A Casa do Vigário é um projeto específico e sensível, que remonta a 2008 e concluído no início de 2015.
Na Casa do Vigário a arquitetura é tanto narrativa, como é cenário. O conceito e o gesto são o resultado inevitável do contexto privilegiado em que a nova arquitetura se insere. As ruínas pré-existentes foram a origem fundadora do conceito, estabelecendo as condições para o desenrolar da nova narrativa arquitetónica.
O novo organismo adapta-se às antigas paredes de pedra, preenchendo os espaços intersticiais existentes, unificando a massa e proporcionando um cenário de contraste contra as superfícies ásperas da pedra – a principal personagem da narrativa – num diálogo estreito entre o velho e o novo.
As ruínas de pedra são assim o principal elemento na trama, sendo o novo corpo arquitetónico, por sua vez, um aliado silencioso que procura neutralidade e unificação. Além disso, o novo corpo traduz um gesto que respeita a nostalgia e história do passado, evitando assim a sua perda e sua queda no esquecimento. Ao mesmo tempo, a nova intervenção usa o passado para seu próprio benefício, aproveitando-se da geometria, texturas e propriedades pré-existentes.
O projeto foi desenvolvido em entre 2007 e 2008, sendo que a construção prolongou-se por quase oito anos até 2015, e testemunhou várias paragens e pausas. Esta foi uma arquitetura de maturação, de espera e de exercício lento, tudo a ver com a passagem do tempo.
A primeira fase, relativa à reconstrução, limpeza e consolidação de peças deterioradas das ruínas, tomou praticamente o primeiro ano de trabalhos. O trabalho foi feito com métodos construtivos tradicionais de aparelhamento de pedra, quase perdidos nos dias de hoje, respeitando assim a traça da construção original. Cada fase foi um desafio, alcançados através de uma estreita e dedicada supervisão no local, resultando em muitos casos, em soluções construtivas criadas especificamente para cada caso, devido à natureza singular do edifício.
Casa do Vigário
Localização
Paredes, Portugal
Arquitetura
AND-RÉ
Equipa
Bruno André, Francisco Salgado Ré + Alice Babini, Catarina Fernandes, Rui Israel
Engenharias
Strongaxis
Área
450.0 m2
Ano do projeto
2015
Fotografias
Fernando Guerra | FG+SG