Casa da Costa

Inserida num vale campestre e ladeada pela icónica Serra de Arga em Ponte de Lima, a Casa da Costa vive de uma relação de proximidade com um prado de amplas vistas e com pré-existências vernáculas na vizinhança envolvente.

Este foi o mote que estruturou todo o conceito base da residência, fundindo as características das vivências e pretensões da vida familiar que a habitará, sem nunca esquecer os elementos exteriores de contágio que forçarão, ainda mais, a relação interior / exterior em diversas direções, valorizando todos os espaços do terreno envolvente e promovendo momentos díspares.

A cota do terreno, 3 metros abaixo do nível do arruamento da aldeia, fomentou um acesso pedestre à habitação através da cobertura, acedida por uma passagem suspensa e tirando partido das vistas de campo ao fundo. Este circuito culmina na porta principal da habitação através de umas tradicionais escadas de granito encastradas, elemento presente nos muros dos taludes que moldam a topografia dos terrenos à produção agrícola.

A identidade exterior propagou os paramentos por forma a se fundirem com a poética do sítio, tendo, contudo, a preocupação da simplificação formal do sistema construtivo, recorrendo à incorporação de betão aparente com tabuado rústico, das forras em régua de pinho tosco e o granito da zona, presente, inclusive, na releitura dos esteios das antigas vinhas adjacentes ou nas lajes dos pavimentos das eiras.

Interiormente o programa desenvolveu-se na distribuição do espaço privado a nascente, recebendo o conforto solar dos raios ao despertar do dia, libertando a restante planta para uma ampla zona social intimamente ligada à paisagem e a um restante terreno ávido de um pomar e uma pequena área de cultivo. Porém, todo o programa surge pontuado por permeabilidades a poente, conferindo o conforto da iluminação natural quente do fim de dia, aquando da chegada da família ao lar.

Todo o restante espaço exterior foi solto de pré programação de funções mecanizadas, libertando-o à apropriação familiar e à evolução dos tempos e das idades, tendo o especial cuidado numa delimitação permeável do perímetro através de vegetação, erradicando a rigidez da linha fria de um alto muro rebocado, significado de um corte social que não se pretende num contexto de aldeia.

Espera-se que esta habitação seja fonte de integração rural, dentro de um conjunto disperso mas equilibrado, e que fomente contágios sociais entre uma família citadina e a vizinhança, fazendo-a sentir-se recebida na comunidade.