A morfologia do terreno apresenta um desenvolvimento heterogéneo: uma plataforma central de nível envolvida por um talude de rocha natural acentuado, a Norte. A vegetação existente é dispersa, ocupando essencialmente a periferia do Lote. Destaca-se um conjunto de pinheiros, zambujeiros e eucaliptos que se pretende manter e que ordenou, à partida, as cotas altimétricas e o posicionamento da casa.
As construções dos lotes adjacentes não têm confronto directo com a intervenção, visto estarem a cotas distintas e protegidas pela densa arborização.
Conceptualmente pretende-se preservar e incorporar na massa edificada a forte presença dos taludes existentes de rocha natural e articular esta realidade com a volumetria proposta.
A partir de uma composição arquitectónica formalmente regular e leitura compacta, apresenta-se um volume compacto composto por cheio e vazios comunicantes entre si, dependentes do espaço exterior envolvente. A concepção assentou num módulo constante cuja multiplicação regrou a dimensão das aberturas e a posição dos compartimentos.
A volumetria paralelepipédica decorre da vontade de fechar a casa sobre si mesma, prolongando visualmente o espaço interior para o espaço exterior contido. Assumem-se, assim, os pátios como extensão da habitação; vistas estratégicas são abertas para o terreno natural envolvente, tirando partido da vegetação abundantes e da irregularidade da rocha.
O volume é aparentemente maior do que o que realmente é, visto conter a construção e os espaços exteriores de transição.
Alinhado com o portão de entrada no lote desenha-se um percurso que atravessa o edifício, culminando num pátio central quadrangular a partir do qual se fazem todas as entradas. Este caminho decorre da necessidade de dissociar áreas funcionalmente distintas e responsabiliza-se, portanto, pela diferenciação dos volumes ao nível do piso 0 de acordo com a função específica a que se destinam.
Em termos funcionais a moradia desenvolve-se em dois pisos acima de solo e um em cave.
O piso 0 reúne as zonas sociais da casa. A entrada faz-se a partir do pátio exterior de chegada, abrindo-se para um hall de acolhimento totalmente exposto para outro pátio exterior, sobranceiro à piscina.
Fachada Nascente
O hall distribui para a sala de estar, lavabo e sala de jantar, permitindo o acesso ao piso superior através de um lance de escadas. As áreas de serviço desenvolvem-se atrás de outro pátio exterior com o qual a sala de jantar comunica directamente (cozinha e acesso à cave). Ainda neste piso, num volume autónomo resultante do atravessamento pedonal, localiza-se a sala de cinema e jogos, aberta sobre mais um pátio.
Planta pavimento térreo
O piso 1 organiza a área privada da moradia: 3 suites e uma suite principal, que usufrui de um escritório, 2 closets e 2 casas de banho independentes que comunicam com um espaço exterior destinado a jacuzzi. À excepção de um quarto, todos os outros têm um terraço privativo.
A cave está preparada para receber 5 viaturas (mínimo exigido pelo regulamento do condomínio tendo em conta a área de construção prevista) e articula o espaço de garagem com os espaços técnicos de apoio e arrecadações.
Foram privilegiadas em termos de vistas as áreas da sala de estar e jantar, preenchendo estes espaços toda a faixa Poente da casa; os quartos localizam-se nas frentes Sul, Nascente e Poente e as zonas de serviços foram orientadas a Norte.
O acesso automóvel para a área do estacionamento é efectuado através de uma rampa paralela ao percurso pedonal de entrada, acedida pelo arruamento de acesso ao Lote, a Sul. De modo a continuar o talude existente prevê-se a cobertura do patim de chegada da rampa.
De modo a potenciar a unidade pretendida, estende-se o mesmo material à generalidade do volume, diferenciando materialmente apenas as subtracções que deram origem aos diversos pátios propostos. As paredes exteriores são barradas com um reboco delgado à cor cinza, aplicado sobre placas de poliestireno moldado (EPS) e os pátios recorrem à madeira ou à pedra para denunciar o vazio (igualmente aplicados sobre o isolamento).
As caixilharias previstas serão todas em alumínio pintado à cor cinza, acabado a jacto de areia, com vidro duplo de acordo com a especificação do projecto de térmica.
Os quartos possuem estores de rolo pelo interior, de modo a controlar a entrada de luz e garantir a privacidade quando necessário.
Projeto
Quinta Patino
Localização
Quinta Patino, Cascais Portugal
Arquitetura
Frederico Valsassina Arquitectos
Colaboradores
Sofia Salazar Leite, Henrique Oliveira, Rita Sá Nogueira, Rita Gvaião Filipa Ferreira
Arquitetura paisagista
Proap
Fundações e estruturas
Betar
Instalações técnicas especiais
Get
Instalações de hidráulica
Ductos
Acústica
Get
Ano projeto
2010
Conclusão da obra
2012
Fotografias
© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra