O projecto dos arquitectos António Rosa da Silva e Paulo Maximiano Fonseca venceu a 3ª edição do Prémio Arquitectar 10, cuja entrega dos prémios decorreu no passado dia 25 de Fevereiro. O tema da próxima edição do Prémio será a Reabilitação Urbana.
O projecto vencedor remete para um edifício proposto pela SRU Lisboa Ocidental, pertencente à Câmara Municipal de Lisboa em estado de degradação visível a necessitar de reabilitação urgente. Situa-se na Rua da Aliança Operária, 124-128, tratando-se de uma “estrutura auto-portante de 2 pisos com telhado de duas águas, em posição de gaveto. Este gaveto resulta provavelmente de opções urbanas relativas a re-definição de alinhamentos e cérceas deixando a nascente uma empena cega”.
O júri considerou que a proposta vencedora explora inteligentemente “o potencial de uma empena cega de carácter urbano. Com uma formalização apelativa mas sóbria, este projecto habitacional confere uma concepção espacial contemporânea à pré-existência, resolvendo de forma consistente o programa interior e propondo uma nova área exterior interiorizada de uso comum, aberta e iluminada, embora protegida, através de um brise soleil, do espaço urbano. Este projecto apresenta-se como estratégia consistente e generalizável para a reabilitação urbana”.
Sendo o tema desta edição do Prémio Arquitectar “Eficiência e Sustentabilidade na Reabilitação Urbana”, o júri considerou ainda que “o edifício reabilitado é constituído por duas fracções autónomas com classe de Eficiência Energética A, ambas apresentam soluções construtivas eficientes que contribuem para uma inércia térmica forte conferindo às fracções uma forte capacidade de armazenamento de calor. Para colmatar as necessidades de aquecimento, arrefecimento e preparação de águas quentes sanitárias, foi proposta para cada fracção autónoma, a instalação de uma bomba de calor e de uma caldeira de acumulação a gás como apoio aos painéis solares térmicos instalados, tendo existido a preocupação de seleccionar equipamentos de elevada eficiência”, lê-se nas considerações.
O júri atribui ainda uma Menção Honrosa ao projecto “Magnetic Roof” de Alexandra Sofia Machado.
O tema da Reabilitação Urbana, que será o mote da edição de 2011 do Prémio, dominou as intervenções que decorreram durante a cerimónia de entrega dos galardões do passado dia 25 de Fevereiro, no BES Arte & Finança.
O responsável pela Square, João Cunha, fez notar que a problemática da Reabilitação Urbana está e vai estar “na ordem do dia nas próximas décadas”, esgotado que está o mercado de construção de edifícios novos. Em Lisboa e no Porto existem, frisou, “mais de 250 mil fogos a precisar de reabilitação” e, neste particular, Portugal tem tudo para fazer: o índice de penetração do segmento da reabilitação é de 45 por cento em Espanha e de menos de metade em Portugal. “Apostar na Reabilitação urbana tem várias vantagens”, acentuou o responsável da Square, “permite a aproximação de Portugal à escala europeia; permite a requalificação dos centros urbanos, com ganhos ao nível do sector turístico; assegura um maior número de postos de trabalho que ajudam a compensar a perda de emprego no sector da construção; e tem ganhos ao nível da eficiência energética nacional”.
Parceira do Prémio Arquitectar desde o seu lançamento, a Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos esteve representanda pelo seu presidente. Rui Alexandre congratulou-se com a existência de prémios de arquitectura promovidos por entidades particulares, essenciais em tempos de “forte retracção da encomenda”.
“A existência destes prémios é vital no contexto do exercício da arquitectura porque abre novas possibilidades de exploração de formatos de concursos, alargando o perímetro de actividade quer dos arquitectos concorrentes, quer das entidades promotoras. É uma daquelas singulares situações em que toda a gente sai a ganhar”, adiantou o presidente da OASRS, frisando: “os prémios de arquitectura favorecem a revelação de novos talentos, abrem oportunidades onde elas escasseiam para os jovens arquitectos. Esta é uma questão que nos preocupa a todos e que torna estas iniciativas ainda mais merecedoras da nossa atenção. E não podemos esquecer, por fim, a preciosa divulgação do papel do arquitecto e das suas competências que resulta deste tipo de iniciativas”.
Sobre a problemática da Reabilitação Urbana, Rui Alexandre referiu que representa “o desafio mais estimulante que as nossas cidades enfrentam nos tempos mais próximos”. Trata-se, acrescentou, de “uma problemática de particular relevância para arquitectos, políticos e promotores à qual estamos e estaremos profundamente atentos”.