Arquitecta Marina Tabassum é a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp 2022

Categorias: Arquitetura

A arquitecta Marina Tabassum é a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp 2022. Fundadora e arquitecta principal do atelier Marina Tabassum Architects (MTA), a arquitecta é oriunda do Bangladesh, um dos países mais afectados por calamidades ambientais e um dos mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas, devido também às suas condições sociais que se prendem com a explosão demográfica e a pobreza. Por isso, Marina Tabassum afirma, em entrevista à Dezeen: “Há uma grande responsabilidade social inerente à práctica de arquitectura, especialmente no Bangladesh, onde podemos pôr o nosso conhecimento e as nossas competências ao dispor das pessoas para ajudar a melhorar a sua vida e o seu ambiente.”

É no Bangladesh que Marina Tabassum desenvolve projectos de arquitectura sustentável baseados num conhecimento profundo das adversas condições locais, de materiais profundamente enraizados na história e de soluções arquitectónicas rudimentares, mas profundamente contemporâneas, que se adaptam às baixas condições de vida dos habitantes do país.

Da sua obra, que inclui habitação colectiva e planos directores municipais, entre outros, destaca-se a premiada Mesquita de Bait Ur Rouf, construída ao longo de doze anos com um orçamento parco, que questiona a tipologia típica do local de culto, incorporando outras funcionalidades (sala de reuniões, escola e parque infantil) para conseguir responder a mais necessidades de uma comunidade da periferia de Dhaka. Para a construção desta mesquita, Marina Tabassum privilegiou, por exemplo, a utilização de materiais acessíveis como o tijolo de barro.

Marina Tabassum vai marcar presença em Lisboa para apresentar o seu trabalho e receber o Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp Sexta-Feira, 30 de Setembro, às 18h (local a divulgar), num evento onde serão também anunciados os resultados dos Prémios Début e Concurso Universidades. Marina Tabassum irá receber como prémio uma obra de arte do artista Carlos Nogueira.

O júri internacional responsável pela escolha desta edição da Trienal destaca que “o trabalho singular desenvolvido por Marina Tabassum a partir do Bangladesh toca os fundamentos elementares do espírito da arquitectura sem perder de vista as suas responsabilidades e potenciais impactos. Os seus projectos conciliam uma posição ética firme e clara com um desenho delicado e sofisticado, obstinadamente inovador mesmo perante restrições orçamentais e recursos limitados. Motivada por cada contexto cultural e geográfico específico, a prática desta arquitecta responde aos problemas contemporâneos mais prementes sempre com uma cuidadosa consideração pelas comunidades locais, a sua história e ambiente. O arrojado passo em frente dado por Marina Tabassum na transformação da arquitectura, de um modelo de encomenda-passiva para um papel propositivo e activo, continua a mostrar-nos como os profissionais desta disciplina podem enfrentar a crise climática e contribuir para o desenvolvimento social de forma criativa, atenta e inspiradora.”

A lista de 10 finalistas do Prémio Début Trienal de Lisboa Millennium bcp apresenta este ano uma maior diversidade em termos de origens geográficas, abrangendo os dois hemisférios, e em termos da composição de cada candidatura, entre ateliers e profissionais individuais: Atelier Tiago Antero (ATA), Portugal; Atelier Tropical – Valerie Mavoungou, Congo; Ben-Avid, Argentina; messina/rivas architecture office, Brasil; Nana Zaalishvili, Georgia; Rohan Chavan, Índia; Savinova Valeria, Rússia; Spatial Anatomy, Singapura; vão, Brasil e Vertebral, México. O valor pecuniário atribuído ao vencedor do Prémio Début duplicou desde 2019, sendo de 10 mil euros.

Sobre a diversidade desta lista, o júri considera que “se as primeiras obras de um percurso em arquitectura apontam o caminho posterior de quem as projecta, a partir dos dez finalistas Début é possível imaginar o trabalho futuro de toda uma geração. Entre estas práticas jovens de diferentes continentes podemos aprender muito com a diversidade de perspectivas emergentes sobre sustentabilidade, equidade social e inclusão na comunidade. Uma dezena de finalistas que prova não só o que a arquitectura pode fazer, mas, mais relevante, o que deve fazer no presente ao serviço do nosso futuro.”

O Prémio Concurso Universidades Trienal de Lisboa Millennium bcp convoca instituições académicas de todo o mundo a participar na Trienal 2022 em duas categorias: mestrado e investigação. As melhores propostas serão expostas em núcleos em cada uma das exposições centrais da Trienal 2022 e integradas numa antologia que será lançada nos dias de abertura da Trienal 2022.

Em comentário aos Prémios, António Monteiro, Presidente da Fundação Millennium bcp afirmou: “A Fundação Millennium bcp tem o maior orgulho nesta colaboração com a Trienal, que lhe permite contribuir para a investigação, dinamização e promoção do pensamento e da prática da arquitectura nacional, sector que tem trazido a Portugal um amplo reconhecimento internacional.”

Mais sobre os Prémios

Prémio Carreira

O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp distingue o atelier ou pessoa no activo cujo trabalho e ideias tenham influenciado e continuem a ter um impacto profundo na prática e no pensamento arquitectónico actuais, sem colocar a ênfase no final de uma carreira, mas antes na ousadia da sua prática.

O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp galardoou, anteriormente, Denise Scott-Brown (EUA, 2019), Lacaton & Vassal (FR, 2016), Kenneth Frampton (UK, 2013), Álvaro Siza (PT, 2010) e Vittorio Gregotti (IT, 2007).

A selecção do galardoado está a cargo de um júri composto por Cristina Veríssimo (Portugal), Diogo Burnay (Portugal), N’Goné Fall (Senegal), Yael Reisner (Israel) e Zhang Ke (China), também responsável pela selecção do vencedor do Prémio Début. O galardão consiste numa obra de arte do artista plástico e escultor português Carlos Nogueira.

Em 2022 o painel foi composto por Alice Rawsthorn, Ana Dana Beroš, Bekim Ramku, Carlos Mínguez Carrasco, Chuka Ihonor, David Basulto, Denise Scott Brown, Ethel Baraona Pohl, Eve Arpo, Fabrizio Gallanti, Hanna Dencik Petersson, Herbert Wright, Jimenez Lai, Joanna Wasko, Josephine Michau, Julija Reklaitė, Marina Otero Verzier, Martynas Germanavičius, Matevž Čelik, Mimi Zeiger, Nathalie Weadick, Olamide Udoma-Ejorh, Paul Preissner, Paula Nascimento, Saimir Kristo, Sevra Davis, Shumi Bose, Sini Parikka, Taro Igarashi, Vera Sacchetti, Victoria Thornton, e Zahra Ali Baba.

Prémio Début

O Prémio Début Trienal de Lisboa Millennium bcp é um galardão que destaca um/a jovem profissional ou atelier de arquitectura para celebrar as suas conquistas e impulsionar o seu percurso profissional. Desde a sua última edição em 2019, o valor pecuniário atribuído a este galardão duplicou, tendo agora um valor de 10 mil euros.

As candidaturas a este prémio estão abertas, a nível mundial, a indivíduos até aos 35 anos de idade, ou colectivamente a um atelier de arquitectura abaixo dessa média etária. Um painel internacional de pessoas de referência na área da arquitectura selecciona um conjunto de nomeações, entre os quais o júri escolhe o premiado. Nas últimas edições, o júri premiou o júri premiou os espanhóis Bonell+Dòriga (2019), os chilenos Umwelt (2016) e o norte-americano Jimenez Lai, do Bureau Spectacular (2013).

A Trienal de Lisboa recebeu esta ano 95 candidaturas de 38 países do mundo – Portugal (22), Espanha (10), México (5), Argentina (4), Brazil (4), Itália (4), Reino Unido (4), Países Baixos (3), Rússia (3), Estados Unidos (3), Chile (2), França (2), Irlanda (2), Lituânia (2) e Suíça(2) – tendo ainda recebido uma candidatura de cada um dos seguintes países: Áustria, Bahrain, Bulgária, Congo, Costa Rica, Dinamarca, Equador, Estónia, Finlândia, Geórgia, Grécia, Hungria, Índia, Japão, Jordânia, Kuwait, Latvia, Nigéria, Paraguai, Polónia, Singapura, Tailândia, e Venezuela.

 

Prémio Concurso Universidades

O Prémio Concurso Universidades Trienal de Lisboa Millennium bcp convoca instituições académicas de todo o mundo a participar na Trienal 2022 em duas categorias: mestrado e investigação. As melhores propostas serão expostas num núcleo integrado em cada uma das exposições centrais da Trienal 2022.

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