
O projeto do Museu de Vila do Bispo, do atelier português Spaceworkers, está pré-selecionado para os Architecture Hunter Awards 2025, na categoria Institutional Facilities.
O projeto de arquitetura do museu, resulta da reabilitação de antigos celeiros. Além do espaço dedicado ao espólio museológico, o equipamento dispõe de auditório, serviço educativo, centro de documentação, loja, cafetaria e esplanada.
A Spaceworkers, empresa de arquitetura com sede em Paredes, é dirigida pela dupla de arquitetos de Rui Dinis e Henrique Marques, para quem “este reconhecimento reforça a dedicação a uma arquitetura que respeita o lugar, valoriza a memória e desafia as convenções”.
O Museu de Vila do Bispo – O Celeiro da História, aberto ao público em janeiro de 2024, resulta da reabilitação dos antigos Celeiros de Vila do Bispo – EPAC, edifício que estava a degradar-se e que foi transformado num equipamento cultural que mostra ao visitante o património local.
“Preservar a identidade do local e as características do edifício em causa deu-nos o mote para a intervenção. Assim sendo, propusemos a adição de um novo volume à construção existente, como que replicando a forma das naves contíguas, apelando a uma ideia de continuidade urbana e formal, mas que ao mesmo tempo, conseguisse chamar a si uma identidade própria capaz de se constituir como a entrada principal do conjunto e assumir a sua intervenção no tempo, valorizando e salvaguardando a imagem do edifício existente.
O novo volume, estende-se até ao limite sul do lote, albergando nele as funções técnicas, administrativas e sociais, libertando deste modo todo o miolo interior dos “armazéns” existentes para receber a área expositiva, assumindo assim a função mais importante desta intervenção.
As duas naves anteriormente existentes, com cerca de 680m2 de área coberta, assumem uma cor mais neutra, cinza, no sentido de as homogeneizar e garantir a sua abstração formal. No interior, essa mesma nave reveste-se de negro, de forma a dar destaque à forma dinâmica que recebe a exposição, uma espécie de pegada orgânica, que cria bolsas de exposição temáticas e organiza o percurso expositivo de forma clara e intuitiva.
Em contraste com esta tentativa de abstração cromática do existente, surge o novo volume, totalmente em betão aparente, para o qual propomos uma pigmentação vermelha, assumindo-se como um ponto de referência na paisagem urbana e aérea assinalando de forma indelével o território. Este “remate” formal do existente, recria a forma deste, de uma forma delicada, num equilíbrio entre cheios e vazios, que hierarquizam entradas, espaços de estar e de relação com a paisagem envolvente.
O resultado final é um museu que da a ideia de sempre ali ter existido, tanto para os mais velhos que se lembram dos celeiros, como para os mais novos que se lembra do museu vermelho e que faz parte da imagem colectiva da população”. — Spaceworkers