Localizada numa espécie de clareira de chão batido, com densa vegetação ao fundo, a capela se ergue como um bloco sólido cuja volumetria só não é mais simples devido a um pátio ligeiramente elevado que se conecta ao corpo do edifício e dá acesso ao espaço interno.
Os proprietários da ‘Capela do Monte’ chegaram ao Algarve nos anos 80 do século passado e começaram a sonhar com um projeto de turismo rural com responsabilidade ecológica que implicaria o restauro das várias casas existentes na quinta do Monte da Charneca.
Os clientes quiseram que o templo fosse um espaço de “encontro com Deus”, a partir do qual tudo o resto será projetado. Além disso, é sua intensão colocar a nova capela ao serviço da comunidade “para ser utilizada por cristãos, clérigos e leigos”, como um lugar “para contemplação silenciosa, para pequenos cultos, para oração e adoração”.
Silêncio, austeridade, simplicidade, essencial, tranquilidade são expressões que descrevem este projeto de Siza Vieira, projetado para servir de acolhimento ao despojamento espiritual. As linhas retas da pequena ‘Capela do Monte’ que não tem eletricidade nem água canalizada, de 65 metros quadrados e 6,7 metros de altura, implantam-se na paisagem exterior, marcando-a, sem a ferir. Da cor do barro, as paredes exteriores são interrompidas apenas por uma porta lateral de acesso ao interior e por uma janela que, vista do interior, fica por trás do altar.
Passando a porta, entra-se num primeiro espaço com painéis de azulejo onde a singeleza do traço do arquiteto desenhou a Sagrada Família, o batismo de Jesus e a pietà. No interior repleto de luz, o desenho de Siza Vieira materializa-se nos elementos litúrgicos presentes na capela: o altar, a cruz, um banco corrido e seis cadeiras.
O adro tem praticamente a mesma área que o edifício, estendendo-se pela paisagem e reforçando a ligação com o espaço que o rodeia.
Carpintaria
Serafim Pereira Simões Sucessores (Porto)
Fotografia
João Morgado