
A sessão de lançamento da 21ª edição do Prémio Fernando Távora, irá decorrer no próximo dia 7 de Abril, pelas 18h00, na sede da Ordem dos Arquitectos – Secção Regional do Norte (OASRN), Rua de Álvares Cabral, 144, Porto. Também irá se realizar a conferência “Na Linha da Frente: a Arquitectura do Bunker nas Linhas de Defesa da Europa Central na 2ª Guerra Mundial” proferida pelos vencedores da 19ª edição, Arquitetos Maria Rita Pais e Luís Santiago Baptista.
Entrada gratuita, com inscrição obrigatória > AQUI
Sobre a Conferência
Na Linha da Frente é uma viagem no espaço e no tempo da defesa militar europeia do século XX, quando a tensão política e militar fez nascer linhas de estruturas invisíveis em betão armado, baseadas em novas dinâmicas estratégicas e territoriais. O investimento científico e financeiro no desenvolvimento destas construções justificou a sua inovação material e tecnológica, tipológica e morfológica, topográfica e paisagística. A sua operacionalidade seria marcante, mas breve, legando-nos uma série de estruturas bélicas inoperantes maioritariamente devolutas. Hoje, os bunkers exigem uma reflexão crítica não só pelo confronto com a sua história problemática e traumática, mas pela consciência da situação geopolítica contemporânea, com a disputa de novas fronteiras territoriais e a reativação dos seus sucedâneos da era nuclear.
Sobre Maria Rita Pais
Natural de Lisboa, Maria Rita Pais é Doutorada em Arquitetura pela FAUTL, desde 2012. Arquiteta, professora, investigadora e curadora, formou-se em Arquitetura na mesma instituição, em 1999, e é ainda Mestre em Construção pelo IST, desde 2004.
Atualmente, leciona e coordena o Doutoramento em Arquitetura na ULHT (com Carlos Guimarães) e é vice-diretora para Lisboa do centro de investigação Arq.ID. É também professora convidada na FAUL, desde 2022. É co-curadora do Lisbon Open House 2018 (com Luis Santiago Baptista); do Habitar Portugal 2009-2011 (com Susana Ventura e Rita Dourado) e co-curadora e co-editora do livro Viagem ao Invisível: Espaço, experiência, representação (com Luís Santiago Baptista), entre outros projetos.
Mantém interesses de investigação em torno da arquitetura ligados às suas representações e aos media que as divulga, avaliando o seu impacto na prática artística e nos meios editoriais. Em particular, trabalha em torno de metodologias de investigação ligadas à interpretação e experimentação da arte como forma de aprofundamento da compreensão do espaço e da arquitetura.
Sobre Luís Santiago Baptista
O arquiteto Luís Santiago Baptista, natural de Lisboa, desenvolve uma atividade multifacetada, compreendendo a prática profissional, a docência universitária, a crítica de arquitetura, a curadoria de exposições e a edição de publicações.
Mestre em Cultura Arquitectónica Contemporânea (FA-UTL) e doutorando em Cultura Arquitectónica e Urbana (DARQ-UC), está a desenvolver, neste momento, a tese Point de Folie: As Estratégias da Desconstrução na Arquitectura Contemporânea 1978-2001, com investigação na Architectural Association de Londres, no MoMA de Nova Iorque e no CCA em Montreal.
Foi assistente convidado na FA-UTL e é, atualmente, professor auxiliar convidado na ESAD-CR e na ECATI-ULHT. Na área das publicações, foi diretor da revista de arquitetura e arte arqa (2006-16) e é agora co-diretor do J-A Jornal Arquitectos (OA, 2022-24). Destacou-se ainda enquanto curador do ciclo Geração Z: Práticas Arquitectónicas Portuguesas Emergentes (OA, 2007-12), “Falemos de casas” … em Portugal (Trienal de Arquitectura de Lisboa 2010), ARX arquivo (CCB, 2013), Arquitectura em Concurso: Percurso Crítico pela Modernidade Portuguesa (OASRS/CCB, 2016), Fernando Guerra: Raio X de uma Prática Fotográfica (CCB, 2017), Almada: Um Território em 6 Ecologias (Museu de Almada, 2020) e Viagem ao Invisível (OASRS/DGArtes, 2016-19).
Importa salientar que a 19.ª edição do Prémio Fernando Távora contou com o maior número de participantes dos últimos três anos e o júri foi constituído pelo ator e encenador Ricardo Pais e pelas arquitetas Andrea Soutinho (indicada pela Fundação Marques da Silva), Ana Vieira (indicada pela Casa da Arquitectura) e Susana Ventura (em representação da OASRN). Também Maria José Távora, filha do mestre Fernando Távora, foi designada pela família e integrou o grupo de jurados.
Escolhido por unanimidade, o júri reconheceu que o trabalho “Na Linha da Frente. A arquitectura do bunker nas linhas de defesa da Europa Central” se destacou por ser “uma proposta consistente, com um plano de viagem extremamente bem estruturado e pormenorizado, demonstrando preparação prévia rigorosa. O projeto apropria-se e reformula o próprio conceito de viagem, através da forma como os candidatos pensaram a relação com o território e a especificidade na aproximação a cada um dos lugares.”
“Um dos fatores que pesou na distinção desta proposta face às demais, prende-se com o seu conteúdo imagético e de fascínio por estes objetos arquitetónicos, de alguma forma ocultos e desconhecidos, inscrevendo-a numa reativação dos problemas de fronteira e de guerra que nos vêm afligindo. A proposta procura a discussão do passado destes objetos, também em Portugal, e da sua importância para a memória coletiva futura.”, salienta o júri.
Sobre o Prémio
Promovido anualmente pela OASRN em homenagem ao arquiteto Fernando Távora, em memória da sua figura que influenciou gerações sucessivas de profissionais pela sua atividade enquanto arquiteto e pedagogo, o Prémio resulta na atribuição de uma bolsa de viagem e é destinado a todos os inscritos na Ordem dos Arquitectos.
O conceito parte do facto de que, desde estudante e durante toda a sua vida, Fernando Távora viajou incessantemente para estudar no terreno a arquitetura de todas as épocas em todos os continentes, utilizando-a, desde 1958 até 2000, como conteúdo e método da sua atividade pedagógica. As suas aulas e a sua prática projetual consolidaram, em sucessivas gerações, em Portugal e no estrangeiro, a ideia de que o conhecimento da História e da Cultura são indispensáveis para a produção da Arquitetura Contemporânea.
Simultaneamente, é a própria prática da arquitetura que hoje se desenrola cada vez mais no palco mundial, transcendendo largamente os contextos locais. Arquitetos de todo o mundo contribuem com propostas para outros países, outras culturas, e nesta realidade global, de intensas trocas de experiências, é importante preparar os arquitetos através de experiências reais de confronto in loco.
Cumprir-se-á́, assim, uma das heranças do arquiteto portuense: a extraordinária capacidade de investigar sobre o sentido das coisas, as suas raízes, a grande curiosidade pelo outro, ancorada numa forte ligação ao seu contexto de origem, na defesa da dignidade do Homem e respeitador das suas diferenças.
O Prémio Fernando Távora destina-se por isso a perpetuar a memória do arquiteto, valorizando a importante contribuição da viagem e do contacto direto com outras realidades na formação da cultura do arquiteto.