O projeto Casa Gémeas localiza-se em Sesimbra, uma pequena vila de pescadores a sul de Lisboa, num lote invulgar, uma encosta de grandes dimensões a 600 metros do mar, que se estende desde a vila ao castelo, delimitada por um pinhal e uma estrada romana.
A paisagem aqui é de uma beleza cicládica, selvagem, com uma vista deslumbrante sobre o mar. Oliveiras, figueiras e pinheiros crescem sobre um solo de rocha, árido, pontuado por terra vermelha que no passado servia para a agricultura.
As clientes, duas irmãs, pretendiam transformar uma pequena casa construída nos anos 60 em casa de férias, para poderem reunir as famílias e amigos no Verão. Uma casa de férias deve convocar um universo próprio. Can Lis do Jørn Utzon e a Casa Rotonda da Cini Boeri são exemplos disto, casas essenciais, íntimas e generosas, profundamente relacionadas com o sítio e a cultura onde se inserem. Casas onde o tempo passa de forma diferente e nos ajudam a compreender fisicamente onde estamos.
A nossa primeira decisão seria dividir a casa em dois corpos, garantindo autonomia a cada família. Como gémeos, partilhariam as mesmas propriedades e dimensões, mas cada um expressar-se-ia de forma ligeiramente diferente; mais alto, exposto à paisagem, à procura do mar, outro mais recolhido e horizontal, buscando uma relação mais íntima com o terreno em redor.
Não sendo possível ultrapassar 125m² de implantação devido a restrições legais, são introduzidos pátios e é criada uma pérgula em redor dos volumes prolongando os espaços para o exterior, gerando zonas de estar ao ar-livre com vista sobre o mar, cobertas com vegetação, duplicando a área das casas. Esta é uma solução recorrente no universo mediterrânico, onde trepadeiras, vinha e jasmins oferecem sombra e proteção do sol no verão, tornando o interior mais fresco. Suspensas com 6 metros de profundidade, estas estruturas flutuam, uma filigrana de cabos e arames unindo-se num grande espaço de estar exterior onde toda a família se pode encontrar.
Encastrando-se no terreno, as casas surgem como um prolongamento da rocha, invisíveis na encosta. Para conseguir este efeito é utilizado betão com pigmentos castanhos desativado, testado inúmeras vezes até se encontrar uma cor idêntica à da terra em redor. A sua superfície, com os agregados do betão expostos, é simultaneamente áspera e macia ao toque, como uma pedra ou a pele de um animal. Para obter esta textura, todo o betão foi betonado ao anoitecer, utilizando-se um processo químico para retardar a presa, decapando-se a camada superficial na madrugada seguinte.
Construir nesta paisagem implica construir uma atmosfera diferente. Não sendo uma residência permanente convoca-se aqui um universo intenso e cru, mais próximo da terra, feito com matérias-primas em bruto, mineral, rígido e sensual.
No interior reduzem-se ao máximo os elementos. Os materiais são deixados à vista no seu estado natural, apenas as paredes são pintadas. Janelas e portadas correm totalmente para dentro das paredes, transformando toda a casa num espaço exterior. Comer, dormir e tomar banho faz-se ao ar-livre, abrigados do sol, deixando a brisa passar.
http://extrastudio.pt/pt/Projects/casas-gemeas/housing
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Projeto
Casas Gêmeas
Localização
Sesimbra
Arquitetura
Extrastudio
Equipe de Projeto
João Caldeira Ferrão, João Costa Ribeiro, Madalena Atouguia, Daniela Freire, Maria João Oliveira, Sónia Oliveira, Tiago Pinhal, Rui de Jesus, Rita Rodrigues, Sonia Hernansanz
Paisagismo
Oficina dos Jardins Sonia Caldeira, Ines Ferrao
Engenharia Estrutural
PRPC Engenheiros
Canalização
Naproge
Segurança
OHMSOR
Elétrica
OHMSOR
Acústica
OHMSOR
Física de Construção
OHMSOR
Gás
OHMSOR
Construção
Paviana
Mobiliário
Loja Nord + Extrastudio
Fotografias
Fernando Guerra | FG+SG
Área
250 m²
Ano
2019