Reabilitação do edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra vence Prémio Vilalva

Categorias: Arquitetura

Na 11ª edição o júri do prémio Maria Tereza e Vasco Vilalva deliberou, por unanimidade, atribuir o prémio à Reabilitação do edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra, um projeto de coautoria da arquiteta Luisa Bebiano e do Atelier do Corvo (Carlos Antunes e Desirée Pedro). Nesta edição, foi decidido atribuir ainda uma menção honrosa ao Projeto Letreiro Galeria e outra à reabilitação e conservação da Livraria Lello.

O vencedor do Prémio candidatou-se com um plano de intervenção que “pretende mostrar uma das seculares artes de Coimbra, inserida num espaço recuperado com as melhores técnicas de restauro, mantendo-se um diálogo em aberto nos processos de projeto e fabrico artesanal com uma linguagem contemporânea de intervenção”. Foi ainda tida em consideração a dinâmica cultural do projeto.

A escolha do júri foi feita com base nos seguintes fundamentos:
– A pertinência de uma intervenção no Terreiro da Erva, uma zona da cidade de Coimbra com sinais de degradação evidente e marcada por uma certa marginalidade;
– O caráter personalizado e familiar do projeto, que merece ser destacado quando inserido numa sociedade marcada pela lógica das grandes corporações;
– A relevância cultural da fábrica, com uma prática continuada de recuperação de saberes que não está, nem pode estar, desligada da sustentabilidade económica do projeto;
– O mérito da recuperação de um edifício que esteve prestes a ser demolido;
– O facto de se tratar de um work in progress, em constante melhoria e projetado para o futuro.

Em suma, o júri quis dar destaque à excecionalidade – de localização, de programa, de forma de concretizar – do projeto de reabilitação do edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra e à sua escala humana, esperando que este possa servir de exemplo a outras localidades.

A Cerâmica Antiga de Coimbra tem um espaço de restauração aberto desde março de 2018 e a olaria em plena laboração desde setembro de 2018.

O júri, constituído por António Lamas, Raquel Henriques da Silva, Gonçalo Byrne, Santiago Macias, Luís Paulo Ribeiro e Rui Vieira Nery, deliberou atribuir ainda as seguintes menções honrosas:

O Projeto Letreiro Galeria, que se tem afirmado na recolha, conservação e estudo dos letreiros impressos e luminosos, tabuletas, guarda-ventos com letterings e outros grafismos comerciais, fundamentais para a preservação da memória do espaço urbano lisboeta, a sua evolução ao longo dos tempos e para o conhecimento da história das artes gráficas, do design e das indústrias criativas em Portugal. Este projeto tem planeada a instalação de um “armazém expositivo”, que deverá contribuir para uma maior consciência coletiva da riqueza e necessidade de preservação deste património.

A reabilitação e conservação da Livraria Lello, estabelecida em 1906, que associa a requalificação do espaço arquitetónico com a revitalização e expansão da sua função como espaço de Cultura. A intervenção obedeceu a padrões exemplares de respeito pela conceção, técnicas e materiais originais, assegurando quer a reposição de elementos da traça inicial entretanto alterados, quer a documentação detalhada e a reversibilidade da presente intervenção. À recuperação do espaço foi associada uma estratégia de reforço da sua vertente cultural, com vista à promoção do Livro e da Leitura, dos autores portugueses, da tradução de qualidade de e para o português e da ligação entre a Literatura e as Artes.

Prémio Maria Tereza e Vasco Vilalva
O Prémio Vilalva foi instituído em 2007, no seguimento da aquisição, à Fundação Eugénio de Almeida, do remanescente do Parque de Santa Gertrudes. Esta aquisição permitiu, quase 50 anos depois, reunificar o Parque, cuja maior parte é propriedade da Fundação Gulbenkian desde 1957. Criado em homenagem a Vasco Vilalva, o Prémio tem tido por objetivo assinalar intervenções exemplares em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do Património.

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