Desert Accommodation

Início em 13/09/2021 até 10/11/2021

Categorias: 11 novembro2021

Al Sahara.

Não existe outro lugar na Terra como o grande deserto da Arábia.

Uma terra de Profetas, tesouros e cidades perdidas. Al Saha- ra é um lugar sobrenatural, um lugar onde só os algo sobre- natural pode viver e onde até os beduínos se recusam a ir.

Al Sahara é o lugar onde explorações param, onde as am- bições humanas são anuladas e a vaidade subjugada. Isto porque o deserto não pode ser domado, compreendido ou medido. O deserto só pode ser contemplado, de longe, com a esperança de passar despercebido pelas areias habitua- das a levantarem-se inúmeras vezes para reclamarem a própria homenagem prestada por outros seres, civilizações e riquezas.

No deserto a vida é impossível, mas na orla do deserto existem algumas das experiências mais profundas que o homem pode vivenciar. O gelo, o calor, o silêncio e o canto das dunas, mas também as miragens, os pores do sol, os céus estrelados e so- bretudo, os oásis luxuriantes.

Viver na orla do deserto é um privilégio para poucos. É justamen- te desse privilégio que nasce a ideia do Desert Accommodation.

Desert Accommodation é o concurso da YAC em colaboração com a Jarir Development com vista à elaboração de um projeto de uma Pousada em uma nova povoação de grandes vilas na fronteira de Riade. Este projecto tem como objectivo explorar o potencial da arquitetura contemporânea num dos mais recentes e mais impressionantes santuários da mãe natureza.

Como serão os alojamentos neste local tão inóspito?

Respondendo a esta questão fundamental, os designers terão a oportunidade de projetar um oásis de luxo às portas do deserto

mais feroz e fatal do planeta, no planalto de Naid. Um oásis contemporâneo, para descansar à sombra das palmeiras e árvores de fruto desfrutando da imensa vastidão do deserto. Um local onde se pode mergulhar numa refrescante pisci- na enquanto se admira um pôr-do-sol reflectido nas areias incandescentes ou ainda, observar o perfil de uma tempes- tade de areia no horizonte, protegido pela arquitectura dos edifícios circundantes.

Um refúgio para o corpo, mas acima de tudo para a alma, uma vez que o oásis e deserto são opostos que envolvem o homem em todo um espectro de complexidade espiritual. Como diz um antigo ditado dos nómadas do deserto: “Deus criou o oásis para que o homem pudesse viver e o deserto para que pudesse encontrar a sua alma”.

A YAC agradece aos designers que aceitaram este desafio.

SÍTIO

A Arábia Saudita teve uma das ascensões mais vertigi- nosas da história da sociedade humana. Passou menos de um século desde que as últimas tribos de saqueado- res se curvaram à liderança de Abdul Aziz Ibn Saud. Pas- sou menos tempo ainda desde a descoberta de petróleo e a voracidade que o planeta tem demonstrado por tal recurso, o acabou por gerar, entre as areias milenares do Península Arábica, uma das nações mais prósperas e ricas da actualidade.

No entanto, o deserto apesar do encanto que possa exercer, permanece inegavelmente um horizonte de morte. Este representa o irreversível por excelência e também um ponto sem volta para qualquer ecossiste- ma. Ainda assim, no deserto da Arábia, o homem lutou e conquistou o deserto. Ele construiu metrópoles, trouxe

água e plantou jardins. Riade, uma cidade disputada entre os prédios de barro de seu passado e os arranha-céus que celebram as glórias da monarquia moderna, é a expressão mais viva dessa vitória. Ao frequentarmos os seus centros comerciais ou ao visitar suas mesquitas, conseguimos es- quecer por momentos a hostilidade da natureza local. No entanto, nos limites da cidade a luta entre o homem e o deserto está longe de estar acabada. Cada nova construção é um desafio, cada expansão da cidade é uma disputa entre as reivindicações da civilização humana e uma entidade máxima, o deserto. Este último conhece apenas a sua própria expansão imparável. Na periferia oeste de Riade, onde um horizonte empoeirado mistura céu e terra em algo in- distinto, um novo capítulo da cidade está a ser escrito: Al Wasil é um grande projeto de expansão para a construção de uma “gated community”, um condomínio privado de re- sidências de luxo na frente de al-Dahna, a milenar língua do deserto que conecta o Rub ‘al-kahli às regiões mais al- tas do Nefud. Um projeto de 1,8 milhões de metros quadra-

dos no qual serão implementas as interpretações arqui- tectónicas do projecto Desert Accomodation. Importa portanto considerar uma série de detalhes e elementos nacionais úteis para melhor enquadrar o projeto.

1. Aspectos históricos: Península Arábica e Arábia Saudita. A Península Arábica ostenta, a par de poucas outros locais do mundo, o título de “berço da civiliza- ção”, tendo acolhido agregações sociais complexas e articuladas desde os primórdios dos tempos. Desde 2000 A.C desenvolveram-se civilizações “hidráulicas” muito avançadas, construindo canais, represas e com- plexas obras civis capazes de transformar locais pouco hospitaleiros em verdadeiros oásis propícios à vida. Flo- resceu também o comércio de bens litúrgicos (especial- mente incenso e mirra) e alguns nomes, um entre todos os sabeus, lembram os lustros de populações também citados por fontes do Antigo Testamento. Politeístas e flexíveis na adoração (a prática comum era a aceitação de espíritos de civilizações geograficamente próximas), comunidades semelhantes viviam às margens das grandes superpotências romanas e persas. Estas potências também influenciaram o desenvolvimento e vida política destas civilizações, especialmente nas regiões do Norte. Será então o Islão, com o segundo califa Omar ibn al-Khaṭṭāb-, que trará a Península Arábica de volta ao culto muçulmano, estabelecendo também um princípio de exclusividade na fé de seus residentes. Com o fulcro geopolítico do Islão, fixado por muito tempo entre a Síria e a Mesopotâmia, a Península Arábica fragmentar-se-á em inúmeros sultanatos e emirados, ameaçada ainda por uma forte influência de clãs dedicados à invasão e ao nomadismo. No final do século XIX, três das famílias mais importantes competiam pela hegemonia árabe: al-Saud, al-Rashid e al-Husayn. Graças ao seu carisma, habilidade política e coragem militar, Abdul Aziz Ibn Saud terá sucesso em exonerar a histórica família Rashid da posse de Riade e de toda a região de Najd. De seguida, libertou Meca e todos os seus territórios envolventes do controlo dos Husayn, enfraquecidos no conflito otomano (do qual os a família Saud também participou, ganhan- do o favor dos britânicos). Tornando-se a última grande dinastia da península, a família Saud buscou uma alian- ça com os povos nômadas, que logo subjugou quando hábitos violentos causaram constrangimento ao prin- cipado em seu sistema de alianças. Concluindo, assim nasce em 1932 o reino da Arábia Saudita, protagonista do grande milagre económico das últimas décadas.

2. Aspectos sociais: A Arábia Saudita é o berço do mundo árabe. Embora de taxonomia complexa, é comu- mente entendida como a articulação sócia histórica das populações que se desenvolveram na península com o mesmo nome, a sudeste do trajecto ressequido (ou “wadi “, na língua local) do Rio Árabe. No entanto, um grave erro seria cometido ao limitar a conotação cultural de tal região a uma relevância étnico-geográfica. Na verdade, a Arábia Saudita é, acima de tudo, o berço do Islão. Aqui a fé islâmica tem seus lugares mais sagrados (Meca, lugar da revelação divina e Medina, o retiro do profeta durante as perseguições de Meca e lar de seus descendentes). Na Arábia Saudita, a fé islâmica permeia todos os aspectos da vida pública do país, desde o sistema político e judicial, até as expressões mais comuns e folclóricas. Sempre aliada do Ocidente, a Arábia Saudita é uma realidade geopolítica extraordinariamente única, profundamente enraizada em sua tradição, mas unida ao resto do mundo por sólidos e articulados laços económicos e comerciais.

3. Al Wasil é um plano de expansão para a cidade de Riade imaginado pela agregação de intervenções autónomas inseridas num complexo plano de ordenamento.

Neste sentido, embora os designers possam usufruir das mais amplas liberdades composicionais, é oportuno que a intervenção esteja alinhada com alguns princípios fundamentais:

a. O projeto deve responder a uma visão de relação profunda com o elemento natural. Neste sentido, a paisagem representará o recurso mais importante que o designer dispõe para gerar um espaço fascinante e confortável, tanto nos seus componentes naturais (o deserto) como nas suas articulações artificiais (jardins ou plantações) que correspondem a uma visão precisa de identidade do plano de ordenamento;

b. Sustentabilidade. Embora inúmeras intervenções contemporâneas tenham renunciado à sustentabilidade ambiental para obter os confortos necessários em locais tão extremos e inóspitos, há uma longa tradição de construções no deserto (mesmo antes dos árabes) ricas em tipologias e/ou tecnologias capazes de garantir arrefecimento passivo e bem-estar climático sem recorrer a sistemas de consumo energético (pense nas torres eólicas persas, nos edifícios subterrâneos dos berberes ou nas caixas de gelo típicas da tradição iraniana). Neste sentido, mesmo que vise o mais amplo conforto do visitante, a intervenção não pode estar abstracta dos princípios da sustentabilidade ambiental, visando estabelecer um modelo virtuoso através de um equilíbrio ponderado entre soluções ativas (high-tech) e passivas (tradicionais).

c. Linguagem arquitetónica: mesmo que recém cons- truída, o designer deve considerar cuidadosamente o contexto de referência, propondo soluções originais e criativas na linguagem, mas que levem em conta uma

compatibilidade mais ampla com o sistema histó- rico (ou seja referências tipológicas e de materiais) e paisagístico da área. O que os designers terão de tentar definir é um equilíbrio, harmónico ou distóni- co, tradicional ou high-tech, entre a nova interven- ção e a paisagem, entre a tradição e a inovação, com o objectivo de gerar um projecto icónico, mas colo- cado numa relação coerente com o seu meio envol- vente.

d. Limites regulatórios:
• máximo de 4.552 m2 como cobertura total
• no máximo 8m de altura para os edifícios de dois andares
• Máximo de 4m de altura para o edifício de piso único

4. Sistema natural: Rub ‘al-khali. Embora localiza- do mais a sul de Riade, o mais importante dos desertos árabes merece uma discussão separada, tanto por conta da influência na cultura e imaginação colectiva que pelos seus detalhes geológicos. O deserto de Riad é a propagação do mesmo, que por o corredor al-Dah- na se conecta com o deserto de Nefud a norte. Quar- ta entidade da cosmologia arcaica como o céu, a terra e o mar, o “quarteirão vazio”, que é o nome literal do deserto da Arábia, é a maior extensão de areia que o planeta alguma vez possuiu. Na maior parte ainda desconhecido e inexplorado, o Rub’al Khali representa o vazio por excelência: é o deserto místico e hostil de lendas antigas, das caravanas de comerciantes de incenso, onde cidades inteiras desapareceram no ar, como o Iram (a “Atlântida do Deserto” dada a definição britânica), perdida com as suas imensas riquezas descritas pelas Mil e Uma Noites. No deserto da Arábia, véus de areias incandescentes levantadas pelo vento mudam de cor laranja para púrpura dependendo da hora do dia. Esta é uma paisagem mutável, sulcada por dunas que avançam preguiçosamente e areia movediça entre as mais traiçoeiras e temíveis do planeta. Um lugar tão extremo quanto fascinante, Rub ‘al-khali é a quintessência do deserto da Arábia e, como tal, uma paisagem extraordinária e referência cultural para designers que desejam participar a competição.

CALENDÁRIO

13/09/2021 inscrições “standard” – início
10/10/2021 (h 11.59 pm GMT) inscrições “standard” – fim

11/10/2021 inscrições “late” – início
07/11/2021 (h 11.59 pm GMT) inscrições “late” – fim

10/11/2021 (h 12.00 pm – meio-dia – GMT) término da entrega projetos

15/11/2021 reunião júri

20/12/2021 publicação dos resultados

Esclarece-se que a distinção entre inscrição “standard” o “late” não tem nenhuma influência na data estabelecida para a entrega dos projetos: 10/11/2021.

PRÉMIOS

1° PRÉMIO – 8.000 €
2° PRÊMIO – 4.000 €
3° PRÊMIO – 2.000 €
GOLD MENTION – 500 €
GOLD MENTION – 500 €
10 HONORABLE MENTIONS 30 FINALISTAS

Todas as propostas premiadas vão ser trasmitidas em revistas e sítios de arquitetura e vão ser expostas em exposições internacionais. Todas as propostas finalistas vão ser publicadas em www.youngarchitectscompetitions.com

Aviso

NOTA IMPORTANTE – a consulta deste documento não substitui a leitura do Regulamento correspondente. Não nos responsabilizamos por quaisquer incorrecções produzidas na transcrição do original para este formato.

Consulte o regulamento completo AQUI 

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