Casa Campinarana | Laurent Troost
A Amazónia, mais do que qualquer outra área do planeta, requer estratégias arquitetónicas adequadas ao clima. As condições naturais e ambientais são extremas e a proximidade da zona equatorial exige uma arquitetura orientada para o conforto térmico e a sustentabilidade “passiva”, ou seja, implantação adequada, criação de beirais protetores, dimensionamento e orientação das aberturas para a ventilação cruzada, assim como a preservação dos sistemas ecológicos locais.
A preservação e a valorização da Campinarana – tipo de floresta amazónica caraterizada por árvores de pequeno porte, cujo solo é raso e argiloso – foi o ponto de partida para o conceito do projeto. Para minimizar o desmatamento e preservar grande parte da Floresta, a estratégia arquitetónica principal para construção no lote de 20 x 40m, foi a inversão da tipologia habitacional clássica.
Na Casa Campinara os quartos estão localizados no térreo e os ambientes de vida internos, o estar externo e a piscina, estão localizados no pavimento superior.
Para otimizar as relações entre espaços externos e internos e para otimizar a exposição aos fatores climáticos, a casa foi dividida em dois grandes volumes: um longilíneo e outro transversal. O volume longilíneo abriga as funções que não precisam estar protegidas do sol, tais como o acesso, a garagem, o depósito, a piscina, a lavanderia, o quaradouro e a sala de televisão. Já o volume transversal abriga funções que precisam estar protegidas do sol e das chuvas, tais como a sala de estar, de jantar e as suítes.
O volume transversal principal recebeu uma reinterpretação contemporânea dos telhados coloniais, com 8 águas em 2 níveis separados, permitindo a fruição dos ventos e a criação de um colchão de ar, protegendo o conforto térmico do volume de vida do pavimento superior da casa. A largura reduzida do volume principal foi planejada para a garantia da ventilação cruzada em todos os ambientes.
O telhado recebeu platibandas invertidas do lado do sol nascente e do sol poente para maior proteção do sol equatorial. Também houve a preocupação de criar um telhado independente da casa, com a construção de beirais de dois metros ao Norte e ao Sul, suportado apenas por oito apoios em “V”. O telhado, portanto, pode dilatar em função da variação térmica e insolação ao longo do ano, sem comprometer a estrutura da casa.
A escolha do Corten como material do telhado se deu em razão de sua baixa manutenção e de seu caráter evolutivo em harmonia com a Floresta de Campina e seu solo argiloso avermelhado tão presente nas paisagens da Amazónia. Além destes aspectos, a forte indústria de estaleiros de Manaus garantiu uma mão de obra especializada indispensável para este tipo de cobertura.
Com suas janelas deslizantes em dois lados, a sala de vida envidraçada do pavimento superior permite uma integração total com o estar coberto, a piscina e a natureza.
DESTAQUES
Prémio “DEZEEN AWARD 2019”
Prémio “Metal Architecture Design Award 2019”
Prémio “World Architecture Award 30th Cycle”
Prémio “2A Continental Award 2019”
Prémio “Silver A’ Design Award 2019”
Menção Honrosa “Prémio ABCEM 2019”
Finalista “THE PLAN Award 2019”
Nominada ao “Prémio Oscar Niemeyer 2018”
Selecionada para o “Panorama de Obras da XI BIAU – Bienal Internacional de Arquitectura y Urbanismo 2019”
Selecionada Expo “XAMA: 30 anos em 30 obras na Amazónia”
Selecionada para o “Panorama de Obras da XI BIAU – Bienal Internacional de Arquitectura y Urbanismo – 2019”
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Projeto
Casa Campinarana
Localização
Manaus, Amazonas, Brasil
Arquitetura
Laurent Troost Architectures
Autor do Projeto
Laurent Troost
Equipa
Laurent Troost, Raquel Brasil dos Reis
Projeto Estrutural
Eng. Flávio Carvalho
Projetos Complementares
Eng. Raimundo Onety
Paisagismo
Laurent Troost, Hana Eto Gall, Edith Eto Gall
Mobiliário
MMCité, Dellanno
Construção
Helena Rabello, Daniel Herzson
Créditos fotográficos
Leonardo Finotti
Maíra Acayaba
Área construída
366 m²
Área interna
232 m²
Ano do projeto
2012 – 2017
Ano da obra
2016 – 2017