
Oeiras: Reabilitar e construir tudo a inaugurar em 2027 – O concelho vai reabilitar edifícios e construir novos para albergar três museus, um centro de arte contemporânea, um centro cultural, um hub de empresas e um centro de congressos. Tudo a inaugurar em 2027, ano ao qual Oeiras se candidata para Capital Europeia da Cultura.
Há um novo ciclo de construção e desenvolvimento a nascer em Oeiras. Tem por base uma candidatura a Capital Europeia da Cultura no ano de 2027, mas vai concretizar-se mesmo que a candidatura não vença. Um Museu da Arte, Ciência e Tecnologia, no Palácio Marquês de Pombal, a musealização de um conjunto de arqueologia industrial na Fábrica da Pólvora, em Barcarena, um Museu da Barra do Tejo, na Bateria do Areeiro, em Oeiras, um centro de arte contemporânea no Convento da Cartuxa, em Caxias, um centro cultural em Linda-a-Velha, um centro de incubação de empresas, em Porto Salvo, e um centro de congressos, em Paço de Arcos, são os pontos altos de uma nova organização territorial. Os projetos já existem e estão a ser postos em prática num plano de médio prazo, com inauguração prevista para daqui a seis anos.
A ideia é fazer da área metropolitana de Lisboa uma continuidade urbana. Por isso, são chamados a participar, a colaborar e a usufruir todos os municípios da região: Lisboa, Cascais, Sintra, Amadora, Mafra e Almada. “Vamos olhar para os 46 km2 deste concelho como bairros de uma cidade polonucleada, e olhá-la como uma rede urbana que usa a cultura como catalisador da sua organização territorial”, explica, ao Expresso, o comissário da candidatura e antigo secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier. “A construção da cidadania vai ser o objetivo maior do projeto. É o fazer comunidade”, ou seja, “olhar para o território enquanto espaço de cidadania para que ela seja efetiva”.
Oeiras vai protagonizar a concretização do projeto usando a cultura como agente agregador desta dinâmica de construção comunitária, e, à pergunta o que podemos fazer para melhorar o concelho, a cidade, a área metropolitana de Lisboa e o país, responder com programas que desenham a estratégia territorial. “São cinco eixos de trabalho, cinco eixos de desenvolvimento. Oeiras será capital do ecossistema urbano, capital da poesia e da língua portuguesa, capital das artes e criatividade, das heranças culturais e do património marítimo”, explica Barreto Xavier.
O processo de desenvolvimento urbano começa com a construção de praças em vários pontos do concelho. Serão espaços comunitários e “agregadores da comunidade”, com direito a uma componente lúdica, vivencial e comercial, e encimados por grandes ecrãs de grande capacidade tecnológica e que permitem ter espetáculos a acontecer numa praça e a ser transmitido em streaming em todas as outras, ou em qualquer parte do mundo, permitem a programação de ciclos de cinema, a realização de debates e assembleias municipais. “Tudo isso implica acessibilidades, viáveis, cicláveis e pedonais. E será a partir dessa geometria urbana que vamos semear o território com um conjunto de equipamentos culturais”, continua Jorge Barreto Xavier.
Assim sendo, o Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, onde hoje funcionam vários serviços da autarquia, vai ser sujeito a um trabalho de musealização na área das artes, ciência e tecnologia, pondo em destaque o período que vai do século XVIII, altura em que foi construído, até à contemporaneidade. A Fábrica da Pólvora, em Barcarena, vai ver a Fábrica de Cima reabilitada e dedicada a um projeto de apresentação de um conjunto de arqueologia industrial. O Museu da Barra do Tejo vai surgir na Bateria do Areeiro, num edificado cedido pelo Ministério da Defesa, e terá como sujeito uma perspetiva histórica das fortificações marítimas, de resto, esse conjunto patrimonial vai ser no futuro candidato a Património Mundial.
O Convento da Cartuxa, em Caxias, pertencente ao Ministério da Justiça, apesar de muito degradado, dará espaço a um centro de arte contemporânea de projeção internacional e acolherá exposições temporárias, residências artísticas, programas de formação, conferências e terá uma programação de música, cinema e artes e espetáculos. O mesmo espaço terá ainda um centro de documentação, uma livraria e áreas de restauração.
Em Linda-a-Velha vai nascer de raiz um centro cultural. Um investimento de 30 milhões de euros para construir uma sala com 1500 lugares, preparada para todo o tipo de espetáculos, incluindo a mais avançada tecnologia, do 5G às imagens virtuais, passando por espetáculos a 360º. Num antigo espaço do Intermarché, em Porto Salvo, será criado o Hub-Act, um centro de incubação de empresas e startups e de assistência tecnológica. O Centro de Congressos há muito prometido para Paço de Arcos, vai ficar construído e conta com uma sala com 1200 lugares, e outra com capacidade para 7500 pessoas preparada para acolher feiras, espetáculos, eventos desportivos e, claro, congressos.
A acrescentar a tudo isto, há ainda conjuntos de edificados, em vários pontos do concelho a receber diferentes funcionalidades na área da escrita e da dança. No Parque dos Poetas, por exemplo, e no Templo da Poesia irá realizar-se já este ano (preferencialmente entre abril e junho) uma Mostra de Artes da Palavra, e será a sede também de uma bienal internacional de poesia.
A gastronomia também vai ter o seu espaço.
© Expresso . Alexandra Carita
Imagem Câmara Municipal de Oeiras