
A antiga refinaria da Galp torna-se eco-cidade: visão do consórcio internacional liderado pela MVRDV e OODA selecionada como vencedora em Matosinhos.
“A ambição é que Matosinhos possa usufruir da área mais avançada de atividade económica na zona Euro, quer a nível ambiental quer a nível tecnológico, o que irá reforçar a relação entre a academia e a indústria 4.0 e 5.0, continuando a contribuir para a criação de riqueza, atrair e reter empregos”.
Luísa Salgueiro, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos
A antiga refinaria de Matosinhos da Galp Energia vai transformar-se num distrito verde e inovador com espaços de habitação, campus universitário, um extenso parque e várias instalações. A equipa, portuguesa e internacional, composta por MVRDV, OODA, LOLA, Thornton Tomasetti, A400 e LiveWork irá desenvolver o projeto de renovação urbana de grande escala. Os pontos de partida para o master plan são a sustentabilidade e a relação com o espaço envolvente. Parte do património industrial terá um novo propósito, criando assim uma ponte entre o passado e o futuro.
“Nós temos um plano para uma cidade dentro da cidade de Matosinhos. Tendo uma génese local, irá potenciar a sua localização única ligada ao oceano Atlântico através de uma bela praia, mas também conectada às pessoas – locais e globais. Impregnada pela cultura local, queremos projetar esta cidade do futuro com uma consciência global de sustentabilidade, traduzida pela renaturalização e em trazer de volta espécies autóctones e ambientes naturais, enquanto reaproveitamos o património industrial existente e instalamos tecnologia de ponta. Isto não só permitirá a produção de energia verde, como também irá criar um espaço urbano resiliente e sem precedentes.”
Rodrigo Vilas-Boas, Sócio da OODA
A empresa energética portuguesa Galp Energia tem ambições para um futuro mais sustentável. Além de petróleo e gás, a empresa extrai cada vez mais energia a partir de fontes sustentáveis. É hoje um dos maiores produtores ibéricos de energia solar. A refinaria de Matosinhos, criada em 1970 e importante para a economia local, foi desativada em meados de 2021. A intenção presente é transformar o local num distrito ambientalmente consciente e inovador, tirando o melhor proveito da sua localização natural e preservando parte do seu património industrial, com vista a um futuro sustentável com projetos que atraiam investimentos em inovação e educação, criando novos postos de trabalho e atraindo uma nova população para Matosinhos.
A Galp lançou um concurso internacional de design para este projeto de grande escala. O júri foi assessorado por especialistas da Universidade de Harvard e da Universidade do Porto. A equipa de design vencedora, composta por MVRDV, OODA e LOLA, irá colaborar com as empresas de engenharia de renome Thornton Tomasetti, A400 e o consultor de programas LiveWork. Cerca de 25 arquitetos urbanistas e paisagistas e engenheiros dessas seis empresas irão desenvolver a visão de um master plan mais detalhado nos próximos 12 meses. A inserção de infraestruturas verdes e o restabelecimento da relação com a paisagem envolvente, como as dunas, são princípios importantes do master plan. Antes do início de construção, a refinaria irá ser desmantelada e o solo tratado. A agência ambiental portuguesa APA prevê que essa fase dure cerca de quatro anos. A nova cidade será desenvolvida por fases em estreita cooperação com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Universidade do Porto.
“A localização do espaço é linda, perto do mar e do aeroporto do Porto. Considero a transformação de Matosinhos um catalisador para um futuro mais verde”. “Estamos a lutar por uma área da cidade que não seja apenas ‘eco-inteligente’ e atraente para viver e estudar, mas também onde a vegetação cresça e as dunas cubram a areia, enquanto o industrial permanece. Irá ampliar a beleza costeira de Portugal com o prolongamento das dunas e a introdução da Lagoa do Oceano, na qual serão incorporados os vestígios do passado. Como consórcio, queremos construir uma ponte entre as suas qualidades históricas e o seu futuro verde. Queremos abrir espaço para o futuro, mas sem apagar o passado.”
Winy Maas, sócio fundador da MVRDV