Presidente da Câmara do Porto quer criar um “campus social” no antigo hospital Joaquim Urbano

Categorias: Arquitetura

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreirarevelou a intenção de transformar o antigo hospital Joaquim Urbano num “campus social”, admitindo que o equipamento pode receber a primeira experiência de residências apoiadas para seniores na cidade. Ao Ministério da Saúde, proprietário do imóvel e do terreno, já fez chegar a ideia.

A intenção foi tornada pública e com ela Rui Moreira colocou o pêndulo do lado do Ministério da Saúde, que terá agora de se pronunciar sobre a ideia. “Numa reunião com a ministra [da Saúde] em setembro, em que tratámos, entre outros assuntos, das salas de consumo assistido, tivemos a oportunidade de referenciar que o Município gostaria de ficar com Joaquim Urbano, não apenas nas valências que hoje tem, como ter lá um campus social”, informou o presidente da Câmara do Porto.
As declarações surgiram durante a reunião de Executivo Municipal, na manhã desta segunda-feira, em resposta ao vereador do PS Manuel Pizarro, que sugeriu, no âmbito da proposta de envio para discussão pública do projeto de loteamento para habitação acessível no Monte da Bela, que fosse ensaiado naquele local, num dos 13 lotes, uma primeira experiência de residência apoiada para a população idosa.
Reconhecendo a validade do projeto, Rui Moreira avançou que as residências teriam mais a ganhar com “uma rede de suporte e apoio”, como aquela que já existe no antigo hospital Joaquim Urbano, onde além do centro de acolhimento temporário a pessoas em situação de sem-abrigo, existe um restaurante solidário com cozinha que também confeciona para o restaurante solidário da Batalha, e ainda valências de formação profissional, resultado de um protocolo estabelecido entre a Câmara do Porto e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Por considerar que este é o sítio ideal para criar um “campus social” na cidade do Porto, o autarca admite que vai insistir nesta questão com o Ministério da Saúde. “O Ministério da Saúde devia abster-se de vender o Joaquim Urbano”, evitando colocar o equipamento no mercado, como chegou a fazer noutros casos, lembrou Rui Moreira (o caso do antigo Asilo da Mendicidade é um desses exemplos).
A Câmara do Porto aprovou hoje, por maioria, o envio para discussão pública, por 15 dias úteis, do projeto de loteamento do Monte da Bela. A CDU foi a única força política que votou contra, e a vereadora Ilda Figueiredo justificou o sentido de voto por considerar que os cerca de 244 fogos previstos deviam ser para renda apoiada e não para habitação a custos acessíveis para a classe média.
Rui Moreira não concordou. “Isso vai contra o nosso projeto político. Queremos criar um mix na cidade. Hoje há muita carência de habitação também entre a classe média e sobretudo entre as camadas mais jovens”, reforçou o presidente da Câmara do Porto.
Na apresentação do tema, o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, leu a memória descritiva da operação de loteamento, elaborada pelo arquiteto José Gigante. Salientando que “este investimento público é importante para a transformação da freguesia de Campanhã”, e que se conjuga também com a obra de reconversão do antigo Matadouro Industrial, com a requalificação da Praça da Corujeira e da envolvente e com a empreitada do Terminal Intermodal de Campanhã, o responsável municipal esclareceu ainda que o projeto vai contemplar “a construção de conjunto de novos arruamentos” e que, nesse sentido, se trata de uma obra de urbanização exigente, também pela “forma topográfica” do terreno, nalguns pontos muito inclinado.
O investimento público estimado é de 32 milhões de euros, distribuídos da seguinte forma: “28,7 milhões de euros para a habitação propriamente dita e cerca de 3,3 milhões de euros para obras de urbanização”, assinalou o responsável.
O número final de habitações pode fixar-se entre os 230 e o máximo previsto de 244 fogos.
Fotografia © Miguel Nogueira
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