Início em 16/04/2019 até 16/04/2019

Ao longo de um ano, Duarte Natário percorreu locais “icónicos” da arquitectura paisagista portuguesa. Tudo é Paisagem quer mostrar o trabalho dos arquitectos paisagistas em Portugal e estreou a 2 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O filme também será exibido em Serralves, a 16 de Maio, depois no Festival Arquitecturas, em Lisboa, no cinema S. Jorge.
O arquitecto projecta casas, museus e edifícios, mas quem desenha praças, jardins e parques? Através de um documentário, Duarte Natário não só percorre as obras “mais emblemáticas” como tira pó aos arquivos, fotografias e demais memória da arquitectura paisagista portuguesa dos últimos 70 anos. Tudo é Paisagem tem estreia marcada para 2 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Em conversa, Duarte Natário fala de um projecto “absolutamente necessário” em Portugal: “A profissão ainda é desconhecida ou mal compreendida pela maior parte das pessoas”. Com o filme, o arquitecto paisagista de 31 anos espera uma “divulgação mais eficaz e fácil” do trabalho desenvolvido por estes profissionais no cenário das cidades e dos campos portugueses. Por isso mesmo, “não é um documentário feito para o arquitecto paisagista, mas para o público em geral”.
Ao longo de um ano foram realizadas gravações em locais “icónicos”, como o Estádio Nacional do Jamor, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Estádio Municipal de Braga ou o Alto Douro Vinhateiro. “Muitas pessoas usufruem da cidade e desses espaços e não sabem, na maior parte das vezes, que foram projectados por arquitectos paisagistas”, verifica. Para contar a história, o realizador também conversou com os autores destas obras e outras figuras do panorama nacional.
“Sempre numa perspectiva pessoal”, Duarte quis “revelar um pouco da identidade desses espaços”, de maneira a transmitir as sensações experimentadas através da imagem. Ainda assim, nesta “coexistência” entre o ser humano e o ambiente, considera necessário “separar natureza e arquitectura paisagista”. O Parque da Cidade do Porto é um exemplo que, “no fundo, tenta imitar, provocar essa sensação de se estar num meio natural”.
O documentário mostra que na construção destas paisagens humanizadas existem diversas responsabilidades cívicas e educacionais. A arquitectura paisagista é um reflexo das “preocupações do ser humano moderno”, como as alterações climáticas e outras “questões ambientais e ecológicas que começam a surgir hoje em dia”. Desse modo, as soluções encontradas tentam não só valorizar o património, como “encaminhar as pessoas para um sentido de cidadania e de usufruto do espaço de uma forma sustentável”. “Tem mais influência do que aquilo que as pessoas normalmente pensam.”
Ao longo de 56 minutos, Tudo é Paisagem desdobra-se ainda em fotografias, arquivos e histórias de uma profissão que deu os primeiros passos em Portugal em 1940, muito impulsionada pelo trabalho de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro na arquitectura paisagista portuguesa. “Os ensinamentos [de Caldeira Cabral] ficaram-me na memória e são eles que, creio, todos nós temos connosco”, revela.
Caldeira Cabral
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