Casa da Inês

A casa resulta de um exercício de contenção formal, perante um contexto suburbano e a diversidade de linguagens presentes. A modelação do objecto, realizada apenas por subtracção, permitiu controlar as suas proporções e escala, sobretudo na relação com a figura humana.

Atendendo à utilização quotidiana do automóvel, definiu-se a entrada da moradia ao nível da cave, associando os acessos pedonal e motorizado. A localização da garagem, fora da mancha de implantação, permitiu acomodar um espaço polivalente central, valorizando espacial e programaticamente o piso subtérreo. Trata-se de um recinto coberto, de carácter híbrido, em trânsito entre o exterior e o interior.

A casa é conformada por dois estratos, materialmente distintos, em que a cave constitui uma base “maciça e rouca”, que dá suporte a um outro volume, de cor branca, que reúne em si o espaço habitável, mais luminoso e aberto.

Trabalhando o tema de uma “parede espessa”, procura-se proporcionar um maior controlo e diversidade nas relações entre interior e exterior. A profundidade de alguns vãos acentuam as sombras, enquanto pátios e clarabóias capturam a luz solar. Neste exercício, associam-se os armários e as portadas à parede exterior, permitindo controlar a privacidade, regular a luminosidade e o comportamento térmico da casa, bem como acomodar equipamentos e espaço de arrumação.

O projecto fomenta relações espaciais fluídas, ao permitir grande permeabilidade entre espaços. Através de painéis móveis, possibilita-se a regulação de algumas divisões, oferecendo flexibilidade na compartimentação, ajustando a casa a diferentes modos de uso.