O projeto do atelier Apparatus Architects, dos sócios fundadores Gabriella Gama e Filipe Lourenço, convidados em 2019 pela nova administração da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa (ESSCVP) a desenvolver um projeto de reabilitação e ampliação da nova escola no Vale de Alcântara, em Lisboa, Portugal.
O projeto inicialmente consistia na criação de um espaço para uma clínica profissionalizante e, simultaneamente, adquiriu uma nova escalabilidade, quando os arquitetos propuseram a renovação da torre em sua totalidade, além da intervenção e ampliação, até tornar-se um processo de requalificação urbana integrativa capaz de desencadear uma mudança significativa na qualidade de vida dos habitantes do entorno da Escola – antigo edifício Urbiceuta – e que foi ocupado pela ESSCVP nos anos 90.
Tudo começou quando o atelier foi selecionado entre com outros ateliers para a criação de uma clínica de 200m2 no subsolo do edifício. Assim que os arquitetos começaram a desenvolver o projeto se depararam com uma nova direção administrativa jovem e ambiciosa com o desejo de transformar a Escola em um modelo a ser reconhecido à nível europeu no ensino de saúde preventiva. Durante o processo de concorrência, perceberem a potencialidade deste objetivo e a equipa projetista criou um grande projeto de acordo com a necessidade de ampliar e reordenar a estrutura da escola de modo a torná-la o mais funcional e sustentável possível.
Além do projeto arquitetónico
Existiam dois grandes desafios: o primeiro era o de adaptar e valorizar uma torre originalmente de escritórios, transformada em escola, o que é pouco convencional nos formatos de espaços de ensino (geralmente edifícios horizontais), já por si só coloca a ESSCVP numa vanguarda arquitetónica ao explorar a verticalidade e todas suas possibilidades. O segundo desafio, era a presença dessa instituição neste local desvinculado da sua envolvente, mas um potencial catalisador de transformação do bairro, que hoje em dia é predominantemente de construções sociais e com pouca vida urbana de qualidade. A proposta de reabilitação do edifício, feita pelos arquitetos de Apparatus, inclui um projeto de requalificação urbana apostando em espaços aprazíveis e na interação dos habitantes locais com os estudantes da Escola.
O carácter social da Instituição Cruz Vermelha, como promotora de mudança na vida dos habitantes ao seu redor induziu os arquitetos a criar um clima convidativo aberto para atender também às comunidades dos bairros adjacentes.
A ideia é que escola tornar-se-á um forte vetor de transformação no vale do Alcântara pois a zona de implantação onde situa-se a torre se beneficiaria com a execução do Corredor Verde Estruturante, projeto governamental que interliga diferentes zonas da cidade com amplos espaços verdes de conforto e permanência e que passa em frente à ESSCVP.
A ambiciosa proposta do atelier Apparatus Architects, pretende que com o avanço do Corredor já não seja simplesmente uma Escola, mas que se transforme num Campus que trará novas e positivas dinâmicas entre a ESSCVP e a envolvente. O projeto sem dúvidas será uma referência na transformação dos bairros ávidos de revitalização e integração e isso será possível através de uma estratégia urbanística simples: o envolvimento da escola com a população local.
O projeto oferece espaços que aumentarão significativamente a capacidade e recursos, garantindo sua polivalência através de diversos métodos de ensino e aprendizagens e que serão introduzidos e aplicados na própria comunidade.
O projeto da ESSCVP
A Torre Urbiceuta, de estilo brutalista, que hoje dá lugar a Escola da Cruz Vermelha Portuguesa, contempla com todas as renovações previstas uma área total de 18.000 m2. Os arquitetos realizaram um minucioso estudo sobre o atual uso espacial e sobre melhores formas de ocupar e otimizar um programa de necessidades eficiente dentro de uma escola vertical e que responda às demandas dos estudantes e do corpo administrativo.
A decisão projetual do atelier é de valorizar o existente e incluir a restauração e recuperação da fachada que é modular e pré-fabricada, o que permite uma intervenção pontual, alterando o edifício em altura. A torre com essa modificação, torna-se assim, mais organizada, e analogamente se refere a uma coluna clássica, com três elementos principais com diferentes funções: Na Base, um novo acesso de recepção, um átrio que se tornará o novo núcleo do edifício, conectando o programa público ao privado e onde orbitam as grandes infraestruturas tais como clínicas, refeitórios, biblioteca e auditórios para 1800 alunos, além de outras infraestruturas públicas da escola; o Fuste é onde se encontram os blocos de estudos, com aulas e espaços formais e informais; e o Capitel que é dedicado aos professores e a direção da ESSCVP.
A escola é transformada internamente para se adequar as necessidades atuais de uma escola de ensino competitiva a nível internacional, para isso, conta com obter a certificação nZEB (nearly-zero energy building), que outorgará a ESSCVP ser o primeiro edifício em altura ibero-americano a ser autossustentável cumprindo com toda a normativa vigente, isso significa que são edifícios com necessidades quase nulas de energia. Ou seja, são edifícios que por serem tão otimizados, quer do ponto de vista de projeto, quer de construção, quase não precisam de energia para serem utilizados e a pouca energia de que precisam deve advir de fontes renováveis.
Estão previstas 4 etapas de obras, e a maior expectativa é realizá-las sem interromper seu funcionamento. Na primeira fase, estruturação da base do edifício e transformação da rua em praça; na segunda fase, reforço estrutural e os elementos pré-fabricados virão a ser construídos pelo exterior; na terceira fase acontecerá a intervenção da escola existente, piso a piso interior e externamente; e na quarta e última fase, finalizar o capitel e assim criar uma praça com ligação direta com o bairro social.
Essa nova visão, projetada pelo ateliê Apparatus Architects em conjunto com a Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa, instituição de caráter social, estará aberta ao público através da criação de uma clínica profissionalizante ao nível da rua, para atender a comunidade dos bairros sociais envolventes. Aliado ao projeto ao desenvolvimento do Corredor Verde, o novo campus proposto definirá uma nova dinâmica gerando um novo ciclo para o Vale de Alcântara.
https://www.facebook.com/apparatusarch/
https://www.instagram.com/apparatusarchitects/
https://www.linkedin.com/company/apparatus-architects
https://www.pinterest.pt/ApparatusArchitects/
Projeto
ESSCVP
Localização
Alcântara, Lisboa, Portugal
Arquitetura
Apparatus Architects
Arquitectos responsáveis
Gabriella Gama e Filipe Lourenço
Imagens
Apparatus Architects
Área
18.000m2
Ano do projeto
2019