aumentando a eficiência dos processos e reduzindo custos”, dizem.
Já o investimento inicial necessário a industrialização da construção, nomeadamente com a aquisição de equipamentos e tecnologia, é uma das desvantagens que apontam. No entanto, consideram que “a longo prazo estes investimentos serão compensados através da enciência, da redução dos custos operacionais e das vantagens ambientais e sociais“, suprindo ainda o défice de recursos humanos. Outros desanos que sublinham têm a ver com “alguma resistência” de profissionais do setor e clientes, por se tratar de “um sistema inovador e disruptivo”, assim como “o transporte e o espaço de armazenamento para os módulos concluídos antes do início da montagem”. Ainda assim, dizem que “os benefícios em termos de redução de custos, de aumento da eficiência e da sustentabilidade são significativos, antecipando-se que as desvantagens sejam mitigadas com o avanço tecnológico e a maior aceitação destas abordagens no setor”.
© DST Group