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No dia 3 de Julho a OA celebra o aniversário da publicação do seu Estatuto e presta pública homenagem a Francisco da Silva Dias, numa cerimónia a ter lugar na sede nacional da Ordem dos Arquitectos, pelas 18h00.
Homenageie Francisco Silva Dias. Junte-se a nós no Dia Nacional do Arquitecto 2012, na imagem, Francisco da Silva Dias; pormenor de moradia unifamiliar em Vale Pereiro – Azeitão. Projecto 1968-1975
Deliberação do CDN
O Dia Nacional do Arquitecto, comemorado a 3 de Julho, visa celebrar anualmente a função social, a dignidade e o prestígio da profissão de arquitecto em Portugal, assinalando a data de publicação do Estatuto da Ordem dos Arquitectos, a 3 de Julho de 1998, assim como a data de revogação do Decreto 73/73 com a publicação da Lei 31/2009, a 3 de Julho de 2009.
A sessão solene desta celebração implica a homenagem a um arquitecto que, pelo seu testemunho exemplar, traduza a singularidade deste Dia Nacional.
Neste contexto, propõe-se que o homenageado em 2012 seja o Arqº Francisco Silva Dias.
Francisco David Carvalho Silva Dias (Lisboa, 1930) dedicou grande parte da sua vida a intensa e generosa actividade associativa, tendo sido outorgante da escritura pública da constituição da Associação dos Arquitectos Portugueses (1978) e o primeiro Presidente eleito da AAP enquanto associação de direito público (1990-92), após ter sido Presidente do Conselho Directivo da Região Sul da AAP (1984) e Presidente do Conselho de Delegados da AAP (1988). Foi também Presidente do Conselho de Arquitectos da Europa (1992) e, em nome da AAP, seu membro fundador (1990). Foi igualmente o primeiro Presidente do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (1991). Entre 2006 e 2011, desempenhou exemplarmente as funções de Provedor da Arquitectura da Ordem dos Arquitectos. É Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos desde 2003, designadamente pela sua participação no Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa (1955-60), em equipa com Nuno Teotónio Pereira e António Pinto de Freitas (Zona 4/ Estremadura e Ribatejo).
Diplomou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1957, cujo concurso para obtenção do diploma de arquitecto (CODA) – Aspectos do Problema de Habitação em Portugal – Projecto de uma Unidade de Habitação Colectiva – versaria a questão da habitação, um dos seus temas de eleição ao longo de toda a sua vida profissional, cívica e política. Neste âmbito, destaca-se a sua participação na operação SAAL do Alto dos Moinhos (1975), com ensaio de utilização de casas-pátio evolutivas, de baixa altura e alta densidade, na sequência dos estudos no Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre tipologias de edifícios e formas evolutivas da habitação (1970), com Nuno Portas. Outro dos seus temas de eleição será o urbanismo e o planeamento do território, com particular destaque para o Plano de Urbanização de Chelas (1961-) e para o Ordenamento Geral do Território e Planeamento do novo Centro Urbano de Santo André (1976-78) em Sines. Aliás, a sua obra como arquitecto e urbanista é vastíssima, seja como profissional liberal, seja como funcionário municipal (Luanda, Almada ou Lisboa).
Foi docente de disciplinas na área do Planeamento Urbano no Curso de Arquitectura da ESBAL (1978-84) e da sucessora Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (desde 1984), onde se doutorou com tese intitulada Raízes e Perspectivas do Urbanismo Meridional Português: A Arte Urbana dos Aglomerados Portugueses de Influência Mediterrânica (2000). Tem, também, vasta obra escrita e publicada, tendo sido colaborador de inúmeras revistas ligadas à arquitectura e à cultura portuguesa.
Francisco Silva Dias constitui um exemplo paradigmático para os arquitectos portugueses, desde logo por personificar a função social, a dignidade e o prestígio da própria profissão, mas também por ter procurado afirmá-la em Portugal durante toda a sua vida adulta. Tal exemplo confunde-se, igualmente, com a sua entrega à cidadania activa e à consequente actividade socio-política, cujas verticalidade, coerência, civilidade e defesa do bem-comum sempre foram amplamente reconhecidas, incluindo por adversários. Mesmo diante de inevitáveis consequências, insurgiu-se contra as injustiças, militou contra o Estado Novo, lutou por melhores condições para os menos favorecidos e por um mundo melhor para todos, e assumiu plenamente os seus ideais na actividade política, designadamente como deputado municipal em Lisboa.
Esta são, entre outras, algumas das razões que justificam a homenagem a Francisco Silva Dias no Dia Nacional do Arquitecto 2012.