Sítios e Formas conquistou o primeiro lugar em concurso de Conceção da ONU

Categorias: Arquitetura

A empresa S&F – Sítios e Formas conquistou o primeiro lugar em concurso de conceção da ONU, entre concorrentes de todo o mundo.

O Desafio

As directrizes do projecto foram preparadas pela UNOPS (United Nations Office for Project Services) com assistência do Ministério Sul-Sudanês da Cultura, Juventude e Desporto, do ICCROM (International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property), UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), Rift Valley Institute e UNMISS (United Nations Mission in the Republic of South Sudan). A ideia foi desenvolvida aquando da independência do País em 2011, ocasião que o Governo da Noruega se comprometeu a celebrar ajudando na construção de um Arquivo Nacional para recolha, preservação, armazenamento, recuperação e divulgação de documentos históricos. Isto foi feito para reconhecer um longo caminho para a liberdade, bem como a importância de preservar a herança e identidade do jovem estado. Todos os governos democráticos precisam de um serviço de Arquivo eficiente, de modo a preservar registos e assegurar o seu acesso ao público.

Os objectivos-chave para a edificação das instalações do Arquivo Nacional na capital do país, Juba, destinam-se a dotar o Sudão do Sul de um espaço:

– para armazenar registos importantes, públicos e privados;

– para preservar e restaurar esses registos;

– para pesquisa e acesso público;

– para a educação do público em geral.

 

O projeto integra zonas públicas (receção, átrio para exposições, auditório, sala de leitura, sanitários, cafetaria, cozinha, estacionamento e jardins) e de serviço (receção de registos, quarentena com câmara de fumigação, armazenamento, área de catalogação climatizada, zona de limpeza, laboratório, sala de digitalização, fornecimento, espaço para registos audiovisuais e área de trabalho, divisão para documentos prioritários, armazéns, escritório para quinze pessoas, zonas de pessoal e despensa, entre outros).

O local destinado ao Arquivo Nacional situa-se no coração da Capital, Juba, junto à Praça da Liberdade, que contém o Mausoléu e estátua do líder político, revolucionário e Presidente John Garang. A praça, adjacente ao complexo dos Ministérios e demais edifícios públicos de relevo como a Assembleia Nacional, é utilizada para as celebrações do Dia da Independência e outros eventos oficiais.

Assim o edifício, que se pretende icónico – celebrando, na sua estética, a identidade nacional – tornar-se-á facilmente acessível a funcionários do governo, investigadores universitários e agências governamentais, bem como à população.

 

O projeto

Carácter, identidade e estética

 

A proposta da S&F para o Arquivo Nacional do Sudão do Sul focou-se em interpretações contemporâneas da estética e arranjos espaciais tradicionais, equilibrando a identidade e autoridade do Estado moderno com a identidade das aldeias e clãs familiares. Assim, o design foi inspirado nas tradições sul sudanesas ancestrais – como reuniões sob a sombra das árvores, traçar trilhos no chão ou o uso de roupas com padrões coloridos. Estes conceitos culturais foram então desenvolvidos de forma contemporânea de modo a alcançar o sentimento unificador de autoridade que um edifício desta natureza exige.

A ideia da árvore é profundamente simbólica, já que a maior parte do material de arquivo existente foi produzido a nível das aldeias, “debaixo de uma árvore”. Os trilhos desenhados no solo pelos clãs tradicionais – criando intrincadas linhas, redes e relações – também estão carregados de simbolismo. O interior do teto remete para esta bela complexidade orgânica, sob uma matriz estilizada. Por fim, foram adicionados tons vivos a este padrão conferindo-lhe um aspeto vibrante, semelhante a um têxtil colorido.

Assim, debaixo de uma cobertura icónica uma série de volumes independentes é disposta de modo a maximizar as vistas, assegurar a ventilação cruzada e proporcionar luz natural, criando ainda uma interação entre os espaços interiores e exteriores.

Os jardins complementam os arquivos. Neles serão integradas as árvores existentes, acrescentadas plantas nativas, e utilizados materiais locais. O comércio de pedra praticado pelas mulheres nas ruas de Juba será encorajado, potenciando a economia local.

Como resultado desta interpretação cultural, a proposta da S&F dotará a cidade de um ponto de referência com um ambiente singular.

 

O Sudão do Sul

A República do Sudão do Sul é o mais recente país do mundo: após mais de 20 anos de guerra civil (1983-2005) e 50 de conflito, conseguiu a sua independência em Julho de 2011 na sequência do Tratado de Naivasha, acordo de paz assinado em 2005. A subdivisão do Sudão foi um caso sem precedentes em África já que, no intuito de evitar o caos entre muitas tribos e etnias diferentes nas ex-colónias, as fronteiras deixadas pelos antigos colonizadores europeus têm sido sensivelmente respeitadas à medida que novos países foram surgindo. Em 2011, o Sudão do Sul tornou-se membro das Nações Unidas e da União Africana. Apesar de ser rica em petróleo e de englobar os terenos férteis que marginam o Nilo, a jovem república apresenta altas taxas de analfabetismo, pobreza e mortalidade infantil.

 

 

Galeria
noticias RELACIONADOS
PUBLICIDADE