FIELD apresenta “Columba Livia Domestica” no Porto

Convocando práticas comunicantes que pensam, arquivam e constroem cidade, esta conversa propõe um olhar crítico sobre mecanismos que segregam e “higienizam” a cidade. Ao mesmo tempo, será um encontro de táticas capazes de reapropriar, reimaginar e ensaiar novos protocolos de desenho do espaço coletivo. A temática da habitação, enquanto modelo de organização social, será o eixo orientador desta reflexão.

Como pensar a cidade para lá das lógicas de controlo e higienização? Podem processos de domesticação e coexistência ajudar-nos a imaginar as ressonâncias bioregionais e sociais inerentes à cidade contemporânea?

A sessão terá lugar no auditório da Cooperativa de Lordelo do Ouro — um espaço latente, que aguarda por programação, e que, por isso mesmo, se revela particularmente pertinente para esta apresentação/contexto.

Conversa com:

Ana Rita Alves

Antropóloga e investigadora | Autora do livro: “Quando Ninguém Podia Ficar: Racismo, habitação e território”

Ana Rita Alves é antropóloga e doutorada em Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas pela Universidade de Coimbra. Ana Rita foi bolseira de Black Studies Dissertation Scholar 2020-2021 na Universidade da Califórnia Santa Bárbara (EUA) e Consultora do Conselho Europeu (2022). Ana Rita tem produzido conhecimento crítico sobre racismo institucional, políticas públicas, habitação no território e violência política, num diálogo próximo com moradores e colectivos negros e ciganos periferizados. É intelectual pública e autora de diversas publicações, entre elas o livro “Quando Ninguém Podia Ficar: Racismo, Habitação e Território” (Tigre de Papel, 2021).

Habitação Hoje!

Movimento cívico | Movimentos Cívicos e estratégias pela luta do direito à cidade

A Habitação Hoje (HH) é uma organização política e apartidária que nasce no Porto em 2021 como o espaço de construção da luta pela conquista popular do direito à habitação e à cidade. Trabalha no questionamento das políticas de habitação em curso, no apoio jurídico às situações urgentes, organizando-se a partir de brigadas no território e em Assembleias de Moradores, construindo a União de Inquilinas e Sem Teto, continuando a luta histórica por habitação digna e pela melhoria das condições de vida em todas as suas esferas.

Flora Paim

Arquiteta e artista | Práticas Artísticas para leitura dos territórios

É arquiteta, artista e investigadora em doutoramento do Instituto de História da Arte (IHA-NOVA FCSH/IN2PAST) com o apoio da FCT. É licenciada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-UFAL) e mestre em Arte e Design para o Espaço Público (FBAUP).

O seu percurso articula práticas espaciais, artísticas e estudos urbanos, focando as dimensões materiais, afetivas e sociopolíticas dos lugares. Ancorado em saberes situados, o seu trabalho desdobra-se em formatos variados conforme os territórios com que se envolve — incluindo caminhadas coletivas e sonoras, intervenções, publicações, objetos, peças têxteis, ensaios visuais e instalações audiovisuais.

Desde 2017 investiga os terrenos baldios urbanos em Portugal — sítios arruinados ou esvaziados que parecem “abandonados” pela desindustrialização ou pela transformação urbana, mas que conservam sinais de atividade informal humana e mais-que-humana.

Filipa de Castro Guerreiro e Tiago Correia (CEFA FAUP)

Arquitetos com prática em Projetos de Arquitetura participativa/capacitação

Processo de cooperação interinstitucional entre a FAUP e a Espaço Municipal Maia para o desenvolvimento do projeto de realojamento de 3 comunidades de etnia cigana (c. 50 agregados familiares), através de um processo participado e de capacitação, ao abrigo do 1º Direito/PRR. Filipa, arquiteta, Professora e investigadora da FAUP, é autora da tese ‘Colónias Agrícolas’ (Dafne, 2022) e fundou com Tiago o Atelier da Bouça, no Porto, explorando a habitação como laboratório espacial e acreditando que a arquitetura deve promover soluções flexíveis, socialmente significativas e ecologicamente empáticas.

GATE

Núcleo de Estudantes de Arquitetura | Movimentos de Estudantes que procuram estratégias de trabalho em comunidade a partir de trabalho de campo

Em fevereiro de 2024, um grupo de estudantes, professores e técnicos-administrativos da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) reuniu-se com o objetivo desenvolver uma candidatura ao Programa Bairros Saudáveis – contudo, após a decisão do Governo de encerrar o Programa, a tentativa de dar sustentabilidade a este pequeno grupo resultou na co-organização da 6ª edição do Workshop Arquitetos de Família – Aprender, trabalhar e viver com saúde no Campo Alegre, em parceria com o Habitar – CEAU, FAUP e, com a chegada de novos estudantes, a criação do Gabinete de Apoio Técnico Estudantil (GATE). Como um núcleo de trabalho sediado na FAUP, o GATE surge com a intenção de experimentar metodologias participativas, fundamentadas no contacto direto com a realidade e na construção de conhecimento a partir da prática, sendo constituído por estudantes e orientado por um funcionamento horizontal e aberto.

FIELD

Fruto das inquietações em torno da relação da arquitetura com a sociedade e com o território, o colectivo FIELD reúne uma equipa multidisciplinar, com percursos diversificados e complementares. Partilham experiência editorial, curatorial e de projetos de investigação, nos campos da arquitetura, cenografia, arte e design.

Para o colectivo, a investigação artística e análise territorial é guiada pela intenção de operacionalizar as ferramentas da arquitetura e de análise espacial aliando-as a práticas anti-extrativistas e a territórios em disputa que confrontam projetos e lógicas que desconsideram a complexidade temporal e interespécie dos ecossistemas culturais e ambientais.