Apartamento Forno do Tijolo

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O Apartamento Forno do Tijolo cumpria o programa banal do chamado T2, com tudo mais ou menos no lugar esperado: à entrada, a sala abria-se à esquerda, a cozinha fechava-se à direita, em frente uma porta resguardava a zona privada, o hall que dava acesso aos quartos. Tudo com áreas razoáveis, embora com uma tortuosidade ditada pela economia, recantos de condutas e pilares e vicissitudes de (falta de) projecto.

A juntar a isso, os revestimentos, as portas e roupeiros, os armários de cozinha, o equipamento sanitário resultavam da falta de imaginação da indústria da construção em luta com a realidade do apartamento a que tinha que se adaptar. A fraca qualidade dos materiais juntava-se à forma indiferenciada na sua aplicação – o mesmo desenho duvidoso de roupeiros aplicados indiferenciadamente quer fossem na sala ou no quarto, recantos que os armários de cozinha não conseguiam ocupar, portas que ficavam no meio do caminho ao entrar na cozinha.

O resultado era informe, fruto infeliz das circunstâncias que nem o terraço e a vista, por inflacionado que esteja o valor desta nos tempos que correm, pareciam suficientes para redimir.

No entanto, todas as necessidades básicas a suprir por uma habitação estavam asseguradas. O que nos impele a intervir?

Em primeiro lugar, um desejo de ordem.

Demarca-se o espaço de entrada com um revestimento de madeira e uma nova estante que regra a superfície da parede salpicada por equipamentos vários em posições avulsas. Cria-se um recanto para receber um piano.

Hierarquizam-se os espaços e ligações entre os mesmos.

Atribui-se um carácter diferente à zona pública e à zona privada da casa em termos de materiais. A primeira (entrada, sala, cozinha) recebe um pavimento em aglomerado de pedra e cimento, reforçando a sua ligação ao terraço exterior, de pavimento pétreo. O pavimento em madeira reserva-se para a segunda.

Um desejo de beleza?

Na sala, pinta-se o tecto de cor-de-rosa, espelhando os telhados da cidade lá fora, vibrando em contraste com o verde das árvores em frente. A cidade e as árvores espelham-se na parede do hall de entrada, trazendo o exterior para o interior.

A porta para a cozinha rasga-se até ao tecto e passa a ser de correr, reforçando a ligação com a sala. A porta para a zona privada é dissimulada na parede apainelada de madeira, ora ocultando a passagem ora criando uma ligação fluida quando aberta. As restantes portas, da casa de banho e dos quartos, mantêm-se inalteradas, com a escala e importância (e o custo) que se consideraram adequadas.

Aproximam-se as portas dos armários da sala à materialidade das paredes. Nos quartos, as mesmas mal-amadas portas dos roupeiros são substituídas por cortinas, aliando a contenção de custos ao conforto acústico dos espaços.

A casa de banho amplia-se visualmente com a uniformização do material do pavimento e paredes, de cor estival. Abre-se uma janela para a zona da entrada da casa para que entre a luz. À noite, é a entrada que é surpreendentemente iluminada pela luz que vem dessa janela.

Na cozinha, desenham-se armários que resolvem desacertos de paredes, arrumam electrodomésticos, ocupam recantos antes desaproveitados.

No final, tudo ficou na mesma e tudo mudou.

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FICHA TÉCNICA

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Projeto

Apartamento Forno do Tijolo

 

Localização

Lisboa, Portugal

 

Cliente

Privado

 

Arquitetura

joao caetano arquitetura

 

Área de Construção

67 m2

 

Ano do Projeto

2023

 

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