Nuno Silva e Alberto Montoya, obtiveram uma menção honrosa no concurso internacional para a reabilitação do Mercado de Roquetas de Mar

NUNO SILVA E ALBERTO MONTOYA, OBTIVERAM UMA MENÇÃO HONROSA NO CONCURSO INTERNACIONAL PARA A REABILITAÇÃO DO MERCADO DE ROQUETAS DE MAR

 

Os arquitectos Nuno Silva e Alberto Montoya, sediados em Aveiro, obtiveram uma menção honrosa no Concurso Internacional para a Reabilitação do Mercado de Roquetas de Mar, em Espanha. A equipa destacou-se entre 247 propostas apresentadas, provenientes de vários países.

 

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O concurso visava obter ideias para a adaptação do mercado tradicional a novas valências, que são procuradas na actualidade para este tipo de espaços. Os arquitectos apontam um exemplo semelhante em Portugal – o Mercado do Bom Sucesso no Porto, que partilha o mercado mais tradicional com lojas de comida gourmet, petiscos, lojas de artesanato e eventos de música ao vivo, praticando um horário mais alargado e alterando o carácter das suas actividades ao longo do dia e da noite.

 

 

CONCURSO INTERNACIONAL PARA A REABILITAÇÃO DO MERCADO DE ROQUETAS DE MAR, ESPANHA

AUTORÍA: Nuno Silva e Alberto Montoya, arqtos. (Rua Dr. Alberto Soares Machado, 95, Aveiro, Portugal)

MENÇÃO ESPECIAL do Juri.

 

António vende cogumelos de todos os tipos. Maria vende chocolates e café. Bernardo vive entre os livros. Ana sabe como fazer uma “tapa gourmet”. E claro, Rosa só poderia vender flores. Vizinhos improváveis num espaço que acolhe todos, e a todas as horas.

 

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REVERSIBILIDADE _ É mais um momento na vida do edifício; com a volatilidade atual, a utilização e programa dos edifícios torna-se obsoleta de uma forma cada vez mais rápida. Na proposta, propomo-nos a apagar as intervenções que têm distorcido, recuperando a essência original do edifício, para adicionar elementos funcionais necessários para o programa planeado, sem "danificar" o edifício de forma permanente.

RECONQUISTAR O ESPAÇO_ A característica mais interessante deste edifício é o próprio espaço interior. A ideia do projeto é fazer com que, a partir de qualquer ponto, se consiga ter uma leitura completa da totalidade do espaço. Sem interrupções. Este espaço é único nas suas três dimensões, havendo uma quarta variável, o tempo. Durante o dia vai-se transformando constantemente, em relação à sua utilização. Uma espécie de Jemaa-el-Fna; espaço camaleónico.

 

PELE SEM BRILHO, CORAÇÃO TRANSLÚCIDO _ O mercado tradicional é determinado pelo perímetro do edifício, com um caminho linear entre as bancadas. Tomamos a decisão de colocar as bancadas que precisam de ser fechadas (como as da carne, peixe, frutas e legumes) no perímetro do mercado. Para completar a área de venda prevista, foram criadas bancadas circulares mais baixas, para uma visão geral do espaço. Estas novas bancadas podem ser dedicadas à venda de artesanato, flores, pão e pastelaria, assim como pequenos bares gourmet de tapas, podendo funcionar em momentos diferentes para além do mercado tradicional. A forma circular das bancadas que ocupam o espaço central gera caminhos mais informais e rotas mais dinâmicas com produtos diferentes; os pequenos espaços entre os círculos podem gerar momentos de contemplação e estar mais ricos. A localização estratégica dessas bancadas circulares permite o agrupamento por tipo de negócio e, ao mesmo tempo, o possível esvaziamento da parte central pode criar uma "praça" onde as pessoas se podem sentar e desfrutar dos produtos comprados. Junto às entradas do edifício, não haverá mesas, permitindo criar pequenos átrios de entrada.

 

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ÁREA DE VENDAS DINÂMICA _ Relativamente ao programa solicitado, a superfície de venda deverá conter 30 bancadas de 25 m ², com a possibilidade de se agruparem entre eles. A nossa proposta está em conformidade com o solicitado (cerca de 750m ²), mas com bastante flexibilidade. Por um lado, a área das bancadas fechadas localizadas no perímetro do edifício , divididas em módulos que podem ser agrupados de acordo com as necessidades. Já as bancadas circulares, podem ter áreas diferentes: bancadas com 30m ² que podem ser partilhadas até 3 indivíduos, bancadas de 20 m ² que se podem partilhar por dois, e bancadas individuais com 10m ². As bancadas fixas localizadas no perímetro do edifício são fechadas por meio de persianas verticais; as bancadas circulares possuem por baixo das mesmas, armários onde poderão guardar a sua mercadoria durante o período de não utilização da bancada. Existirá sempre a possibilidade uma cobertura horizontal para colocar nas bancadas circulares. Ambas as intervenções garantem a segurança dos produtos em qualquer altura, e com isso poderá haver a possibilidade de que os postos de venda tenham horários diferentes. Para que a utilização do edifício seja um êxito, é necessário que o edifício se mantenha em aberto e em funcionamento o maior número de horas possível.

 

ESPAÇO PARA EVENTOS E SERVIÇOS MUNICIPAIS _ Junto à fachada leste, considerada a entrada principal, a partir do projeto original, é onde se liberta a maior parte do espaço por forma a criar um hall de entrada principal e localizar uma cafetaria. Esta cafeteria principal (para ter espaço da cozinha fechada) está localizada no canto nordeste, com espaço generoso para a localização de mesas (aprox. 200m ²), estando perto das casas de banho. Tanto esta esplanada como a área de bancadas existentes no espaço central permite a possibilidade de instalação de um pequeno palco para a realização de eventos musicais ou outros pequenos acontecimentos. A fachada é que se relaciona de uma forma mais “transparente” com a cidade, mesmo já desde a configuração original do edifício. O projeto tem como objetivo restaurar o caráter original do edifício e fazer uma re-interpretação da fachada. Sem tentar recuperar ou substituir os caixilhos originais, pois estas não serão necessárias para os sistemas de segurança de hoje, esta re-interpretação é formalizada por uma "caixa extrudida" com a forma original da entrada, porém, saindo do edifício para a cidade, por forma a atrair as pessoas. Estas caixas contêm o programa autônomo do edifício, tal como os serviços municipais e podem também ser utilizadas como um complemento fechado, com saídas para o exterior.

 

SERVIÇOS INDEPENDENTES DO ESPAÇO PRINCIPAL _ Todas as funcionalidades acessórias ao programa principal, como armazéns, câmaras frigoríficas, vestiários e casas de banho, são removidos do espaço principal e serão colocados num novo volume na fachada norte, coincidente com o volume já existente no projeto original. Neste volume procurou-se, por um lado, separar as Mercadorias dos Resíduos, por outro a entrada do pessoal, com entradas independentes e separadas.

 

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LUZ _ Como já foi referido, a ideia do projeto é recuperar a leitura de um espaço único, para qualquer momento, por isso, a sectorização do edifício para a sua utilização em diferentes horários não é efetuada através de elementos físicos. Esta particularidade é o que torna este espaço diferente de qualquer outro na cidade. A cafetaria principal localizada na esquina sudeste pode funcionar de forma autónoma, ao mesmo tempo, não se perde a possibilidade de que vários postos de artesanato, tapas gourmet, pastelaria e mesmo floristas de permanecerem abertos, permitindo criar um ambiente característico e único dentro do espaço. Esta “sectorização” é efetuada através do controlo de luz. É reforçada a iluminação nas zonas que estão a ser utilizadas, enquanto que se diminui a intensidade nas zonas que não estão a ser utilizadas. Cada bancada circular contém no centro, um ponto de iluminação que projeta diretamente para o teto do edifício, permitindo marcar a sua presença sempre que está em uso.

 

RELAÇÃO COM A ENVOLVENTE _ Quanto à relação com a cidade, esta foi trabalhada tendo como base o conceito original do edifício, e adaptando-a às novas necessidades, convidando as pessoas a entrar no edifício. A entrada principal foi aberta a leste e a sul, uma vez que foi considerado que esta seria uma “esquina urbana” prioritária, permitindo criar uma plataforma que funciona como uma “praça”, que tanto pode servir de acesso ao mercado, como “praça” de espera ou mesmo como esplanada para a cafetaria, nos dias solarengos. As restantes entradas foram pensadas por forma a serem compatíveis com os fluxos da cidade.

 

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MATERIALIDADE _ Pretende-se que os elementos que o novo programa introduz deem uma sensação de reversibilidade ou de provisório, em contraste com o “peso” dos elementos do edifício original. Tanto os pontos de venda localizados no perímetro do edifício, como as bancadas circulares e as “caixas” de entrada, que serão construídas em materiais metálicos, irão provocar a sensação de provisório e de efémero.

As entradas do edifício recuperam o seu estado original, considerando-se que o seu próprio desenho possa criar sombras que caracterizam o edifício. O novo envasamento será equivalente à cobertura, em betão aparente, criando-se uns limites mais claros para as fachadas verticais. O betão entrará no edifício e formará o pavimento interior.

 

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