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O Sesc 24 de Maio, em São Paulo, Brasil, abriu esta semana ao público a exposição “Infinito Vão: 90 Anos de Arquitectura Brasileira” com curadoria de Fernando Serapião e Guilherme Wisnik –, que fica patente até 27 de junho de 2021.
A mostra realizada pela Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura, onde esteve patente entre setembro de 2018 e setembro de 2019, viajou para território brasileiro no âmbito de uma parceria com o SESC São Paulo e reúne cerca de 90 projetos de arquitetura de 96 profissionais, entre eles Lucio Costa, Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha. É a primeira exposição da Casa da Arquitectura a ser exibida fora de Portugal.
Realizando um recorte na história da arquitetura brasileira, a exposição parte dos anos 1920, marcados pela Semana da Arte Moderna de 1922, até os dias atuais. A mostra aborda a liberdade de criação trazida pela modernidade e pela contemporaneidade advindas de novas perspetivas artístico-culturais em contraponto à arquitetura clássica, influenciada por construções europeias.
Infinito Vão é realizada pela primeira vez em território brasileiro e reúne obras que vão
desde a Casa Modernista de Gregori Warchavchik até os movimentos ligados ao “Direito à Cidade” e ao emaranhado de coletivos e ocupações que discutem o tema da habitação nos anos 2010.
Entre as obras expostas está o próprio edifício do Sesc 24 de Maio, inaugurado em 2017, projeto de intervenção arquitetónica num antigo prédio da cidade de São Paulo, elaborado por Paulo Mendes Rocha e o escritório MMBB Arquitetos. Localizado no centro histórico da cidade de São Paulo, entre as ruas 24 de Maio e Dom José de Barros, o prédio – escolhido para receber a exposição – possui uma arquitetura arrojada, típica da criação contemporânea, que Mendes da Rocha demonstra em 13 andares interligados por rampas e envidraçados, procurando “agradar ninguém, mas a todos de uma vez só”, nas palavras do arquiteto. Este edifício integra é ele próprio parte integrante da Coleção de acervo da Casa da Arquitectura e da exposição.
Um dos pressupostos das linhas curatoriais é que a arquitetura faz parte de um contexto cultural e histórico amplo, coexistindo e compartilhando referências com outras linguagens, como as artes plásticas, a literatura e a música. Esta última, em particular, assume um papel de destaque na exposição, uma vez que cada um dos seis núcleos expositivos, divididos pelos curadores conforme contextos histórico-culturais, faz menção a uma composição da época. Os núcleos recebem os seguintes nomes: Do Guarani ao Guaraná (1924-43); A Base é uma Só (1943-57); Contra os Chapadões Meu Nariz (1957-69); Eu Vi um Brasil na TV (1969-85); Inteiro e Não pela Metade (1985-2001) e Sentimento na Sola do Pé (2001-2018).
Esta foi a primeira exposição feita inteiramente a partir dos acervos da Casa da Arquitectura e com apenas 1,5% do material da Coleção Brasil, “um conjunto muito vasto de material que permitirá outras futuras leituras”, assinala o Diretor-executivo da Casa da Arquitectura. Segundo Nuno Sampaio, “esta exposição montada no Brasil, com necessários ajustes ao espaço e inclusão de alguns elementos artísticos, que somam as artes plásticas à música e à literatura, tal como aconteceu em Matosinhos, permitem agora mostrar a excelência da produção arquitetónica brasileira no próprio país de origem”.
O Diretor-executivo da CA salienta a “positiva articulação entre as duas instituições e o incansável trabalho dos curadores, Guilherme Wisnik e Fernando Serapião” e reforça a importância desta itinerância no âmbito da estratégia da Casa da Arquitectura de poder trabalhar em rede com outras instituições internacionais. Não só para receber o que de melhor se faz lá fora, mas, também, mostrar lá fora a produção da instituição, valorizando ainda mais os acervos e projetos que estão ao seu cuidado. “Cumpre-se assim o desígnio da Casa de mostrar ao público aquilo que trata e arquiva, nacional e internacionalmente.”
A exposição Infinito Vão: 90 Anos de Arquitetura Brasileira recebeu quase 18 mil visitantes durante o período em que esteve patente na Casa da Arquitectura, em Matosinhos. O Programa Paralelo produziu um imenso rol de atividades com 29 dias de eventos distribuídos ao longo de um ano, tanto em Portugal como no Brasil, que registaram 21 330 participantes.