Casa Silva Porto

 

O contexto do projecto para a Casa Silva Porto coincide com um momento particular em que o Porto iniciava um processo de recuperação generalizado e onde se depositava grandes expectativas no domínio da reabilitação do casario típico portuense. Para o caso particular desta casa procurámos reocupar, reabilitando acima de tudo a identidade do lugar assumindo a cisão temporal impressa pelo novo desenho.

A Casa Silva Porto nasce de uma aproximação sensível à vivência e à natureza informal da casa pré-existente.

O desenho do projecto não esquece a ocupação evidente, pelo contrário: aperfeiçoa a configuração volumétrica dos dois braços construidos que hierarquizam a organização do espaço exterior, resultando no enriquecimento da solução final e no enaltecimento da escala doméstica da entrada que afunila para o coração da casa.

Outra decisão marcante do projecto foi a escavação de meio piso à entrada da casa. Este gesto contribuiu para conferir maior intimidade à sala, caracterizar a sequenciação espacial pré-existente do exterior e obter maior amplitude de desenho para formalizar a identidade final da casa que passa a auferir de um segundo piso adicional, mantendo a cota máxima pré-existente.

A casa assenta sobre uma formação rochosa de granito encostada ao limite do terreno, traduzindo-se numa implantação excecional que introduz dinamismo à urbanização, invertendo a posição do lugar da casa e do espaço exterior que se abre para a rua, convocando e absorvendo os volumes das construções vizinhas no desenho do projecto.

Recuado da frente de rua emerge um monólito branco em estreita comunicação com o lugar. A cobertura desenha uma figura plana inclinada que unifica o desenho da casa e serve-lhe de contraponto a verticalidade de uma chaminé que pontifica o caráter escultórico da casa, onde a lareira se assume como umbral metafórico do abraço convidativo que a casa personifica.