Prémios Europa Nostra distinguem Rede Tramontana liderada pela portuguesa Binaural Nodar

Categorias: Arquitetura

O projeto europeu Rede Tramontana III, liderado pela Associação Cultural Binaural Nodar, da região Viseu Dão Lafões, é um dos distinguidos, este ano, com o Prémio Europa Nostra, anunciou hoje o Centro Nacional de Cultura (CNC).

O projeto Rede Tramontana III, apoiado pelo programa Europa Criativa Cultura, em 2017, que tem por objetivo a preservação de arquivos da memória de zonas europeias de montanha, de carater rural, foi distinguido na categoria Investigação, ao lado de um projeto da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, sobre património sírio, e da plataforma digital papiro de Turim (“Tpop”), de Itália.

“Scanning for Syria” é o projeto distinguido da Universidade de Leiden, dedicado à reconstrução tridimensional de artefactos arqueológicos sírios, destruídos pela guerra naquele país árabe. A plataforma digital papiro de Turim (“Tpop”), de Itália, por seu lado, visa conservar, documentar, digitalizar e contextualizar centenas de manuscritos em papiro e milhares de fragmentos.

Os Prémios Europa Nostra, na área do património, distinguiram 21 “realizações exemplares”, de 15 países europeus.

O Prémio “Escolha do Público” será conhecido “depois do verão”, em data a anunciar, na mesma altura em que serão divulgados os vencedores do Grande Prémio, no valor de 10.000 euros, segundo a mesma fonte.

A escolha do público é feita ‘online’ em https://vote.europanostra.org/.

A Rede Tramontana III, segundo o júri, “promove a ideia de identidade europeia e, especificamente, do património imaterial de comunidades rurais e de montanha, que é comum a toda a Europa”.

“É um excelente exemplo de cooperação internacional entre investigadores com experiência em diversas áreas de estudo”, acrescenta o júri, assinalando que “a metodologia usada no projeto é replicável noutros contextos europeus, e tem potencial para ser aplicada em todo o continente”.

O projeto tem por objetivo o “estudo aprofundado do património imaterial de comunidades rurais e de montanha, europeias”, de modo a “salvaguardar e revitalizar esse património através da sua documentação e ampla divulgação”, explica o CNC.

Tramontana III tem como parceiros Audiolab, de Espanha, Nosauts de Bigòrra, Numériculture Gascogne e Eth Ostau Comengés, de França, Bambun e Associazione LEM-Italia, de Itália, e a Akademia Profil, da Polónia, além da portuguesa Binaural Nodar.

Em 2018, o projeto foi distinguido pela Comissão Europeia como “Caso de Sucesso”, no contexto do Ano Europeu do Património Cultural.

A associação portuguesa, criada em 2004, com sede em Vouzela, no distrito de Viseu, e com a aldeia de Nodar, de São Pedro do Sul, no seu nome, atua nas áreas da arte sonora, de criação multimédia e de documentação audiovisual de património, assim como nos campos da educação sonora e de produção para rádio e de edição (publicações ‘online’ e em suporte físico, como livros, CD, DVD).

Em década e meia de trabalho, a Binaural Nodar acolheu perto de duas centenas de artistas e investigadores, produziu dezenas de obras próprias e difundiu o seu trabalho em diversos países da Europa, América e Ásia, de acordo com a sua apresentação na página da Direção Geral das Artes.

Além da Rede Tramontana, a Binaural Nodar faz ainda parte das redes europeias Soccos, de residências artísticas em arte sonora, e da Rede SusPlace, de pesquisa multidisciplinar na área dos processos de sustentabilidade social de territórios locais.

A associação é ainda parte da Rede Cultural Viseu Dão Lafões, com o Teatro Viriato, a Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT), o Cine-Clube de Viseu e o Teatro do Montemuro.

O projeto Rede Tramontana III foi financiado em 60% pela Europa Criativa da União Europeia. O restante financiamento é assegurado pelos parceiros.

Os Prémios Europa Nostra hoje anunciados contemplaram também, na categoria Conservação, o projeto sobre os epitáfios artísticos da igreja da Universidade de Leipzig, da Alemanha, os jardins e o pavilhão do palácio do pintor Rubens, em Antuérpia, na Bélgica, o Arsenal de Hvars, na Croácia, e os vinhedos e as respetivas caves em Burgos, Espanha.

Na categoria Conservação foram também distinguidos a LocHal, Biblioteca Pública de Tilburgo, que resultou da renovação de uma antiga estação ferroviária, nos Países Baixos, o Museu de Belas Artes de Budapeste, na Hungria, a Basílica de Santa Maria de Collemaggio, em Aquila, na região de Abruzos, em Itália, e a ponte de ferro de Shropshire, no Reino Unido.

Na categoria Serviço Dedicado ao Património foi distinguido o curador Don Duco, do Museu de Cachimbos, de Amesterdão, autor de vários ensaios sobre a história do fumo.

Na categoria Educação, Formação e Sensibilização foram distinguidos seis projetos: a digitalização e disponibilização ‘online’ do Arquivo de Arolsen, na Alemanha, uma exposição sobre “A vida Secreta do Palácio Gödölö”, antiga residência régia, na Hungria, e a Uccu – Roma Informal Educational Foundation, também na Hungria, que visa a integração da população cigana, em particular os mais jovens, capacitando-os a construir um movimento de diálogo e troca, num projeto intercultural, diante da crescente desconfiança e polarização entre as sociedades, como se lê no seu sítio na Internet.

Nesta mesma categoria foram ainda distinguidos a exposição “Auschwitz. Not long ago. Not far away”, no Museu da Herança Judaica, em Auschwitz, na Polónia, um projeto hispano-polaco, já mostrado em Madrid e em Nova Iorque, o projeto checo “Cross-border Collaborattion for European Classical Music” e ainda o projeto “A Ambulância”, liderado pela Associação Monumentum, para a intervenção de urgência em património edificado degradado na Transilvânia, na Roménia.

Foram também contemplados projetos de entidades sediadas em países europeus que não participam no programa Europa Criativa, na área da Conservação: a Fundação Manor Farm de Bois de Chêne e a biblioteca de Genebra Société de Lecture, ambas na Suíça, e o projeto Safeguarding Archaeological Assets of Turkey, que visa aumentar o conhecimento, a capacidade e a conscientização sobre a proteção dos bens arqueológicos do país.

A Espanha foi o país que recebeu mais distinções – três -, seguindo-se, com duas, Polónia, Itália, França, Países Baixos e Suíça.

De acordo com a organização dos Prémios Europa Nostra, no próximo dia 28 de maio, serão divulgados os seis finalistas aos Prémios Especiais Iluciudare, escolhidos entre projetos candidatados aos Prémios Europeus do Património Cultural/Europa Nostra, privilegiando as áreas da inovação e da ação diplomática, com base na promoção do património.

Destes seis finalistas serão escolhidos dois vencedores, que serão conhecidos na cerimónia dos Prémios Europa Nostra, em data a anunciar, a par do Grande Prémio e o Prémio “Escolha do Público”.

Ilucidare, recorda a Europa Nostra, “é um projeto financiado pelo programa Horizonte 2020, com o objetivo de estabelecer uma rede internacional para a promoção do património como fonte de inovação e de relações internacionais”.

NL // MAG

Foto ©LUSA

Galeria
noticias RELACIONADOS
PUBLICIDADE