ADRO

Ao lado do Convento da Estrela, o projeto ADRO, do escritório MASSLAB ganha concurso público ao redefinir o cenário urbano no coração de Lisboa com Habitações acessíveis e espaços públicos integrados, divididos em três blocos habitacionais que vão dar lugar a 100 fogos. O projeto destacou-se pela integração dos novos edifícios com a malha urbana existente entre a Avenida Infante Santo e a Rua de São Ciro no concurso público organizado pelo IHRU e pela Ordem dos Arquitectos, num total de cerca de 20.000 m² em três edifícios. Além de habitação, a proposta oferece ainda áreas para comércio e serviços, e duas generosas praças públicas, de carácter distinto, abertas à cidade.

Além do programa dotar a cidade de 100 novas habitações a custos acessíveis, indo de encontro com as principais medidas do programa Mais Habitação, a proposta vencedora procura também suprir a falta de pontos de encontro nas cidades e a falta de espaço exterior das habitações. A partir da criação de novos espaços públicos, numa relação intrínseca entre estes espaços abertos a todos e os edifícios que os conformam, intencionalmente pretende dinamizar e valorizar a vivência urbana, favorecendo a circulação pedonal e a transparência das áreas comerciais, salientando a importância do papel das pessoas no habitar da cidade.

Com um enorme foco em desenhar “cidade para pessoas”, a simbiose entre edifício e espaço público foi a premissa estruturante no desenvolvimento da proposta – um tema que já tem vindo a ser assumidamente recorrente no trabalho desenvolvido pelo escritório de arquitetura. Para a MASSLAB era importante enfatizar esta vontade e que se traduziu em duas zonas públicas de grande dimensão, um jardim verde e uma praça pavimentada, que apesar duma aparente relação de oposição de ocupações, são complementares quando apropriadas pelo utilizador. O jardim assumidamente orgânico possibilita múltiplas experiências e utiliza diferentes elementos multissensoriais como água, topografia, luz, vegetação e relação visual. A praça da Basílica é vista como um elemento regular e geométrico e faz a conexão numa zona de confluência de percursos principais. Assim, a proposta de espaço público e integração paisagística apresentada procuram responder integralmente ao programa, necessidades e especificidades deste tipo de espaços verdes e de utilização coletiva, articulados com toda a envolvente histórica.

Numa localização privilegiada e sensível, apesar da aparente rigidez dos três blocos propostos, o desenho da forma complementa-se com a envolvente nas suas diversas escalas e na subtileza dos alçados, que minimizam o impacto da intervenção. Os edifícios evidenciam o desenho modular estrutural de tipologias desde o T1 ao T4, que procuram adaptar-se a novas famílias, novas formas de habitar e fomentar um sentido de comunidade cada vez mais multicultural, sendo crucial a incorporação de princípios de design circular e de reutilização de materiais, traduzidos em “modelos construtivos adequados para o programa e com sólidos argumentos de sustentabilidade credíveis e exequíveis” ao apostar-se na promoção do bem-estar físico e psicológico dos residentes e utilizadores, e ainda através de estratégias passivas na própria construção do edificado e dos espaços públicos (“rain gardens”; orla arbóreo arbustiva qualificada; redução da exposição visual e sonora, etc).

O escritório de arquitetura MASSLAB alcança assim, uma impressionante sequência de vitórias em concursos arquitetónicos. Desde o início do ano de 2023, o escritório já conquistou seis prémios em diferentes posições geográficas, incluindo Helsínquia, Porto, Maia, Almada, Cascais e, agora, Lisboa.