Atelier de arquitetura paisagista Terra venceu a 1ª edição do Urban Garden Award

Categorias: Arquitetura

O atelier de arquitetura paisagista Terra venceu a 1ª edição do Urban Garden Award. Um projeto que propõe a redução dos automóveis, a aposta nas bicicletas e nos elétricos ao longo do eixo entre o aeroporto e o rio Tejo.

Um corredor verde e uma ciclovia entre o aeroporto Humberto Delgado e a estação fluvial Sul e Sueste, que faz a ligação de barco com o Barreiro, a redução do tráfego automóvel, a aposta nos elétricos são algumas das propostas que levaram o atelier de arquitetura paisagista Terra a vencer a primeira edição do Urban Garden Awards, um concurso internacional de ideias organizado pela Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas e da plataforma de arquitetura IF-Ideasforward.

O objetivo deste prémio era marcar o centenário do nascimento do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, lançando o desafio aos concorrentes de criarem um percurso “from de the port to the airport”, ou seja, entre a praça das partidas do aeroporto e a praça da estação dos barcos para o Barreiro, apostando em intervenções na rotunda do Relógio, avenida Gago Coutinho, Areeiro, alameda Dom Afonso Henriques, avenida Almirante Reis, praça do Chile e Martim Moniz.

Sobre o Projeto

O projecto começou por refletir sobre o contexto histórico destas zonas da cidade de Lisboa, bem como compreendermos os ensinamentos e projectos de Gonçalo Ribeiro Telles na cidade de Lisboa e nos limites da área de intervenção através de um levantamento histórico: projectos que ainda hoje são uma referência na cidade e que de uma forma ou outra influenciam decisões posteriores a nível de crescimento urbano da cidade e contribuíram para a sua amenidade: Os Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, os Jardins do Castelo de São Jorge, os projecto do Bairro das Estacas, a intervenção no Bairro e na Mata de Alvalade, o projecto para a Alameda da Encarnação e da Praça de Santo Eugénio, a arborização de várias avenidas ao longo desta área, e por último a ideia dos Corredores Verdes e da defesa dos leitos de cheia.

Mobilidade

Um outro tema crucial da nossa abordagem é a de um novo modelo de mobilidade urbana e pela procura de soluções que passem por reduzir a utilização do automóvel na cidade e pela implementação de alternativas mais ecológicas.

A nossa proposta geral de intervenção a nível de mobilidade no percurso desde a Praça da Estação Fluvial até ao Aeroporto de Lisboa passou pela preferência pela mobilidade suave – andar a pé ou de bicicleta, ou, não sendo possível fazer todo o percurso por este meio, recorrer a transportes públicos, adotando uma mobilidade multimodal. Desta forma, ao longo do percurso tornamos os passeios mais largos, demos preferência à ciclovia ao longo da proposta.

Pedonalização

A proposta assenta igualmente num dos conceitos mais discutidos nos últimos anos com base no plano que Carlos Moreno implementou para a cidade de Paris até 2025 que é a cidade dos 15 minutos. O conceito defende que a melhor mobilidade é aquela que é mais reduzida e que garante a acessibilidade a tudo o que precisamos para o nosso dia a dia. Sendo que essa distância deverá ser até 15 minutos, seja a pé ou de bicicleta.

Este principio tem como objectivo trazer o sentido de comunidade. Devolver as cidades às pessoas combatendo as alterações climáticas e tornando-as mais sustentáveis.

Este conceito de proximidade está aliás presente no que são as bases dos princípios da Arquitectura Paisagista em Portugal, com um grande enfoque na actividade projectual da primeira geração de Arquitectos Paisagistas na Câmara Municipal de Lisboa para o Bairro de Alvalade, entre os quais trabalhou Gonçalo Ribeiro Telles, Edgar Fontes, Manuel Azevedo Coutinho e Manuel Sousa da Câmara.

“O Bairro de Alvalade construído entre 1945 e 1970 incorpora influências do Movimento Moderno, da qual resultaram alterações significativas do modo de observar e conceber o espaço urbano, destacando-se entre estas, a abertura do logradouro a uma lógica de fruição comum e de implementação de uma rede de percursos pedonais necessária à aplicação do “conceito de vizinhança”, de que resultou uma malha de espaços urbanos intersticiais com características particulares.”

Esta ideia de Interligar espaços e territórios (coser a cidade), erguendo pontes “quando não podemos ir a pé, saltamos” – unir sítios e pessoas é também fundamental e um dos princípios defendidos por Gonçalo Ribeiro Telles.

Ciclovias

Ao longo do percurso a ideia da nossa intervenção seria o de criar uma ciclovia contínua que fizesse a ligação entre o Porto e o Aeroporto. Priorizar este modo de transporte pareceu-nos uma das medidas mais importantes num tempo em que deveríamos estar cada vez menos dependentes de combustíveis fósseis e de recursos não renováveis que contribuem para o problema das alterações climáticas.

Transportes Colectivos

O elétrico e a reabilitação das antigas linhas de elétrico são outros dos pontos que nos pareceram importantes realçar na nossa proposta. Sendo elétrico e não dependente de combustíveis fósseis é das formas mais sustentáveis neste momento de mobilidade na cidade, sendo indicada como uma das formas de transporte do futuro.

 

Colaboração com Premissa: Arq. Joao Francisco Coelho, Arq paisagista Joana Azevedo, Arq Paisagista Camila Feital.

 

© DR

Fotografias: Atelier Terra e IF-Ideasforward

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