Expo Dubai: “Uma caravela simbólica que indicia a urgência de novos caminhos”

Categorias: Arquitetura

“Uma caravela simbólica que indicia a urgência de novos caminhos” – O pavilhão de Portugal, assinado pelo arquitecto Miguel Saraiva, do Atelier Saraiva + Associados em parceria com o Grupo Casais, foi formalmente entregue à Expo Dubai. O evento arranca dia 1 outubro.

“O mundo inteiro num país”. Como se desenha tudo isso num pavilhão?

Foi um desafio imenso transportar um país quase milenar, com um património histórico e cultural inigualável para um “momento” arquitetónico de imagem singular e de espaço contido, para cruzar o passado e viver no futuro.

“Um Mundo num País” é materializado pela interação, acolhimento e inclusão, valores que projetamos no presente e no futuro, num espaço aberto a todas as culturas. Trata-se de uma área não vedada, em continuidade plena com o espaço público, num apelo à visita já estimulada pela singularidade e força do edifício captadas num primeiro olhar.

Esta “Caravela” abstrata e simbólica, representativa do futuro, como que desafiando as leis da gravidade, eleva-se do chão indiciando a urgência de novos caminhos e de novas viagens. A ênfase neste presente e futuro foca-se na língua portuguesa como elemento unificador, mas também na manifestação de uma modernidade, inovação e multiculturalidade, um forte apelo à visita e à interação cultural, mas também à inovação e ao desenvolvimento tecnológico.

A abordagem arquitetónica que desenvolvemos para o Pavilhão, ligando pessoas e projetando o futuro, coincide com o símbolo que apresentamos – Caravela Portuguesa como materialização do contacto entre pessoas e civilizações e assim chegamos ao “Mundo inteiro num país”.

Qual foi a sua inspiração maior para criar este conceito do pavilhão de Portugal?
Comecei por fazer uma retrospetiva de como nós, Portugueses, desde sempre nos posicionámos perante o mundo, o que nos levou a percorrer o passado até chegarmos ao caráter destemido e aventureiro que está enraizado na nossa história. Cruzámos fronteiras e arriscámos, levámos Portugal aos 4 cantos do mundo. Assim chegámos à materialização deste “ir”, tão tipicamente português, e pela primeira vez suportei o meu desenho numa forma simbólica – a Caravela, como símbolo maior da nossa ligação com o Mundo num processo alargado de interação, a génese da Globalização, um tema de grande atualidade.

A partir da Caravela, o mundo abriu-se aos portugueses.

Alcançámos, Descobrimos, Criámos, Misturámos. Estas constituíram as linhas de força associadas à diversidade e materializaram-se simbolicamente na Caravela que desde a primeira viagem no sec. XV e o início dos Descobrimentos, afirma o sentido Universalista Português.
A Caravela resume em si a capacidade e determinação na descoberta, hoje e no futuro, no encontro, na troca, mas também na mistura e no contacto com os Povos, na ligação e no afeto.

Qual a maior dificuldade neste projeto?
Conceptualmente foi desenvolver um pavilhão com uma forte identidade visual, que no seu interior respondesse a um programa base coerente e funcional e, simultaneamente seja um espaço de descoberta constante ao ser percorrido. Outras dificuldades sentidas prenderam-se com a distância e o acompanhamento da obra e o facto de ser um equipamento temporário, com uma necessidade de incorporar a reutilização do edifício.

De que forma as altas temperaturas (45 graus) condicionaram a escolha de materiais?
Mais do que a escolha dos materiais, foi a solução de ensombramento criada através do “levitar” do edifício e a criação de uma praça agregadora no piso térreo, totalmente coberta. Acima de tudo a escolha da cor branca (refletora), um grande ensinamento da arquitetura tradicional portuguesa.

Que materiais nacionais estão incorporados? (calçada portuguesa, azulejos da Viúva Lamego, cadeiras e candeeiros em cortiça e até oliveiras, certo?)
Foram incorporados vários materiais portugueses, não tendo sido fácil por questões orçamentais e logísticas. A empresa CASAIS, construtora do pavilhão, foi de uma disponibilidade enorme, e conseguimos integrar alguns elementos-chave como o azulejo Viúva Lamego, a Cortiça, utilizada, por exemplo, no mobiliário e na iluminação e até uma Oliveira, na “varanda”. Tudo unificado pela calçada portuguesa, na praça principal.

E a iluminação é portuguesa?
A iluminação e o know how são portuguesas e, para além do fornecimento, foi suportada num Light design nacional.
A feira é vivida dia e noite e o destaque do pavilhão é conseguido pela sua arquitetura e também pelas soluções de luz envolvendo um cuidado extremo na iluminação cénica. Todos os elementos ajudam a contar a história que a “Caravela” nos trás.

©DN

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