– O edifício, alvo de intervenção, foi construído no primeiro quartel do séc. XIX no gaveto do quarteirão da rua dos Douradores e a rua de Santa Justa em plena Baixa Pombalina de Lisboa. Em 2016, quando se iniciou o projeto de reabilitação, o edifício encontrava-se praticamente devoluto. Os três apartamentos com moradores eram habitados em condições totalmente precárias. As infraestruturas de águas e eletricidade, que não existiam no edifício original, estavam em total degradação. As condições estruturais do edifício encontravam-se bastante fragilizadas devido à demolição de paredes resistentes ao nível do piso térreo. Estas demolições provocaram o assentamento dos pavimentos de todos os apartamentos, criando desníveis que em alguns compartimentos atingiam 20 cm.
Tirando partido da situação de gaveto do edifício e possuir 2 frentes de rua propôs-se a alteração de dois apartamentos para três apartamentos por piso, mantendo a estrutura Pombalina original de sucessão de espaços.
De modo a responder às exigências contemporâneas de conforto e mobilidade, introduziu-se um elevador numa zona central do edifício, salvaguardando a integridade da caixa de escadas original.
A primeira fase de obra do edifício iniciou-se em 2017 com o objetivo de corrigir as deficiências estruturais, reabilitar a cobertura e uma das lojas do piso térreo. Com a conclusão da primeira fase as obras pararam durante seis meses. Nesse interregno, para além das sondagens estruturais, solicitaram-se sondagens ao nível dos frescos, pinturas parietais e de tetos.
As sondagens parietais vieram a confirmar a existência de sucessivas camadas de frescos e pinturas a têmpera em todos os apartamentos do edifício. Ficou nessa altura evidente que os frescos escondidos durante décadas por trás das sucessivas camadas de pinturas deveriam ser revelados e que a sua preservação era uma das questões mais relevantes de todo o processo de intervenção.
Todo o projeto de execução já desenvolvido teve de ser reajustado para impedir qualquer roço nas paredes, tal como acontece numa obra convencional. Procuraram-se novos caminhos para as infraestruturas nos tetos e nos pavimentos.
Decidiu-se também não proceder ao restauro dos frescos, nem hierarquizar as diferentes campanhas. Optou-se por deixar os vestígios sobrepostos, incompletos, com falhas. Procurou-se expor a complexidade do edifício revelando a multiplicidade das suas transformações ao longo do tempo.
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Projeto
Douradores
Localização
Rua dos Douradores, Lisboa, Portugal
Cliente
Privado
Arquitetura
José Adrião Arquitetos
Coordenação
José Adrião
Chefe de Projeto
Ricardo Aboim Inglez
Equipa
Ana Grácio, Gonçalo Ponces, João Albuquerque Matos, Margarida Pereira, Tomás Forjaz
Estabilidade
Ara – Alves Rodrigues Associados
Especialidades
Pensamento Sustentável
Empresa de Construção 1ª Fase
VPS
Fiscalização 1ª Fase
Teixeira Trigo
Empresa de Construção 2ª Fase
X-Log
Fiscalização 2ª Fase
HP Engenharia
Fotografia Existente
Hugo Santos Silva
Fotografia Obra
Nuno Almendra
Fotografia Concluído
Fernando Guerra
Ano Projeto
2020