Casa Olivais

O projecto Casa Olivais aponta à reabilitação de um apartamento situado nos bairro dos Olivais e tem como foco principal a cozinha, devido à sua peculiar disposição.

Nos anos 60, os bairros dos Olivais começaram a ganhar forma, contribuindo para a expansão da cidade e permitindo a oportunidade de implementação de ideias e linguagens da arquitectura e do urbanismo modernistas

O apartamento em causa situa-se na zona de Olivais Norte, num edifício idealizado pelos arquitetos Braula Reis e João Matoso, que se distingue por constituir a única rua do tipo tradicional.

Isto deve-se à sua tipologia em banda, numa implantação que acompanha a rua, como também à uniformidade do revestimento das fachadas em tijolo e às coberturas inclinada.

O edifício caracteriza-se por ideais do modernismo racionalista e oferece diversos fogos, procurando a melhor orientação solar e aproveitamento do espaço.

Este apartamento corresponde à casa da porteira e foi alvo de várias intervenções avulsas ao longo das decadas, resultando no posicionamento peculiar da cozinha, que acaba por funcionar como um espaço de circulação e entrada na casa.

Assim, a premissa inicial do projecto passava por mediar as diferentes funções inerentes à cozinha com as funções de hall e de passagem. Propõe-se assim um elemento de carpintaria que una e harmonize o espaço, reabilitando e adaptando os módulos da cozinha em conformidade com a zona da entrada.

Este gesto percorre toda a cozinha e estende a sua influência à entrada e à sala, resultando num corpo homogeneo que pretende conectar e ligar os diferentes espaços da casa. O mesmo gesto resolve todos os equipamentos, electrodomesticos e arrumação da casa, oferecendo também o espaço livre e necessário às tarefas domésticas.

A materialidade deste objecto busca referência na cor avermelhada que caracteriza tão fortemente a rua lá fora, remetendo à memória dos revestimentos em tijolo que constrõem este pedaço de cidade.

De resto, a intervenção aponta à reformulação de todas as infra-estruturas e à actualização de todos os acabamentos, buscando uma linguagem de simplicidade e neutralidade que salvaguarde a preponderância e protagonismo da grande carpintaria cor de tijolo.

No fim, pretende-se que a casa possa dar resposta às necessidades do habitar contemporãneo, numa intervenção cirurgica e pontual que evita a demolição da compartimentação existente ou a destruição do funcionamento original da casa. Esta decisão tem por base questões orçamentais, mas também o respeito pelo legado dos autores primeiros.