Tanto Mar. Fluxos Transatlânticos do Design

Início em 10/03/2018 até 14/07/2018

Categorias: Exposições

A exposição propõe-se traçar um mapa de fluxos entre Portugal e Brasil, focando a atenção no design e na cultura material de cada país, de modo a problematizar a natureza dessas trocas e tentar entender como espelham a identidade e a história de cada um. 
A partilha de olhares e ideias entre as duas curadoras teceu uma malha de trabalhos transversais e autores que vivem cruzando ou unindo o Atlântico Sul. A exposição foca-se nos territórios de Portugal e Brasil, mas olha para a cultura material de alguns países africanos, uma vez que estes fluxos e trocas não foram bidirecionais, envolvendo muitas vezes África.

A exposição “Tanto Mar. Fluxos Transatlânticos do Design” vai ser inaugurada a 10 março pelas 17h00, no Palácio dos Condes da Calheta Jardim-Museu Agrícola Tropical (Belém)
 e vais estar patente até 15 julho 2018.

“Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar 
  Sei também quanto é preciso, pá Navegar, navegar”
Chico Buarque de Holanda, Tanto mar 
(refrão comum na versão de 1975 e 1978)

Chico Buarque escreveu e cantou duas versões de Tanto Mar. A primeira, em 1975. A segunda,em 1978. Duas cartas enviadas aos portugueses que viviam os primeiros anos em democracia, enquanto o Brasil vivia ainda numa ditadura. Em ambas, o mesmo refrão sublinhava a importância da partilha e do encontro entre os dois países. Tanto Mar serviu, assim, de referência para o título desta exposição que resulta da troca de olhares e ideias entre duas curadoras – Bárbara Coutinho, portuguesa, e Adélia Borges, brasileira – sobre a cultura e o design de cada país.

Uma curadoria vivida como um processo dinâmico e aberto, que recebeu também o contributo de outros investigadores e estudiosos, dos dois lados do Atlântico. A exposição centra o olhar nos séculos XX-XXI, apresentando, no entanto, peças de diferentes fases das nossas histórias, incluindo do período de colonização do Brasil. Sem a intenção de criar
um discurso cronológico ou de esgotar um tema tão vasto e complexo, Tanto Mar é uma malha tecida de diálogos, afinidades e influências entre várias pessoas e trabalhos de diferentes épocas, constituindo-se como um espaço para o reconhecimento da amplitude e riqueza do português. Direta ou indiretamente são sinais da história, identidade, política, cultura e memória coletiva de cada país.

Propõem-se múltiplas coordenadas de um mapa de fluxos entre Portugal e Brasil, realidade que ao longo da história teve inúmeros cambiantes, envolvendo, com muita frequência, África, o que faz com que a cultura material de alguns países africanos seja também pontualmente olhada.

A exposição apresenta 160 peças (aproximadamente), das mais diversas tipologias (fotografias e desenhos, mobiliário, vestuário e acessórios, objetos decorativos, utensílios, ferramentas e publicações). No total, estão “identificados” 95 autores das duas nacionalidades e diferentes gerações, mas há uma significativa presença de “autores anónimos”, provenientes sobretudo da cultura popular e do universo artesanal que merecem ser assinalados. Merece também destaque a representação de inteletuais, artistas, designers e arquitetos para quem a ligação entre Portugal e Brasil foi muito importante, como por exemplo, Carmen Miranda, Fernando Lemos, Joaquim Tenreiro, Rafael Bordalo Pinheiro ou Lúcio Costa. A este propósito, assume relevo o cartaz original desenhado para exposição por Fernando Lemos, português há mais de 70 anos a viver e a trabalhar no Brasil, a partir do qual foi desenvolvida proposta gráfica. Outro vector em presença é a reinterpretação de motivos, símbolos, matérias e técnicas cujas origens, muitas vezes, se perdem no tempo, como a onda da calçada portuguesa,a rodilha, o bordado ou o azulejo azul/branco.

Para além do cartaz da autoria de Fernando Lemos (imagem), é também de assinalar a apresentação de três trabalhos originais desenvolvidos, respectiva e especificamente para a exposição, pela brasileira Mana Bernardes, em colaboração com A Avó veio Trabalhar (iniciativa de Susana António e Ângelo Campota); Manuela Pimentel; e Diogo Machado (Add Fuel) – os últimos portugueses.

Uma vez que a língua é a marca mais forte que une os dois países, é projetado um espaço que evoca a instalação criada pelo arquiteto brasileiro Lúcio Costa, em 1964, para o Pavilhão do Brasil na XIII Trienal de Milão, para que os visitantes possam repousar e ouvir a playlist proposta pelas duas curadoras.
Esta é a terceira e última exposição da programação do MUDE desenhada no âmbito da iniciativa Lisboa, Capital Ibero-Americana da Cultura.
As peças e imagens foram cedidas pelos próprios autores e pelas seguintes instituições e empresas:
— ADXTUR
— Ar.CO Centro de Arte e Comunicação Visual
— Arquivo Municipal de Lisboa
— Centro Português de Fotografia — Centro Nacional de Artesanato e Design (Cabo Verde)
— Fundação Athos Bulcão
— Fundação Calouste Gulbenkian/ Biblioteca de Arte
— Fundação Joana Vasconcelos
— Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva
— Galeria Reverso
— Grupo Visabeira
— Imperium Rio de Janeiro
— IMS – Instituto Moreira Salles
— MNAA – Museu Nacional de Arte Antiga
— Museu Bordalo Pinheiro
— Museu Carmen Miranda
— Museu da Moda Brasileira
— Museu da Cerâmica das Caldas da Rainha
— Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
— Museu de Lamego
— Museu dos Biscainhos
— Museu Nacional de Etnologia — Museu Nacional de História Natural e da Ciência/Museus da Universidade de Lisboa
— Quarto Sala
— SIC – Sociedade Independente de Comunicação, SA
— SPSS – Serafim Pereira Simões Sucessores, LDA
— VICARA

Data
10 março — 15 julho 2018

Local
Palácio dos Condes da Calheta, Jardim-Museu Agrícola Tropical (Belém)
Curadoria
Bárbara Coutinho e Adélia Borges
Assistência de curadoria
Raquel Santos
Design expositivo
Rita Filipe
Design de comunicação
VivóEusébio
Parceria
Universidade de Lisboa – Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC)
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  • Tema: Tanto Mar. Fluxos Transatlânticos do Design
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