Oficina do Brinquedo Tradicional Português

A criação da Oficina do Brinquedo Tradicional visa congregar a vontade dos artesãos, dos valonguenses e do poder local autárquico, traduzindo um sonho muito antigo da população local, com a necessidade de preservar e divulgar uma faceta muito importante da identidade cultural concelhia: a produção do Brinquedo.

O novo espaço está implantado na freguesia de Alfena, que conjuntamente com Ermesinde foram os locais onde se criaram as primeiras fábricas de brinquedo, mantendo-se algumas delas, ainda hoje, em funcionamento, permitindo assim uma ligação umbilical entre o local, as práticas e os seus agentes.

Pretende dar a conhecer um aspeto singular da cultura tradicional concelhia, “o Brinquedo” nas suas diferentes facetas em termos de materiais: pasta de papel, gesso cartonado, celuloide, chapa, madeira e plástico; associando-o ao conhecimento de outros já existentes como a panificação e o fabrico de biscoitos, assim como da extração e transformação da lousa.

Este novo equipamento pretende ser uma criação que dê continuidade à prática de espaços vivos, que o município preconiza, com a dinamização que leva a cabo, com a consecução de visitas guiadas interativas, oficinas formativas, encontros temáticos entre outros.

 

ARQUITETURA

As formas geométricas puras são aquelas que, de algum modo, melhor se identificam com o conceito de “brinquedo”, e foi com base nelas que se partiu para a criação de um conjunto de volumes unificados por uma vasta galeria de acesso, com vista ao cabal aproveitamento de todas as valências que se pretendem colocar em funcionamento e que se distribuem da forma que se passa a descrever pormenorizadamente.

MÓDULO ESFÉRICO

A entrada e saída no edifício far-se-á pelo “módulo esférico”, também designado por “calote”. Neste volume fechado desenvolver-se-á “o foyer” com o espaço receção e atendimento bem como uma sala multiusos – de forma ovalizada (para exposição temporária, formação, palestras, apresentação de documentários, filmes e de qualquer outro tipo de elementos informativos e lúdicos). O vazio da “calote” será preenchido por dois elementos esculturais de grande dimensão, réplicas dos brinquedos tradicionais – o avião e a pombinha, a executar em fibra de vidro.

MÓDULO PARALELEPIPÉDICO

O “módulo paralelepipédico” será constituído por dois pisos, sendo que o térreo evidenciará a recriação de uma oficina de “brinquedos executados em chapa”, e o piso superior os “brinquedos executados em plástico”. Destaque para a exposição da viatura automóvel – a carrinha – antigo meio de transporte para deslocação dos brinquedos já prontos e embalados ao destino final ou à estação de caminho-de-ferro de Campanhã de onde seguiam para todo o país. Esta viatura ainda em funcionamento poderá ser usada como elemento dinamizador.

MÓDULO PIRAMIDAL

No “módulo piramidal” será instalada a oficina dos “brinquedos de madeira” com trabalho ao vivo, assegurado pelos artesãos locais, que mantém o “saber fazer ancestral” deste ofício. No piso inferior desenvolve-se uma área de armazenamento de matéria-prima e de produto final.

MÓDULO ESCOLAR

Este módulo integrará, conforme anteriormente referido, o edifício escolar tipo Estado Novo de dois pisos, que albergará, no piso térreo a componente de formação social e de recriação infantil aberto para o exterior onde serão implantados equipamentos infantis. O piso elevado,
será destinado à zona privada e técnica do edifício para instalação do apoio logístico.

CICLISTA – ELEMENTO SIMBÓLICO

Este núcleo apresentará na fachada da frente urbana a instalação de uma réplica escultural de grandes dimensões do brinquedo “o ciclista”, elemento simbólico deste equipamento

MÓDULO GALERIA MUSEOLÓGICA

O módulo distribuidor será o “elo de ligação e distribuição” entre os diversos “volumes temáticos”. Na essência será uma zona de circulação e distribuição onde serão instaladas as peças “brinquedos” mais representativas de cada tipo em função da natureza dos materiais da sua execução, apresentados sob a forma de registo informativo e documental da evolução do brinquedo ao longo dos tempos.
No final deste “corredor de circulação” prevê-se uma sala específica para eventos paralelos, tais como: exposição temporária de artistas locais, workshop de carisma social, oficina de peças, atividades de dinamização desta temática ou exposição de espólios pessoais.

FAROL – ELEMENTO VERTICAL

Um elemento arquitetónico vertical de grande dimensão, designado por “o farol” será uma referência na paisagem, como um marco identificador deste equipamento. Trata-se de uma coluna de 25 metros de seção piramidal que integrará diversos projetores de iluminação para grande alcance luminotécnico.

O MODELO CONSTRUTIVO

Construtivamente, a intervenção arquitetónica, carateriza-se pelo revestimento exterior das fachadas em chapa de “aço Corten”.
Este material “nobre” evidenciará a memória e referência a uma das matérias-primas empregues no fabrico do brinquedo “a chapa”.

O “aço Corten”, pela sua natureza, cor e textura unificará, visualmente, o conjunto projetado, conferindo a necessária uniformização volumétrica e, em simultâneo, o destaque no tecido urbano envolvente.

A restante área de intervenção será objeto de uma envolvência própria sob a imagem de um “grande jardim público” que poderá ser fruído por toda a população, zona de encontro, lúdico e de lazer entre gerações.

Com este projeto pretendemos recuperar uma tradição, mas inovar com a introdução de trabalho ao vivo, feito por artesãos locais, numa relação de intercâmbio e pareceria com a população jovem e também proporcionando uma oportunidade de integração à mais carenciada.