O prédio situado na zona de Cedofeita (Porto) era detentor de todas aquelas qualidades próprias de vários edifícios anónimos dos finais do século XIX e início do século XX: boa qualidade construtiva, com paredes em granito e estrutura horizontal em madeira. Mas para além disso, era também detentor de uma história, ela própria igualmente anónima, de várias modificações que procuraram, ao longo dos tempos, ajeitar o prédio às necessidades dos seus utentes.
O resultado final já poucos vestígios apresentava da sua origem, excepto, lá está, a sua qualidade construtiva.
Foi a partir daí que trabalhámos a pensar num programa ambicioso: criar condições de habitabilidade para uma família de cinco elementos, sendo que estaríamos obrigados a criar um espaço de trabalho autónomo para o chefe de família e ainda uma biblioteca. Isto tendo apenas 80m² de implantação e menos de 230m² de área de construção.
Tratando-se de uma família “numerosa” (pelo menos para os padrões contemporâneos, a cozinha e os espaços comuns também exigiam uma abordagem que permitisse um fluxo permanente de pessoas, ao mesmo tempo que protegesse o recato da família. A biblioteca ficou “arrumada” na própria escada, assumindo-se como um elemento estruturador da vivência doméstica e a cozinha instalada num modulo “no meio do caminho”, um local por onde todos têm de passar, residentes ou visitas.
Para além dos espaços interiores, alvo de uma profunda alteração de forma a garantir a execução do programa, o exterior do edifício, sobretudo a fachada tardoz, forma alvo de uma intervenção que visou dotar de conforto térmico e acústico, tendo usado para esse fim, um material bem português, a cortiça, do qual foi possível extraír uma qualidade estética que em muito contribuiu para amenizar a relação do prédio com a envolvente.
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FICHA TÉCNICA
Designação:
Casa de Cedofeita
Ano:
2014
Local:
Porto
Arquitectura[Coordenação]:
Adriana Floret
Arquitectura[Colaboradores]:
Inês Dinis
Estabilidade:
Avelino Santos
Águas:
N40W8 Lda
Fotografia:
João Morgado
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