O lote previsto para a Escola localiza-se nos subúrbios da cidade do Barreiro. São territórios rurais invadidos por construções recentes que intersectam hortas e canaviais. Dada a predominância de habitação, sem que tenha sido prevista a integração de outras funções, este bairro é actualmente um dormitório com pouca vida urbana. O terreno é contudo bastante interessante: é amplo, com uma pendente suave e bem relacionada com a sua configuração – desnível de 4m entre perímetro a norte e sul – e possui, num dos seus extremos, uma mata densa de sobreiros e pinheiros de porte considerável.
Há projectos que suscitam reacções públicas mesmo antes de existirem. E por vezes é aí que encontram boa parte da sua matéria de reflexão. Esta escola é disso um exemplo. Os moradores do “bairro“ envolvente manifestaram-se contra a sua construção porque pretendiam uma Escola do ensino Básico – transferida para outro local – mas também motivados pelo receio do impacto visual de um edifício de grandes proporções e prevendo que seriam abatidas árvores. Decidiram então contar e marcar todas elas uma a uma.
Procurámos conferir ao edifício um carácter ambíguo. Por um lado “dissipa-se” e aceita a prevalência dos elementos naturais, e por outro, assume a sua presença como elemento artificial, de carácter abstracto. Este princípio é sublinhado pelas opções construtivas: grande bloco antracite, que ao ser seccionado, revela um interior branco. A arquitectura assume num dos extremos do edifício um carácter mais topográfico, em que não se percebe onde realmente começa e acaba a envolvente e um lado oposto com o seu limite mais presente, definido pelo alinhamento dos topos dos diferentes corpos do edifício.
O edifício posiciona-se no centro do terreno, reservou-se o terço a norte para estacionamento e entrada principal, e, a sul a mata deixa de ser uma faixa localizada, estendendo-se agora em redor e sobre o edifício. Do conjunto, ergue-se em altura um corpo do edifício – a zona de docentes – que marca a sua presença a distâncias maiores e configura um novo sinal urbano.
Projeto
Escola Superior de Tecnologia do Barreiro
Localização
Barreiro, Setúbal, Portugal
Cliente
Instituto Politécnico de Setúbal
Projecto
2001-2003
Obra
2005-2007
Arquitetura
ARX Portugal – Arquitectos
Arquitetos responsáveis
José Mateus
Nuno Mateus
Colaboradores
Paulo Rocha, Stefano Riva, Andreia Tomé, Clara Martins, Luís Afonso, Marco Roque Antunes, Nuno Grancho, Pedro Alves, Pedro Dourado, Pedro Sousa, Tânia Pedro, Francisco Marques.
Arquitetura Paisagista
GLOBAL, Arquitectura Paisagista Lda.
Estruturas
TAL PROJECTO, Projectos, Estudos e Serviços de Engenharia Lda.
Instalações e Equipamentos Eléctricos e de Telecomunicações
Instalações e Equipamentos Mecânicos
Segurança Integrada
AT, Serviços de Engenharia Electrotécnica e Electrónica Lda.
Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos
AQUADOMUS, Consultores Lda.
Construtor
Obrecol
Área
10 500 m2
Fotografia
FG + SG – Fotografia de Arquitectura
Fotos . Fernando Guerra | Produção Fotográfica . Sérgio Guerra