O mestre disse “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito e quem é desonesto no pouco também é desonesto no muito”. (Lc 16:10).
Moralidade à parte, as ilustrações reconciliam-me com as minhas opções. Respaldam-me a convicção de que o volume da encomenda não é um determinante nem um qualificativo.
Um pequeno trabalho de arquitetura é um convite à rotina do treino, ao aperfeiçoamento dos movimentos, ao exercício da musculatura criativa, ao reforço das aptidões técnicas.
Trata-se da renovação de um apartamento de 100m² dos finais dos anos 80, retalhado em 11 divisões separadas por portas: hall de entrada, corredor, 3 quartos (e apenas 1 armário roupeiro), 2 sanitários (um deles privativo), dispensa, cozinha, lavandaria e sala de estar/jantar – demasiado!
Retomamos a ideia da flexibilidade e do espaço contínuo e propusemos:
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Unificar os espaços sociais e de circulação (cozinha, sala e espaço de distribuição).
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Retirar as portas, rodapés e molduras de madeira e gesso. Demolir paredes e o cerâmico do pavimento.
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Dividir visualmente a cozinha da sala com a interposição de um armário que concentra arrumação, frigorífico, forno e micro-ondas.
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Manter os 3 quartos, dotando cada um com armários, introduzindo portas de correr no interior de perfil das paredes (uma vez abertas tornam o espaço contínuo).
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Dividir de forma salomónica os espaços de banho, mantendo um deles acessível apenas pelo quarto principal.
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Moldar os tetos para que em continuidade com as paredes configurassem a individualidade de cada uso no espaço contínuo.
Elegemos o branco.
Branco é o gesso dos tetos e paredes. De branco se esmaltaram os planos e prismas das carpintarias (as incisões e saliências fizemos em Pau Cetim). Gelidamente branco é o revestimento em Corian da cozinha. Metamorficamente branco manchado de ferro são os revestimentos de pavimentos e paredes na lavandaria, cozinha e sanitários. Apenas uma concessão – um soalho de carvalho.
projeto
L 3 a p a r t
renovação de interiores