Espaço de Apoio à Visitação

O projeto Espaço de Apoio à Visitação desenvolveu-se tendo como base uma antiga escola primária, mais concretamente uma escola primária dos anos do Estado Novo.

Desde uma fase preliminar do processo, mais concretamente após a visita ao local, pensou-se ser crucial a necessidade de manter ao máximo a preexistência tendo que o programa pretendido para a edificação se moldar a este espaço.

Desta forma, houve a necessidade de efetuar algumas alterações na edificação existente. Foi assim proposto que fossem executadas algumas demolições, nomeadamente os espaços de arrumos, os alpendres e as instalações sanitárias, sendo estes claramente espaços de ampliações posteriores à data inicial de construção da edificação.

Com as demolições não se comprometeu o carácter histórico e arquitetónico da edificação. Assim sendo, optou-se por manter toda a estereotomia e materialidade do edificado e na ampliação marcar a diferença pela escolha dos materiais, nomeadamente a cortiça como revestimento exterior com um padrão de diferentes dimensões tanto em altura como em espessura. A escolha deste material foi também pensada como uma alusão aos quadros em cortiça que se usavam nas escolas para a colocação de desenhos, avisos, folha de presenças, entre outros elementos que na altura achassem ser pertinentes.

Ao nível programático a proposta foi pensada da seguinte forma, a edificação existente albergava os espaços privados dos utentes (dormitórios e instalações sanitárias em cada lado do edifício, receção, escadas de acesso e arrumos no espaço central e no Piso 2 quarto e arrumos também em cada lado do edifício), a edificação a ampliar mas ainda “agarrada” ao edifício existente foi colocado o espaço comum (zona de lazer) e na outra parte a ampliar mas separada por um volume envidraçado, foi pensado o refeitório, instalações sanitárias de apoio ao público, zona de entrada, balcão do refeitório, cozinha e respetivos compartimentos de apoio.

Sendo uma edificação do tempo do Estado Novo observou-se uma simetria que marcava tanto ao nível do alçado principal como na sua divisão ao nível de “Sexo Masculino” e “Sexo Feminino”, ponto este que se achou interessante manter, optando-se por manter essa divisão colocando os dormitórios (que funcionam como camaratas, na base de beliches) e as instalações sanitárias para cada género, ou seja, cada género numa parte da edificação, tendo a receção como uma “rótula” de ligação dos espaços.

Os beliches utilizados são totalmente individuais tendo um ponto de luz e eletricidade independentes.

O projeto procurou fomentar a relação dos utilizadores do novo espaço com a comunidade local, através do melhoramento do espaço a Norte onde se encontra uma pequena volumetria para o culto e da sinergia do edifício e os novos espaços exteriores.

O valor arquitetónico da pré-existência foi incorporado na conceção do novo uso. A reconversão funcional não “apaga” a memória do edifício existente, mas valoriza a sua presença na paisagem urbana. Uma antiga escola primária transforma-se num espaço multifacetado com um projeto / obra que pretende ser o mote para revitalização de uma zona/ freguesia periférica ao centro urbano do concelho.

Apesar do novo uso, o valor histórico foi preservado. O imóvel original teve os seus elementos fundamentais preservados, como a fachada principal e a sua distribuição.

Quer no desenho quer na escolha de materiais, procurou-se intervir de forma simples e depurada. Formalmente, a proposta assenta numa linguagem simples com recurso ao menor número de materiais, sendo que todos os materiais escolhidos foram pensados numa relação próxima com o antigo uso da edificação.