Atelier OH!LAND STUDIO vencedor do concurso do Parque da Encosta do Conventinho

Categorias: Arquitetura

A proposta DI-COTOMIA – PARQUE AGRO-ECOLÓGICO do atelier OH!LAND STUDIO saiu vencedor do concurso público para a elaboração do projecto do Parque da Encosta do Conventinho para a ampliação do Parque Adão Barata, em Loures.

O programa preliminar definia como objectivo o reforço das grandes áreas de equipamentos e de espaços verdes da cidade, mantendo a identidade rural do parque, consolidando a ligação entre os restantes parques urbanos existentes e propostos, formando uma cintura verde e um continuum naturale em torno da cidade, materializando a Estrutura Ecológica Urbana e criando uma continuidade, visual e física

O programa deveria dar resposta às diversas actividades a introduzir na área de intervenção: recreio, estadia, lazer e produção e, simultaneamente, promover o equilíbrio formal do conjunto com ligação à envolvente, tomando como estratégia de intervenção a implementação de um espaço público de transição entre espaço urbano e o rural que prima pela funcionalidade e conforto, enfatizando as componentes estéticas e ecológicas do local onde está inserido.
Aqui apresentamos o texto síntese da proposta vencedora:
O desenvolvimento da proposta que agora se apresenta, teve por base o programa do concurso fornecido, seguindo as indicações e informações do programa funcional apresentado. Existiu especial atenção na articulação dos programas internos não descurando a organização externa e de articulação e hierarquização dos espaços, tudo isto numa lógica de integração paisagística que faz valer o mérito do valor ambiental do sítio, privilegiando as pré-existências enquanto lugares consolidados na vivência quotidiana.

A transformação deste espaço, que preserva histórias e memórias, para além das funções ecológicas importantes para a consolidação da cintura verde de Loures, num espaço coletivo, social e dinâmico, com características de parque público, teve como desafio central, o que para nós foi a sua maior valência, a inter-relacionamento dos diversos espaços, dos elementos naturais, equipamentos e referências, construídas, reformuladas ou existentes. Para isso, adotou-se como estratégia orientadora da proposta a preservação das qualidades naturais desta paisagem, através da adoção de materiais e soluções construtivas integradas, nomeadamente mantendo as vistas estabelecidas na encosta, para o centro da cidade e para o mosaico agrícola.
Para organizar um parque neste ambiente, significa articular estes elementos, a fim de torná-los muito presentes e visíveis para os utilizadores do parque.

 

SARA MADURO
Pelo sua alta qualidade, apresentamos também a proposta que ficou em segundo lugar.

Texto síntese :

O projecto parte de uma análise á escala territorial, colocando em evidência a topografia e orografia. Nesta análise surge com clareza a dominante agrícola e antrópica da organização do território associada às principais linhas de água como estruturante da paisagem, assim como a importância destes elementos de continuidade na construção da estratégia de espaços públicos do concelho de Loures. O Parque da Encosta do Conventinho, ocupa uma posição central na concretização desta estratégia, embora na actualidade a sua envolvente seja caracterizada pelo desenvolvimento urbano associado à construção de infraestruturas de comunicação que fisicamente se constituem como uma barreira. O interesse da situação topográfica e orográfica, que se mantém inalterada, associada à ocupação de cariz rural cujo património arquitectónico da Quinta do Conventinho e da Quinta do Peixeiro são evidências, confere a este lugar o potencial de desenvolvimento com base nas suas características naturais. A sua posição especifica, numa zona de limite entre a urbanização e a paisagem agrícola da Várzea de Loures, determina a abordagem ao projecto, que tem como objectivos gerais:

1. Conferir unidade a um território que se encontra entre dois modelos de aglomeração.

2. Diluir este limite, que deixa de ser lido como uma demarcação entre urbanização e a paisagem agrícola, configurando um terceiro espaço.

3.Desenhar esta paisagem intermédia através do espessamento dos elementos naturais presentes, na qual a agricultura e a pastorícia têm um papel central do ponto de vista estrutural, funcional e estético.

TOPOGRAFIA

Partindo do principio que a topografia existente é uma das características naturais determinantes da área de intervenção, o projecto opta por não fazer alterações significativas, utilizando a situação existente como premissa para o desenho do Parque. Assim a estratégia de intervenção assenta no desenvolvimento de 3 acções principais:

1. Criação de uma hierarquia de percursos estruturante do Parque e da sua envolvente: a) desenhando um percurso principal que une as extremidades do Parque, não alterando a topografia e os elementos naturais; b) criando uma rede de percursos secundários que servem de forma capilar os diferentes espaços.

2. Concentrar os equipamentos e pontos de estadia formais, de forma a libertar uma grande área para espaços de estadia informais. 3. Desenhar os elementos principais, necessários à utilização do Parque em simbiose com os elementos naturais.

O projecto vê o parque como um elemento de interligação.

A ÁGUA COMO ESTRUTURANTE DA INTERVENÇÃO

A condição topográfica desta área põe um enfoque claro no papel do parque na estratégia de combate às consequências às alterações climáticas, sobretudo no que diz respeito à água. A proposta responde a esta questão através de duas estratégias complementares: criando uma infraestrutura biológica composta por açudes e bacias de retenção à superfície, e uma infraestrutura subterrânea capaz de absorver a acumulação em períodos de precipitação repentina em alguns casos associada à sua utilização para irrigação das áreas agrícolas. O parque constitui um lugar resiliente, capaz de absorver as dinâmicas naturais da água em contexto urbano, traduzindo-as em espaços de regulação hidrológica, apropriação lúdica e requalificação das estruturas associadas às práticas agrícolas.

VEGETAÇÃO

Ao desenhar o parque a partir dos elementos naturais existentes como as linhas de água, é promovido a diferenciação de dois sistemas distintos da paisagem, o sistema seco, de cumeada que separa e encaminha a água e o sistema húmido de canalização e acumulação de água. A cada um dos sistemas correspondem paisagens distintas, mas interdependentes, que reflectem as suas características naturais, a sua promoção permite uma paisagem mais resiliente que reflecte e aumenta a biodiversidade, bem como a fácil adaptação ás alterações climáticas. Um parque que agrega no seu desenho as condições ecológicas pré-existentes, permite fomentar a sua perenidade com baixa manutenção e aumentar a diversidade da paisagem tornando-a mais complexa. Entre os dois sistemas, nas vertentes suaves do parque são propostos prados biodiversos de sequeiro e também de regadio. Estes prados com uma grande diferenciação ao longo do ano, permitem um coberto natural do solo e promovem a diversidade da fauna presente no parque, bem como a mitigação das alterações climáticas pela fixação de grandes quantidades de CO2 nos solos não mobilizados ocupados por estas culturas.

© APAP

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