Casa Parota

Erguida na frente norte do terreno, uma majestosa árvore de parota — com 14 metros de altura — eleva-se como guardiã silenciosa da paisagem e ponto de partida conceptual do projeto. Emblema da região e símbolo de enraizamento, esta árvore centenária não oferece apenas sombra: projeta memória, abrigo e um profundo sentido de pertença.

A parota, também conhecida como guanacaste — do náuatle cuáhuitl nacaztli (“árvore da orelha”) — inspira tanto a forma como a alma da habitação. O seu fruto — uma vagem curva, de presença forte e simétrica — orienta a distribuição arquitetónica da casa: um eixo central vazio, tal como o interior do fruto, a partir do qual os espaços se organizam, envolvendo o núcleo com suavidade e coerência.

A zona diurna (sala de estar, sala de jantar e cozinha) e a zona noturna (quartos e casas de banho) desenvolvem-se a partir deste vazio — um pátio central que representa o coração da casa: lugar de encontro, luz e vida. Este gesto central não só favorece a ventilação cruzada e o contacto com a natureza envolvente, como estabelece também um diálogo emocional com a forma orgânica do fruto que lhe dá nome.

A Casa Parota é o resultado de um processo tão natural como a sementeira: uma colheita de anos de esforço e dedicação por parte de uma família. Tal como os ramos da parota acolhem o gado, as aves e quem procura descanso sob a sua sombra, a casa propõe-se como um refúgio caloroso, generoso e profundamente enraizado no seu lugar.

Cada linha, cada curva, procura integrar-se na topografia, respeitar a árvore existente e prestar homenagem aos avós — figuras que, como a parota, protegem, sustentam e fazem florescer a vida em seu redor.