A intervenção no apartamento Palma teve como premissa principal a reestruturação total do espaço existente no sentido de criar uma nova proposta de habitar, mais real, mais fluida e, sobretudo, mais viável aos futuros habitantes. O apartamento existente conformava uma tipologia vulgar dos anos 80, onde a organização espacial se fazia com base na compartimentação dos espaços. A entrada original abria-se para um vestíbulo; a este seguia-se um hall de distribuição tripartida para a zona social, zona íntima e zona de serviços. A partir deste espaço de distribuição central, as diferentes atividades domésticas viviam separadamente.
A proposta passa pela fusão de algumas destas diferentes zonas, no sentido de dar sequência a uma nova vivência doméstica, mais espontânea e natural e menos protocolar. Cria-se, assim, um grande espaço central do habitar, onde tudo acontece. Com este princípio, a casa foi aberta de um extremo (da cozinha) ou outro (da sala comum) num espaço amplo que junta o espaço de serviço com o espaço social e com a zona de entrada da habitação. Para reforçar a existência comum deste grande espaço, a lareira coloca-se simbolicamente como centro unificador espacial e vivencial, visualmente perceptível em todo o espaço comum de estar, trabalhar e receber. Em contrapartida a esta amplitude espacial e vivencial é proposto um conjunto de paredes ocultas e deslizantes que, ao fechar, ajustam os domínios público e privado à medida das atividades pretendidas. Propõe-se, através destes artefactos, dar sustentação às habituais mutações das vivências domésticas diárias do habitante contemporâneo. Além disso, toda a zona dos quartos apresenta uma segmentação relativamente convencional que resguarda o descanso e a intimidade doméstica dos seus habitantes.
A proposta do apartamento de Palma afirma a fluidez espacial e a espontaneidade vivencial, importantes para o habitante dos nossos dias. Desta forma, as actividades domésticas fundem-se com o ócio num viver contínuo e mais liberto de vínculos sociais.
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