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Já está disponível o roteiro da 5ª edição do Open House Porto, que decorre nos dias 29 e 30 de junho e vai abrir gratuitamente as portas de 70 espaços – entre casas privadas, infraestruturas, espaços comerciais ou equipamentos culturais – das cidades do Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia.
O acesso à maioria das visitas será sem marcação, por ordem de chegada. Apenas alguns espaços exigem (total ou parcialmente) a pré-marcação/reserva para as suas visitas. A reserva destas visitas ficará disponível a partir do dia 26 JUNHO, às 14h00, no site oficial OHP.
Conheça o roteiro completo no link.
Joana Couceiro e Nuno Valentim Comissários da 5ª Edição
Vida Interior
O Open House, iniciado em Londres há quase três décadas, disseminou-se pelo mundo tendo chegado a mais de quarenta cidades, nomeadamente ao Porto, Matosinhos e Gaia, com a primeira edição, em Junho de 2015. A iniciativa tem, por isso, já implícita uma certa ideia curatorial que sintetiza o desígnio do evento: abrir portas, abrir de forma gratuita as arquitecturas e o debate à cidade. O que se impõe, a cada nova edição, é a escolha dos espaços e a construção de um discurso que auxilie essa escolha, ainda que, alguns espaços se repitam ao longo das várias edições pela sua procura, pela exclusividade das visitas ou, ainda, simplesmente, porque há experiências que se deseja repetir.
Este poderoso conceito – Open House –, que abre o interior e a intimidade ao público, não deixa de ser um paradoxo. Ele implica uma certa inversão do carácter e da vocação da maioria dos espaços, que, ainda que temporariamente, vêem o seu programa transformado em ‘objecto museológico’ dado a ver aos olhos de um vasto público. O que este ano se propõe é a consciencialização deste fenómeno, ou seja, numa leitura literal do evento, a casa (ou a cidade) dá-se a ver do outro lado do umbral e, do outro lado, há muito mais do que um espaço inacessível ou um objecto arquitectónico ímpar; do outro lado há vida no interior.
A porta, entreaberta, é lugar de expectativa e suspensão. Dentro, pode estar um espaço quente e familiar ou, pelo contrário, um território isolado e agreste. A experiência da passagem sujeita o corpo a impactos de escala, à metamorfose da luz, da temperatura, e à transformação do ar. As transições interpelam os sentidos na descoberta do avesso do espaço visível: o silêncio de um claustro, o horizonte de um miradouro, aquele canto para ler, uma sala para estar; a cozinha desarrumada, uma banheira vazia, ou a alcova apertada. Esta leitura está na base da escolha de cada espaço (ainda que muitos tenham ficado de fora pelas mais variadas razões) e é sob a lente de uma ideia de ‘vida’ (histórica, arquitectónica, sociológica, antropológica) que se propõe uma viagem pelos lugares de interioridade.
‘Vida Interior’ vai desvelar muitas casas, palácios, quintas, pátios, jardins, bairros, edifícios banais, alguns monumentos; entrar na cidade, penetrar nos seus segredos, saber dos seus interstícios e das pessoas (ou da sua ausência) porque o essencial da arquitectura só se torna visível neste encontro.
É no último fim de semana de Junho e todos estamos convidados a entrar. Não é uma visita, é um encontro.
© Imagens Casa da Arquitetu
https://2019.openhouseporto.com/