Proposta vencedora do concurso para o Museu Marítimo do Brasil busca “retomar a proximidade com a água”

Categorias: Arquitetura

Organizado pelo Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro (DCAMN), em parceria com a Marinha do Brasil e o Departamento do Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/RJ), o concurso nacional para o Museu Marítimo do Brasil teve como vencedora a equipe composta pelos escritórios messina | rivas (São Paulo, Brasil) e Ben-Avid (Córdoba, Argentina). O grupo binacional apresentou um projeto que busca “retomar a proximidade com a água e o que ela pode representar como espaço comum entre as diferenças”. Conheça a proposta a seguir.

Reivindicar o comum das águas. As navegações não são apenas vetores de desenvolvimento das cidades, mas também reservatórios de imaginação e intriga, já que constituem um modo fundamental de encontro entre diferentes culturas e naturezas.

Nessa paisagem marítima, a água é o “espaço comum” por excelência pois, a um só tempo, nos aproxima e afasta da figura do outro, isto é, do desconhecido e do imprevisível – tudo o que as cidades contemporâneas parecem sintomaticamente negar. É justamente aí, nesse “espaço comum” inconstante, que as navegações atravessam, articulam e disputam as diferentes identidades culturais e naturais. Portanto, se antes o horizonte das navegações era o encontro com novas terras, hoje é o encontro com novas águas, ou melhor, com novos “comuns”.

É com esse norte que nos aproximamos do projeto preliminar para o Museu Marítimo do Brasil (MMB) no Espaço Cultural da Marinha. Um “espaço comum” de muitas histórias que procura ser menos para os navios e mais para os navegantes. E que revele hospitalidade e intriga com o outro, bem como a convivência socioambiental necessária e tensa com a cidade do Rio de Janeiro.

Um gesto fundamental será o de conceder de volta boa parte do horizonte portuário da cidade e, com ele, as águas da baia de Guanabara – portal fundacional entre o Brasil e restante do mundo. Não se trata apenas de revelar uma paisagem distante, mas antes de se entender enquanto paisagem e, a partir disso, projetar.

O sitio do Espaço Cultural da Marinha onde será implantado o MMB pode ser entendido através de duas espacialidades distintas, a saber: a de um largo, curto e amplo, e a de um píer, longo e estreito. A diferença espacial entre ambos é oportuna pois exigirá respostas projetuais diversas e complementares.

Por ser onde o sitio encontra a cidade, o largo exige um cuidado urbano particular.  Em seu entorno, identificamos três situações que vão orientar a proposta de um edifício. A primeira é o eixo viário da avenida Presidente Vargas, coroado pela igreja da Candelária. A segunda é a orla Prefeito Luiz Paulo Conde que costura os projetos de requalificação da região central. E a terceira são as proporções dos edifícios do entorno imediato.

Imaginemos, a beira d’agua e os corpos ao sol, o porto, a baia e o som de línguas estrangeiras. Aqui, a praça e o potencial transformador de um projeto de arquitetura, teriam de coexistir num “espaço comum”, no qual se entrelaçam a água, a terra e os navegantes.

Escrito por  © Archdaily.br

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