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O estúdio SUMMARY liderado por Samuel Gonçalves foi distinguido pela revista de design e arquitetura Dezeen entre milhares de candidaturas de 85 países. Os finalistas passaram pelo crivo do Pritzker Norman Foster e Paola Antonelli, curadora do MOMA de Nova Iorque, e pela votação pública de 62 mil participantes.
O jovem arquiteto de 32 anos, natural de Arouca e ‘discípulo’ da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, líder da equipa do estúdio SUMMARY, venceu o ‘Dezeen Awards‘, na categoria ‘Arquiteto Emergente do Ano 2020’, na votação pública. A distinção atribuída pela prestigiada revista de design e arquitetura, sediada no Reino Unido, é para Samuel Gonçalves “um reconhecimento do seu trabalho e mérito de toda a equipa”, notoriedade que espera lhe traga novas encomendas e clientes.
“Não seria sério dizer que não temos orgulho na notoriedade que nos dão estes prémios, que são para mim um meio e não um fim de divulgar o nosso trabalho e chegar a mais pessoas”, refere. A seleção das candidaturas finalistas partiu de um painel de especialistas onde, entre outras personalidades, se destacam os nomes de Paola Antonelli, curadora no MoMA, em Nova Iorque, ou o de Sir Norman Foster, prémio Pritzker 1999. Antes da seleção final, os prémios contaram com uma votação pública que arrecadou mais de 62 000 participações.
Esta é a segunda vez que o trabalho do ateliê portuense é distinguido internacionalmente neste ano, após, em setembro, ter vencido o prémio AZ Award, com um edifício modular construído em Vale de Cambra. O galardão, atribuído em Toronto, destacou o projeto como o melhor edifício de habitação coletiva, pela “clareza demonstrada desde a ideia até à forma construída” e pela “pureza no uso dos materiais”, conforme referiu Omar Gandhi, um dos elementos do júri do prémio.
Samuel Gonçalves, confesso admirador da escola de arquitetura Bauhaus que conheceu o seu expoente no período pós-guerra “com a construção em larga escala de pré-fabricados na URSS e RDA”, tem apostado neste tipo de solução arquitetónica, por permitir “uma construção sustentável, rápida e a custos controlados”.
Segundo o líder do estúdio SUMMARY, criado em 2015, constituído por uma equipa multidisciplinar que integra outros três arquitetos e opera nos domínios da arquitetura e do urbanismo, o ateliê tem em curso vários projetos, como o referido edifício de habitação coletiva pré-fabricado em Vale de Cambra, que engloba seis pequenas habitações e um espaço comercial e de serviços em baixo, encomenda de um investidor privado.
O estúdio que esteve presente na Bienal de Arquitetura de Veneza há quatro anos está ainda a recuperar o centro social do Monte da Sra. da Mó, em Arouca, fustigado por um incêndio florestal de grandes dimensões, em agosto de 2016. Ainda na terra natal, Samuel Gonçalves tem em conclusão um empreendimento turístico de 11 casas modelares. “É o nosso foco”, diz, salientando ter como profissional e cidadão duas preocupações constantes: “Otimização de tempo e recursos, que se traduzem numa construção mais sustentável em termos ecológicos e económicos”.
Numa altura de crescimento demográfico a nível mundial, de crise pandémica e económica, Samuel louva o plano lançado recentemente por Úrsula van der Leyen, intitulado ‘Bauhaus Europeu’, que passa pela renovação de 35 milhões de edifícios, de forma a garantir maior eficiência em termos energéticos. “A sustentabilidade ambiental tem de entrar no modo de vida das pessoas, não é uma escola ou uma escolha, somos obrigados a trabalhar com condicionantes ambientais e ainda bem”, afiança o jovem arquiteto, que espera que o Estado português invista mais em políticas de habitação pública, lembrando que “só 2% do nosso parque habitacional é que teve intervenção direta do Estado, central ou autárquico, quando a média europeia é de 5%”.
Texto © Expresso . ISABEL PAULO
Foto ©Fernando Guerra | FG+SG (ultimasreportagens.com)