Construída entre os anos de 1985 e 1996 pelo mestre português Álvaro Siza, antigo aluno da escola, o conjunto é constituído por 10 volumes distintos entre si, cada um com suas peculiaridades, mas que encontram uma identidade através da cor, opacidade e soluções construtivas.
O programa original da escola incluía instalações de salas de aulas para 500 estudantes, um auditório, administração, uma sala de exposições e uma biblioteca. O arquiteto decidiu fragmentar esse programa em edificações separadas. Na parte sul, com vistas para o Rio Douro, foram implantados os programas de salas de aula e ateliês. Uma característica marcante da obra de Siza, que é de enquadrar magistralmente as vistas que deseja que o observador aprecie, é bastante marcante nesse projeto e, sobretudo, nos volumes de salas de aula. Esses volumes, cuja atividade de projeto carecem de inspiração, tem uma relação forte com o entorno natural da cidade do Porto. São justamente essas aberturas, em conjunto com as proteções solares, que Siza cria uma diferenciação e um movimento entre os volumes.
Quatro torres alinham-se paralelas ao rio. Do outro lado do terreno,no entanto, predominam duas edificações laminares, conectadas por um semi-círculo. No meio do lote surge um grande pátio irregular, quase que triangular. É interessante que o pátio lembra a forma do primeiro pavilhão construído por Siza no terreno, ainda próximo da edificação histórica, e que apresenta uma forma de U com os braços levemente fechados. O jogo entre ângulos retos e oblíquos é bastante presente na obra, sobretudo nas circulações e visuais pretendidos.
Na parte norte do terreno, os volumes lineares são mais opacos, onde Siza implantou as funções mais coletivas, que são o auditório, a sala de exposições e a biblioteca, além da parte administrativa, mais próxima à rodovia vizinha.
O conjunto dos edifícios, ligados entre si por corredores subterrâneos, que constituem a Faculdade, foi fundamentalmente concebido, do ponto de vista estrutural ,como estruturas constituídas por um conjunto de elementos laminares de betão armado, tirando partido da grande resistência e rigidez deste tipo de elementos ,no seu plano. O grande número de consolas e o elevado desenvolvimento de muitos dos vãos nas paredes , tornava necessário o funcionamento como viga dos elementos laminares verticais ou horizontais. As placas de piso são também em betão armado ( maciças, armadas em cruz, dimensionadas por Linhas de Rotura ), conseguindo-se vãos de razoável dimensão com pequenas espessuras, ao tirar partido da sua resistência bi-direcional com, portanto, muito menor deformabilidade.
Existem poucos pilares e raríssimas vigas, fazendo-se a verificação do punçoamento das lajes quando directamente apoiadas nos pilares. No caso dos grandes vãos dos auditórios e outros, adoptou-se a solução de lajes mistas de aço e betão armado. É de referir ainda que esta solução permitiu executar fundação contínua directa com grande rigidez, evitando assentamentos diferenciais muito prováveis atendendo ás caraterísticas dos edifícios e do solo , ou o recurso a fundações indiretas, atendendo a que o solo era constituído por granito muito alterado e com características muito irregulares.
As acções horizontais são resistidas pela malha de paredes de betão armado existentes nas duas direções. Para além destas razões estruturais foi ainda considerado a facilidade que o betão armado permite, de controlar a fendilhação e a deformabilidade, garantindo uma grande durabilidade aos edifícios.
Note-se ainda que a utilização da impermeabilização térmica em toda a envolvente exterior dos edifícios garante uma elevada inércia térmica com menores custos de exploração e evita dilatações térmicas inconvenientes à estrutura.
Com a consciência de que grande parte da interação e da aprendizagem não se dava nas salas de aula e nas bibliotecas, mas, principalmente, nos espaços intermediários, pátios e café, o arquiteto deu grande atenção a isso. Ele projetou a faculdade como uma pequena cidade, aproveitando os desníveis do terreno para criar espaços mais sociais, outros amplos, e outros mais íntimos. Os corredores e rampas que ligam os níveis e os programas funcionam como ruas, e o café e o pátio como praças e parques.
Projeto
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Localização
Porto, Portugal
Arquitetura
Álvaro Siza Vieira
Colaboração
Adalberto Dias
Engenharia
GOP
Área total
8700m2
Ano
1986 – 1992
Fotografias
Fernando Guerra | FG+SG