Inauguração da Biblioteca Municipal de Baião obra do Traço Alternativo Arquitectos Associados

Categorias: Arquitetura

No passado dia 14 de Janeiro, decorreu o evento de inauguração da Biblioteca Municipal de Baião, a mais recente obra do estúdio de arquitectura Traço Alternativo Arquitectos Associados.

Uma biblioteca que remete para o imaginário do livro “A Cidade e as Serras”. Uma Vila do interior, Baião, que luta contra o isolamento e a diminuição demográfica, e decidiu empreender este projecto desafiante que permitirá às gerações futuras fixarem-se, formarem-se enquanto pessoas e enquanto cidadãos

A construção de espaços culturais como este permite que os jovens aprendam, sonhem e o mundo avance, parafraseando o ministro da cultura Pedro Adão e Silva na cerimónia de inauguração.

As principais premissas que estiveram na base do projeto foram: a reconversão funcional do edifício pré-existente (uma antiga escola primária), a fusão entre passado e presente, a polivalência funcional do equipamento, a criação de tensões entre novo e antigo, entre cheio e vazio, entre aberto e fechado. Sempre tendo por base o respeito pelo passado e pelo presente, mas com os olhos postos no futuro.

Funcionalmente a entrada principal na biblioteca faz-se na entrada da antiga Escola, edifício onde tantas gerações estudaram. Pareceu fazer sentido a entrada ser mantida quase como uma forma de homenagear as gerações passadas, mas também as atuais e as futuras, trazendo o passado para o presente e projetando-o para o futuro. As novas gerações seguirão as anteriores gerações e também aqui virão adquirir conhecimento.

A receção funciona como o coração do equipamento. Permite o acesso a todos os espaços. Em frente a está o bar com esplanada, à esquerda os serviços administrativos e à direita a sala de formação, espaço expositivo e pequeno auditório. Um núcleo de acessos verticais permite aceder ao piso superior onde funciona a secção dos adultos que permite contemplar a silhueta das serras no horizonte (remetendo para o imaginário da “A Cidade e as Serras” do Eça, e no piso inferior está localizada a secção infantil, que permite a articulação com o jardim por forma a possibilitar várias atividades educativas.

Houve a necessidade de criar uma segunda entrada, que permitisse o acesso a pessoas com dificuldades de locomoção. Essa segunda entrada também permite responder à premissa conceptual da polivalência do equipamento, pois permite que este tenha outros usos em horários em que a Biblioteca está encerrada. Permite acesso a um espaço expositivo, a um pequeno auditório, a uma sala de formação e a um bar de apoio, permitindo potenciar as mais diversas manifestações e eventos culturais. Este edifício também pretende ser um espaço das artes, da cultura. Um lugar de reunião e convívio.

O edifício da antiga Escola primária tem uma forte relação com a Avenida e o novo corpo abre para a paisagem a Norte. A abertura para Norte também permite que o ato de ler e de consulta de documentos seja confortável pois há a possibilidade de em alguns períodos essa leitura ser feita de forma natural sem a necessidade de recorrer à utilização de luz artificial.

Os dois corpos fundem-se numa só entidade, e isso é conseguido através do uso dos mesmos materiais que revestem o interior e o exterior dos dois volumes, que apesar de distantes no tempo estão próximos na sua materialidade e imaterialidade. Contrastam sem serem contrastantes.

Como as pessoas que habitam esta região, que são extremamente abertas, francas, hospitaleiras, transparentes, assim o edifício foi concebido com grandes janelas e muita luz. Uma obra franca e honesta.

Este projeto materializou-se num edifício pleno de significado, que irá perdurar no tempo, levar consigo a nossa memória e as nossas memórias.

 

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